Depois de conquistar seu quarto título consecutivo de AMA Supercross na classe 450SX no último sábado, 26, Ryan Villopoto conversou com o jornalista Jason Weigandt, da Racer X. RV falou sobre a conquista, confirmou que vai fazer a temporada de motocross, e divagou um pouco sobre comparações com Jeremy McGrath e Ricky Carmichael.
O piloto de apenas 26 anos já é uma lenda. Além dos quatro troféus de AMA SX, tem cinco no AMA Motocross (três na 250 e dois na 450), e mais um título da Costa Oeste de AMA SX na categoria 250. Deve encerrar sua carreira depois da temporada de 2015, conforme seu treinador Aldon Baker relatou em entrevista recente ao BRMX.
Apresentamos abaixo os principais trechos da entrevista desta segunda-feira à Racer X. Villopoto, como sempre, é um tanto sucinto nas suas respostas. Mas, afinal, ele é o campeão e merece todos os holofotes. Acompanhe!
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O que foi diferente neste ano?
Ryan Villopoto: Acho que a concorrência foi mais apertada. Acho que não comecei tão bem como nos anos anteriores. Também não tive uma desvantagem tão grande, de 25 pontos, como no ano passado. Mas as seis primeiras etapas foram difíceis pra mim, e eu não consegui dar meu melhor. Não estava pilotando bem.
Era você o problema?
Ryan Villopoto: Sim, diria que sim. Claro que ainda estávamos trabalhando na prepração da moto e tudo mais. Mas, honestamente, era eu tentando entrar no ritmo. Algumas pequenas mudanças que fizemos na moto durante a pré-temporada, algumas pequenas críticas, isso reflete aqui. Também era eu me acostumando com a moto, que estava mais fácil e melhor de pilotar. Estou pilotando melhor agora.
Tem dois pilotos, McGrath e Carmichael, junto contigo, que podem falar do quanto é difícil viver com esta pressão, de ser obrigado a vencer “independente de qualquer coisa” a cada ano. Como é conviver com isso?
Ryan Villopoto: É difícil… é difícil fazer alguém entender isso. E é mais difícil ainda tentar explicar isso em uma entrevista. Quase sempre é uma conversa mais profunda, e geralmente com alguém que passou pelo mesmo. Explicar em uma entrevista é muito difícil.
Então temos que sentar contigo, Jeremy e Ricky e colocar um gravador, e deixar a conversa fluir.
Ryan Villopoto: Sim. Obviamente seria mais fácil explicar isso para alguém como eles, que passaram por isso. Mas, imagino, olhando de fora também é difícil. São 15 semanas consecutivas, uma de folga, e mais duas na sequência. Com o stress e a pressão dos patrocinadores pessoais, o trabalho do time, de todo mundo que está contigo, das pessoas que o contrataram para ganhar corridas. É bastante peso nos ombros.
Você já falou sobre isso com seu mais novo “melhor amigo”, Casey Stoner (bicampeão mundial de MotoGP que acompanhou de perto as últimas três corridas de RV)?
Ryan Villopoto: Temos conversado muito a respeito, mas acho que qualquer um que está ou esteve no topo de um esporte de motociclismo sabe o que é passar por isso.
Jeremy McGrath é um piloto que você nunca enfrentou. Você é de uma outra geração, mas já pensou sobre isso? “Tipo: uau, estou perto das conquistas de Jeremy McGrath”. É mais fácil comparar você a RC.
Ryan Villopoto: Sim e não. É e não é. Eu poderia apanhar por dizer isso, mas desde que RC deixou o esporte, o esporte mudou bastante. Lá atrás eram quase sempre dois pilotos brigando. Talvez três. Também teve Chad (Reed) e RC. Eram três com James (Stewart) chegando. Ou James e Chad. Mas na maioria das vezes eram só dois. E o restante era mais espalhado, ao ponto de que se um desses caras “ponteiros” caísse ou cometesse um erro, conseguia se recuperar e terminar entre os cinco, ou até mesmo em segundo. Hoje em dia, se você comete um erro ou cai, você terá sorte se conseguir ficar entre os cinco melhores. Se o seu principal adversário vence esta prova, é uma grande diferença na pontuação. Então, como eu disse, posso ser “esbofeteado” por dizer isso, mas muita coisa mudou, especialmente depois que RC deixou esporte. Mas você não pode tirar nada dos caras que ganharam campeonatos, muitos campeonatos, mesmo que “as marés” tenham mudado um pouco.
Você vai correr o Motocross? (O site Vital MX circulou notícias de que RV iria fazer uma cirurgia no joelho e ficaria fora da temporada do AMA Motocross).
Ryan Villopoto: Sim, vou. Você viu algo dizendo o contrário?
Sim, vimos.
Ryan Villopoto: Ah, sim, no (site) Vital MX.
Sim, não que você tenha dito, mas estavam falando a respeito.
Ryan Villopoto: Neste momento posso dizer que vou correr o Motocross.
Sobre a corrida de hoje (sábado), você sempre diz que se uma vitória se apresenta… e nesta noite parece que ela se apresentou bem cedo.
Ryan Villopoto: Sim, conseguimos uma boa largada mais uma vez. Isso torna a corrida muito mais fácil. Fiquei surpreso de como a pista ficou. Não choveu tanto assim, mas choveu, e a terra se comportou bem. Graças ao trabalho do pessoal da Dirt Wurx (que cuida do tratamento da pista), que se não tivesse trabalhado tanto nisso, não teria sido tão bom.
Mesmo com uma boa largada, você foi agressivo no começo, fazendo o triplo depois da linha de chegada.
Ryan Villopoto: Fizemos ele na classificatória. E na volta de apresentação (antes da final) ele não parecia tão liso, e era mais rápido. Então eu acabei fazendo. Acho que em algumas voltas fui por dentro, e parecia devagar.
Teve algumas vezes que você pegou tráfego de retardários neste ponto.
Ryan Villopoto: Sim, e daí não fiz (o triplo). Foram duas vezes. Mas, no geral, era mais rápido fazer o triplo. Como falei, a terra se comportou muito bem e a maioria dos obstáculos continuou sendo possível de saltar, mesmo com a chuva.