Antes de voltar para o aconchego dos braços de sua namorada e sua casa em Curitiba, Paraná, Jean Ramos conversou com o BRMX e respondeu a dez perguntas direto da Califórnia, Estados Unidos.
Sozinho desde o dia seguinte a etapa de San Diego, quando fez sua última participação no AMA SX 2013 (pelo menos por enquanto), Jean revela que sua rotina mudou, pois agora é piloto, mecânico, cozinheiro, motorista e precisa se virar sem a ajuda do irmão Juliano. Além disso, seu foco agora está no motocross, na temporada brasileira, na moto de 450cc.
Jean participou de seis etapas do AMA SX 2013 na classe 250, conforme planejado. “Saiu” o campeonato quando estava na 19ª colocação da classificação, empatado com Jake Canada, na frente de Michael Leib. Seu melhor resultado foi o 14º lugar conquistado em San Diego.
Leia a seguir as respostas de Jean, e deixe seu comentário ao final do texto. Depois da boa participação no AMA SX, Jean Ramos é candidato ao título do Brasileiro de Motocross 2013?
BRMX: Fim dos trabalhos. Seis etapas, quatro Main Events, dois TOP 15. O que faltou para ser perfeito?
Jean Ramos: Faltou pouco. Faltou experiência e paciência. Cometi muitos erros durante as corridas e isso me custou segundos preciosos e duas vagas em Main Events. Nos treinos, tudo rendia muito bem, porém nas corridas eu ainda errava muito e perdia tempo. Aqui, cada décimo de segundo é fundamental.
BRMX: Se passaram dois meses desde que você chegou aos EUA. Qual foi a maior dificuldade deste período?
Jean Ramos: Tudo na vida não é fácil, mas aqui as coisas são realmente difíceis e frustrantes. Motocross e supercross aqui são totalmente diferentes do Brasil. Levei muito tempo para me adaptar ao sistema deles e o jeito certo de se fazer as coisas. Quando comecei a entrar no ritmo, já estava na hora de ir embora pra casa.
BRMX: E qual foi o maior aprendizado?
Jean Ramos: Aprendizado aqui é constante. Não tenho regalia nenhuma. Aqui é você e Deus. Se você quer algo, tem que correr atrás. Não tem seus pais para fazerem isso para você. Aí se começa a dar valor e importância a muita coisa, tanto na vida quanto no motocross. Experiência nesses dois meses é algo que não faltou.
BRMX: Você começou no alto e depois deu uma caída em Oakland e A2, quando não se classificou. Em algum momento, mesmo que sem querer, isso abalou e você, lá no íntimo, pensou que as coisas não dariam mais certo?
Jean Ramos: Eu comecei muito bem. Por isso, botei muita pressão em mim mesmo, pois não queria mais ser o cara que vinha lá de trás ganhando posições dos pilotos que haviam caído, eu queria brigar com o pelotão. Me cobrei muito e as coisas começaram a escapar por pequenos detalhes. Trabalhei duro nos meus pontos fracos e voltei para os meus objetivos e, ao mesmo tempo, relaxei, tirei essa carga. Foi quando as coisas começaram a melhorar, inclusive minha pilotagem.
BRMX: Aí veio o reconhecimento, inclusive da imprensa estadunidense. Hoje você deixou de ser um “anônimo” no AMA SX. Ninguém lhe fez proposta ou mostrou interesse para integrar um time no outdoor? Não seria interesse da própria X Motos, que teve um bom retorno de mídia com o SX?
Jean Ramos: Minhas últimas corridas foram ótimas e San Diego foi muito bom para mim. As coisas aqui são bem diferentes, pois o país está em crise e esse ano muitas equipes fecharam. Já eram poucas, agora tem menos ainda. Meus resultados começaram a aparecer, mas eu tenho muito no que melhorar aqui para ter uma oportunidade em alguma equipe boa. Se eu continuasse aqui e fizesse mais três resultados expressivos, poderia pintar alguma coisa. Mas no momento nada apareceu, e os contatos que eu tive também estão na mesma situação, procurando uma forma para continuar o campeonato.
BRMX: Você já está treinando motocross de 450cc para se preparar par a temporada brasileira?
Jean Ramos: Sim, eu comprei uma 450F e já vinha fazendo alguns treinos no motocross. Agora estou focado 100% no MX. Estou sozinho aqui na Califórnia, já que meu irmão voltou para o Brasil logo após a última prova. Agora sou piloto, mecânico, cozinheiro e tudo mais. Está sendo um outro aprendizado.
BRMX: Que dia você volta para o Brasil?
Jean Ramos: Minha volta está programada para o dia 27 de fevereiro.
BRMX: Já está certa sua participação nas últimas três etapas do AMA SX?
Jean Ramos: Estou tentando viabilizar, pois o projeto inicial era só as seis primeiras etapas. Agora que o calendário no Brasil não vai coincidir, vou tentar viabilizar essa vinda para as últimas três etapas e talvez a abertura do AMA Motocross junto a X-Motos do Brasil. Espero que dê tudo certo.
BRMX: A título de curiosidade, qual é o piloto (ou a pessoa) mais gente boa do AMA SX?
Jean Ramos: Eu sou muito tímido, então é difícil falar com os principais pilotos aqui. Muitos são bem “estrelinhas”, mas têm algumas exceções como Trey Canard e Kevin Windham, que sempre vão te dar atenção quando você for falar com eles.
BRMX: E qual o piloto mais “metido”, que não dá abertura nunca para um bate-papo?
Jean Ramos: Tem muitos pilotos fechados. Os pilotos da Lites Class (250SX) são mais metidos. Já o pessoal da 450 é mais acessível.
BRMX: Pra encerrar. Você volta ao Brasil com moral para disputar o título do Brasileiro, apesar de estarmos falando de motocross e não de supercross, de 250 e não de 450. Aceita o rótulo de favorito? Acha que em Carlos Barbosa, na abertura, você será um dos alvos? Quem serão seus principais oponentes?
Jean Ramos: Estou trabalhando duro e treinando para estar na briga entre esses pilotos. Acredito que estou preparado para entrar de igual para igual. Meu objetivo é ser campeão e sei que sou capaz disso. Meus principais adversários serão os mesmos do ano passado: Campano, Balbi, Adam, Leandro, Wellington e Machito.