Eli Tomac: o típico American Boy

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Caçar alces para relaxar está na lista de afazeres de Eli Tomac – Foto: Supercrossonline

 

Os Estados Unidos continuam produzindo talentos fenomenais para corridas off-road, e um deles é Eli Tomac, famoso por suas habilidades e pela estreia como profissional com vitória em Hangtown, em 2010. Seu crescimento para se tornar um dos melhores e mais importantes no AMA era completamente esperado. Hoje, com apenas 20 anos de idade e títulos no supercross e no motocross, o #17 deixou para trás uma longa temporada de 2013. Além de bons resultados, vai se lembrar deste ano com carinho, já que representou seu país pela primeira vez no Motocross das Nações. Conheça um pouco mais sobre Eli, nas palavras do próprio:

2013 foi quase perfeito pra mim. Fiquei muito perto de conquistar o título no Supercross, e Kenny (Roczen) lutou até o último momento. Mas eu cometi alguns erros, como os acidentes em Oakland e Seattle, e acabei ficando para trás. Em séries curtas como esta, você deve estar sempre em cima da moto… Isso realmente me custou caro. Tentamos ao máximo – terminamos em segundo – e então fomos para o motocross, onde eu não comecei muito bem, mas depois da metade as coisas começaram a melhorar. Tudo começou a se encaixar para mim. Do conjunto da moto, passando pelos treinamentos e adquirindo mais experiência. Era o meu quarto ano no circuito de 250 e a experiência que consegui nesse tempo me ajudou bastante para ganhar o campeonato. E ficar mais velho ajuda também!

Você está sempre disputando o título com alguém, então baixar a guarda não é uma opção. A não ser que seu nome seja Carmichael, ninguém consegue ganhar o campeonato americano sem dificuldades. No ano passado era Blake Baggett que estava brigando pelas vitórias, e nessa temporada era eu e o Kenny. Alguém sempre está melhorando seu nível. Eu estive saudável o ano todo, isso foi bom e eu não tive de lidar com contusões chatas. Se você faz todas as corridas de supercross na 450 e o motocross, são 29 finais de semana correndo. Somando ainda a Monster Cup e talvez o Nações, é importante não fazer nenhuma estupidez (para aguentar a temporada inteira).

Minha melhor corrida no ano? Cara, me senti muito bem no Main Event de Las Vegas. Foi o principal evento da Costa Oeste. Acabei vencendo, mas o Kenny chegou em segundo e ganhou o título. Estava me sentindo muito bem nessa corrida. Tive que fazer as coisas acontecerem sob pressão, e foi uma sensação muito boa; gosto de lidar com estas situações. Algumas das últimas etapas de motocross, onde eu fiz 1-1, também foram legais.

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Se você não é Carmichael, é melhor se preparar bem – Foto: Alli Sports

 

Quando eu comecei a minha carreira profissional, achava que era um cara mais de SX, só porque eu sofria com o calor nas corridas externas, e acabava apenas tentando chegar até o final de cada bateria. Demorou algum tempo (e ganhar alguns anos de idade) para me acostumar com isso, além de conseguir ficar mais forte. Hoje sinto que tenho o mesmo nível em pistas cobertas ou ao ar livre, e isso foi uma das coisas boas dessa temporada: consegui alcançar bons resultados nas duas situações. Ninguém é perfeito, e acho que posso melhorar um pouco as minhas largadas. Melhorei elas perto do final da temporada na 250. Acho que vou melhorar ainda mais esse aspecto na 450.

A 450 é uma grande mudança, mas tendo alguns dias para treinar nelas, me sinto em casa. Mesmo assim, é algo meio distante pra mim. Gosto da coisa de freio-motor. A 250 é bem mais fácil para o piloto lidar, digamos assim.

Hangtown (primeira vitória da carreira) parece que foi há bastante tempo, e quando olho para trás, eu estava com muita adrenalina naquele dia! Os dois anos depois daquilo foram bem difíceis para mim. Quando eu finalmente comecei a ganhar nesta última temporada, fiquei tipo ‘cara, já tava na hora’! Não consigo acreditar que fiz aquilo (ganhar em Hangtown) quando tinha dezessete anos. Eu queria qualquer tipo de vitória, e num primeiro momento achei que aquele triunfo ia colocar muita pressão em mim. Hoje vejo que me ajudou a encontrar a maneira de alcançar um nível mais alto. Quero correr e lutar pela liderança e por lugares nos pódios o maior número de vezes possíveis. Se eu chegar ao nível de ser derrotado sempre, não consigo me enxergar só correndo por correr, tentando ficar em quinto. Vou continuar acelerando para melhorar sempre.

Eu vejo um pouco de Fórmula 1 e MotoGP e às vezes dou uma olhada nos resultados do MXGP. Não sou totalmente bitolado na nossa realidade (AMA), e até por isso não entro tanto nos sites que cobrem nosso campeonato. Ficaria maluco conferindo e lendo as mesmas coisas todos os dias. Gosto de ter várias informações diferentes e assistir a outros esportes.

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Em 2014, a temporada será de 450 – Foto: Alli Sports

 

Não sei se eu deixaria os Estados Unidos para correr a temporada inteira. Não me importo de ficar na Europa uma semana ou duas, mas sou um cara caseiro. Gosto da minha terra! Seria difícil fazer uma temporada inteira. Penso que você deve ser totalmente dedicado a este estilo de vida (de piloto profissional). O estilo de vida americano, quando se trata de pilotar motocicletas de corrida, é muito exigente. Não sei, sinto que é diferente. É bom ser conhecido mundialmente… Quero ser reconhecido como alguém respeitoso, especialmente com os fãs. Quando falamos do trabalho propriamente dito, também acho que isso (ser conhecido no mundo todo) ajuda na carreira. É bom aumentar seu currículo. Não dá pra ser muito tímido, nem muito egoísta.

Eu adoro o Paris Bercy Supercross! A única razão pela qual eu não participarei em 2013 foi por causa do Motocross das Nações. Em 2012 corri em Genoa e Bercy, mas agora tenho de correr 17 etapas de supercross e todo o AMA MX em 2014, e com isso são muitas corridas e viagens. Se eu for pra França, terei um calendário sem nenhuma folga, e para aguentar o ano você precisa de tempo para se recuperar e descansar.

O time GEICO Honda é uma boa equipe e uma chance de conseguir mais projeção. Foi onde eu comecei e estarei com eles na 450, com apoio total da Honda para 2014. Está tudo indo muito bem e a transição está sendo bem tranquila. Teremos uma parte separada que cuidará do conjunto da 450, e liderar isso é bem legal. Faremos muitos testes para supercross nas pistas de teste.

O que eu faço quando tenho uma semana de folga? Bem, depois da etapa de Lake Elsinore (última rodada do AMA MX) eu fui caçar alces! Caço com arco e flecha, arcos de tiros, e tento fazer isso do jeito ‘real’. Acabei caçando um alce bem grande! Conseguir isso envolve toda a preparação, seguir o animal, se esconder. Eu jogo bastante golfe também. Meu nível é bom. Golfe e Motocross são esportes completamente opostos. No campo de golfe não há nenhum som, muito menos 120 decibéis explodindo em seus ouvidos! É ótimo porque dá para se desligar de tudo.

 

* Esta é mais uma matéria da OTOR Magazine, revista europeia parceira do BRMX