Calma. Não é o fundo do poço como parece. O título da matéria é um tanto assustador – apesar de Jeremy McGrath ter mesmo dito isso -, mas o fato é que “The King” está sentido falta de jovens talentos, principalmente os populares, estrelas, superstars (como ele foi) no motocross atual.
McGrath foi para muitos o melhor piloto de supercross da história. E sempre foi polêmico e “falador”. Durante a década de 90, dominou o esporte praticado dentro de estádios nos Estados Unidos e por isso é considerado o grande responsável por elevar o AMA SX ao nível de um show, um espetáculo.
“The King” tem sete títulos no AMA Supercross na classe principal e um no AMA Motocross. Possui o recorde de número de vitórias em corridas na categoria principal do AMA SX, com 72 conquistas, e ainda está longe de ser alcançado (Bubba, em segundo, tem 50. Carmichael, em terceiro, tem 48).
Ao longo de sua carreira, Jeremy colecionou aparições em comerciais e programas famosos de TV, como o Tonight Show de Jay Leno, da NBC, além de aparecer em várias matérias de jornais e revistas durante seus dias como “O Rei do Supercross”. No período máximo de sua popularidade, jogos de videogame com a sua “marca” estavam entre os mais vendidos.
Talvez por ter sido tão popstar, McGrath diz que sente falta de novas estrelas no esporte. Na entrevista a seguir, concedida ao site norte-americano Racer X, ele fala sobre o momento atual do esporte e sobre os pilotos da nova geração, além de dar pitacos sobre Villopoto e outras cositas más.
É sempre bom saber o que o “rei” pensa. Confira!
Jeremy, qual sua opinião sobre o motocross atualmente?
McGrath: Na minha opinião, o motocross está num estado desastroso (risos).
É mesmo?
McGrath: Veja, sou um grande fã. Amo isto. É meu passatempo predileto. Amo motocross. Amo Supercross. Parece que todos os acordos feitos cinco ou seis anos atrás não estão a altura. O impacto que estes jovens tiveram sobre o esporte como um todo, deixou a todos coçando as cabeças. Você sabe, há alguns superstars lá. Obviamente, Ryan Dungey é um deles. Ele está fazendo o trabalho dele, crescendo. Depois, um cara que me deixa impressionado é Weston Peick. Olhe para esse cara, ele está trabalhando duro, está obtendo todos estes bons resultados enquanto todos achavam que ele não conseguiria.
Ele lembra um pouco o Jeff Stanton.
McGrath: Adoro Jeff Stanton. Realmente lembra ele. Acho que se Peick não estivesse competindo, não teríamos muito entretenimento neste momento. Você não pode deixar de ficar impressionado com um cara como Marvin Musquin, que é um garoto talentoso, com certeza. Em minha opinião, estamos acostumados a ter todos aqueles superstars, agora todos parecem estar na mesma. E com certeza parece como ano passado, quando fizemos aquela outra entrevista antes da temporada, em que parecia que Roczen iria ser o grande destaque. Vieram com grandes contratos e o incluíram, mas o desempenho dele não está sendo aquele que ele queria. Quer dizer, você tem o poder de Carey Hart, Ricky Carmichel e Roczen. Deveria ser o céu, certo? Mas não é. Vários pilotos mais velhos acharam que Roczen se destacaria, mas não está dando muito certo. Dungey está deixando todos para trás, e Eli Tomac está esmagando eles (neste início de temporada). Tomac está finalmente encontrando seu caminho (a entrevista foi antes da queda que tirou o piloto da temporada). Finalmente! Mas todos os outros ainda estão em fase inicial. Como um fã do esporte, eu só gostaria que pudéssemos ver mais.
Você falou sobre Dungey, Musquin e Tomac. Tem mais alguém que te impressionou? Alguém mais que se destacou?
