Foi praticamente impossível não se surpreender com a vitória de Colt Nichols na categoria 250SX Costa Oeste, durante a abertura do AMA Supercross 2019 em Anaheim, no último sábado.
O cara simplesmente ignorou o favoritismo de seus principais adversários, largando na frente e liderando todas as voltas durante os 15 minutos de Main Event, até a bandeira quadriculada.
Mas por que a vitória de Justin Barcia na categoria 450SX foi ainda mais surpreendente?
Não que ele seja uma “zebra” entre os favoritos na disputa pelo título (e ele não é mesmo).
Mas queremos chamar a atenção pela forma como ele venceu e a sua postura durante todo o sábado.
Nós já sabemos que Barcia possui um talento diferenciado em condições lamacentas, como foi a corrida em Anaheim.
Ele venceu a etapa final do AMA Motocross 2018, que também foi na lama.
Sua última vitória no AMA Supercross havia sido em 2013, na etapa de Seattle, e advinha? Havia chovido e tinha lama por toda a parte!
Barcia foi criado em Nova York, por isso entende da arte de disputar uma corrida sob chuva e lama.
Mas ele poderia facilmente ter vencido esta corrida em condições secas.
Quando a pista estava seca, durante os treinos classificatórios, ele estava o tempo todo brigando pela volta mais rápida, mas o que impressionou foi mais do que apenas a sua velocidade.
O estilo de pilotagem de Barcia geralmente parece rápido e arrojado (para não dizer agressivo), mas raramente parece tão preciso.
Em todos os setores da pista ele parecia saber exatamente onde queria ir, encaixando as sequências de obstáculos com uma precisão absurda, e não apenas saltando e aterrissando onde fosse possível, na ânsia de tentar uma volta rápida, como geralmente acontece.
Seus movimentos pareciam planejados e calculados.
Erros de “timing” foram raríssimos de se ver.
Barcia parecia estar no ápice do conforto e da confiança com sua pilotagem, algo que não é muito comum entre pilotos que disputam uma abertura de AMA Supercross em Anaheim, já que, por ser a primeira etapa, os nervos costumam estar a flor da pele.
Na entrevista coletiva depois da corrida ele até admitiu que estava nervoso, mas que se acalmou em sua bateria classificatória “desacelerando para ir mais rápido”.
Tal calmaria pôde ser notada durante o Main Event, quando largou na terceira posição, permanecendo nela por um bom tempo e esperando o momento certo para atacar e fazer as ultrapassagens, até assumir a liderança (essa cautela excessiva foi notada em praticamente todos os pilotos, talvez devido as condições em que a corrida foi disputada).
– Esta foi uma noite boa porque andei em terceiro por muito tempo, tentando manter a consistência e inteligência. Fiquei meio que orgulhoso de mim mesmo porque geralmente eu costumo ficar apressado nessas situações, querendo alcançar a liderança rapidamente, mas permaneci calmo e fiz as ultrapassagens nos momentos certos – disse Barcia.
Vale lembrar que na vitória em Seattle, em 2013, Barcia fez o holeshot e venceu de ponta a ponta.
E sua vitória em Anaheim quebrou um tabu importante, e não apenas o jejum de seis anos do próprio piloto.
A Yamaha não vencia uma etapa do AMA Supercross na categoria 450SX desde 2012, com James Stewart em Daytona.
Levando em conta a importância desta vitória para a Yamaha e o jejum de seis anos do próprio Barcia, chama a atenção o fato dele não ter comemorado de forma tão entusiástica.
Mas tudo bem.
O fato é que neste sábado, 12, o campeonato prossegue com a segunda etapa em Glendale, no Arizona, provavelmente em condições secas.
E as perguntas que ficam são: será que Barcia vai conseguir manter a calma na briga pelas vitórias (e consequentemente pelo título)?
Ou será que os outros favoritos (Roczen, Tomac e Anderson) vão tomar as rédeas da situação (vale esta mesma pergunta para Colt Nichols e seus principais adversários na 250SX Costa Oeste)?
Aguardemos os próximos capítulos!