Eduardo Erbs: Lites Class marcada pela inconsistência dos ponteiros

||

Huntington Beach (Califórnia) – Sem demora e sem enrolação vamos direto ao assunto desta coluna: Lites Class 
– Costa Oeste. 
Eli Tomac pareceu extremamente dominante e intocável durante três corridas consecutivas – Los Angeles, Oakland e Anaheim 2 – fazendo parecer que o campeonato estaria em pleno controle; até aterrissarmos em San Diego!  

Leia também:
>>> Eduardo Erbs: Back on track

A noite não começou bem para o piloto da Geico Honda, caindo na sua classificatória, tendo que fazer uma corrida de recuperação, acompanhado por Martin Davalos, chegando, respectivamente, em oitavo e nono. 
No Main Event, fazendo mais uma corrida de recuperação, Tomac foi “engolido” pelas costelas e, com fortes dores no cotovelo direito, não conseguiu fazer a sua CRF funcionar depois que seu escapamento se encheu de barro. Com isso, ele abandonou a prova, dando adeus à liderança do campeonato.
:: Assista à queda de Tomac na seção de costelas em San Diego
Já Dean Wilson, que chegou a fazer alguns comentários como se o campeonato já estivesse perdido, comentou à TV norte-americana que estava se sentindo bem e que estava em San Diego para se divertir. 
Segundo ele, seu objetivo não estava mais em buscar resultados, como no início do campeonato! Dean teve um desempenho brilhante, dominando a sua classificatória e o Main Event. Agora, ele lidera o campeonato por dois pontos.

Sem pretensão, Wlson venceu a Lites em San Diego e assumiu a liderança da classificação – Foto: Frank Hoppen / Feld

Marvin Musquin foi outro que não teve muita sorte em San Diego, pois, Eli Tomac cometeu um erro em sua frente, fazendo que o francês caísse e retornasse à corrida nas últimas posições. Com isso, Musquin também dá adeus a chances reais de conquistar o campeonato na Costa-Oeste.
Em um último apanhado geral da Lites, eu gostaria de salientar que, ao contrário da Supercross Class, no qual o principal brilho do campeonato tem sido a consistência dos pilotos de ponta, a Lites vem sido marcada pela inconsistência dos pilotos ponteiros. 
Wilson, Musquin, Rattray, Tomac, Seely tiveram flashes de velocidade e consistência, mas, todos têm sido derrotados por erros e por estarem no lugar errado na hora errada. Ainda com a mesma linha de pensamento, eu tinha um sentimento muito forte que mais cedo ou mais tarde isso aconteceria com um até então quase-imbatível Eli Tomac. Seria só questão de tempo. 
Se vocês notarem mais de perto a pilotagem de Tomac, especialmente nas primeiras voltas, ele vem “over-riding” a pista, o que significa que, às vezes, ele tem um nível de agressividade um tanto exagerado, o que lhe traz erros inesperados e situações de alto risco. Exatamente o que aconteceu com ele em San Diego. 
De um jeito ou de outro, toda essa “inconsistência” vem trazendo ao público um campeonato disputado e emocionante.
Jean Ramos, um motivo para se orgulhar

Jean e Juliano (centro) Ramos encheram os brasileiros de orgulho com o trabalho no AMA SX – Foto: Divulgação

Quando eu era apenas uma criança, fui ensinado que tudo o que era “importado” era melhor! Quando cresci, gostava dos brinquedos importados, depois dos carros importados, tênis importados, óculos de sol importado!

Um grande ensinamento que eu tive morando nos Estados Unidos é entender o orgulho que o americano tem do seu próprio país, dos seus atletas, dos seus soldados e das pessoas que representam as cores americanas ao redor do mundo. 
Isso me fez notar o quanto ignorante eu fui durante todos esses anos por não ter orgulho do meu país, dos meus atletas e de todas as coisas boas que o Brasil me ofereceu durante tantos anos.
O meu ponto é que eu tenho muito orgulho do trabalho que o Jean e seu irmão Juliano fizeram por aqui! Com muita humildade, dedicação e força de vontade eles fizeram história para o motociclismo brasileiro. Nesta quarta-feira, 15 de fevereiro, voltam ao Brasil, com mais experiência, com uma sensação de dever cumprido, porém, com a incerteza de um futuro para 2012! 
Jean foi o único campeão brasileiro pela Honda em 2011 na modalidade de motocross e o primeiro a ser dispensado da equipe. Além disso, me aborrece um pouco quando algumas equipes acabam contratando pilotos estrangeiros que, talvez, tragam a sensação de “ter um piloto importado” e se esquecem de pensar nos atletas que estão logo ali, diante do seu nariz
Essas equipes, pelo contrário, vão promover atletas de outros países para pessoas que muitas vezes são incapazes de pronunciar o próprio nome do mesmo. Mas, que dão mais valor a essas pessoas do que profissionais como o Jean, que foi em busca dos seus sonhos e nos representou muito bem mundo a fora!
Falo isso, pois pude conhecer, interagir e assistir ao Jean fazer três Main Events e é muito gratificante dizer a todos os meus amigos norte-americanos: “That guy, the #992, is Brazilian. He is my friend, and he just got to make it into the Main Event! “
Parabéns Jean e boa sorte!!!!

Nesta quinta-feira, 16 de fevereiro, volto com “Outras observações”. Até lá!