McGrath: Sim, para mim, Dungey conseguiu fazer uma campanha impressionante no Supercross, a melhor dele até aqui em sua carreira. Para mim, foi incrível. Ele realmente foi bem. Provavelmente ele se sentiu muito aliviado porque o título que ele tinha até aqui (2010), tinha um “asterisco”. Mas não este ano. Ele dominou. Foi muito bom de ver.
Estou um pouco chateado por Trey Canard, e tinha grandes esperanças por Millsaps no supercross. Infelizmente não deu. Agora, no motocross, vejo Jeremy Martin. Ele é certamente o garoto mais forte, está dominando estes caras. Semana passada ele teve problemas, mas pilotou bem.
Fiquei bastante impressionado com Blake Baggett este ano. Para alguém que era cotado para estar fora das grandes disputas, ele vem andando muito bem – mesmo no supercross. Mas você vê o time de Mitch (Payton, da Pro Circuit Kawasaki), a equipe GEICO Honda, todos os jovens que estão nestes times estão “batendo na trave”. Eles não estão bem. Até houve alguns momentos de brilhantismo, mas nada além disso.
Novamente, quero ver mais jovens talentosos, não estou tentando colocá-los para baixo, mas a verdade é que todos estão errando. Justin Hill, por exemplo, ele finalmente pilotou bem, mas ele precisou do que, seis meses para estar no auge? Jessy Nelson está indo muito bem. Shane McElrath está muito bem também. Sabe o que mais? Eles estão na equipe de Troy Lee, que supostamente é uma equipe satélite. Eles estão começando a ter o apoio de fábrica agora, e estes pilotos já estavam lá antes. Estes caras estão exatamente no lugar onde deveriam estar. São as equipes de fábrica que estão tendo problemas.
Mudando um pouco de assunto, James Stewart e Ryan Villopoto não estão competindo nos Estados Unidos neste ano, qual o impacto disso para o esporte americano?
McGrath: É enorme. Você sabe, ame ou odeie, todos querem ver James pilotando. É ruim que ele não esteja pilotando agora. É algo muito grave, e ninguém sabe muito bem o que aconteceu. E RV foi nosso superstar. Ele foi quatro vezes campeão do supercross antes de partir para os GPs, que infelizmente não deu muito certo para ele. Nosso esporte, como um todo, teve grande sucesso com estes caras que estão fora agora.
Qual a sua opinião sobre a temporada de Ryan Villopoto no Mundial de Motocross? Você assistiu alguma corrida?
McGrath: Assisti algumas, e das que assisti, vi que ele estava bem, principalmente quando ganhou a segunda rodada (na Tailândia). Mas me parece que ele está tratando isto como férias, como uma volta de comemoração. Infelizmente, e as pessoas vão se lembrar disto, ele é um campeão, e tem a opção pular fora quando desejar. E nada apaga o que ele já fez. O cara é um “fodão”.
Há uma teoria por aí, que os caras do MXGP são pilotos de motocross em tempo integral, enquanto os pilotos americanos são pilotos de supercross em tempo integral. Você acha que isto é verdade?
McGrath: Acho que sim. Esta é a verdade. Tudo que estes caras (na Europa) fazem é motocross.
O que você acha do AMA Motocross?
McGrath: Amo isto. É o lugar onde os homens são formados. Fui julgado por não ter dado atenção suficiente ao motocross, ou de não ter sido tantas vezes campeão, eu entendo isto agora. É engraçado porque no supercross o título vinha fácil, mas quando ganhava uma corrida de motocross, parecia trabalho. Era como se, tipo, agora sim eu tinha feito alguma coisa. A capacidade desses caras vencerem como fazem no MX é impressionante, mas eu ainda gostaria de ver alguém – um novo piloto – que seja o destaque, o cara popular. Mas não há um sequer agora.
Como você vê o futuro do nosso esporte?
McGrath: Bem, o futuro é bom. O motocross é um esporte saudável. Tem muitas crianças surgindo, e que são muito bons. É que estamos esperando que um deles seja o destaque, popular. Só precisamos ser pacientes.
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