OPINIÃO: Bayle, Herlings, Balbi e Sulzbacher opinam sobre a aposentadoria de Ryan Villopoto

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A aposentadoria de Ryan Villopoto segue movimentando as rodas de conversa. Pilotos profissionais, fãs, envolvidos ou não com a indústria, todos têm uma opinião, algo a dizer. Anderson Cidade já passou aqui e deixou seu comentário, e agora vem mais.

O BRMX imaginou uma mesa de bate-papo com três grandes nomes da história do motocross e um aficionado por esporte. O campeão mundial de 1989 e atual chefe de equipe da Honda na MXGP, Jean Michel Bayle, e o bicampeão mundial na MX2, Jeffrey Herlings, contribuíram publicando suas opiniões em seus perfis de Facebook. Balbi Junior, 18 anos de carreira, tetracampeão brasileiro de motocross e o brasileiro com a maior experiência internacional, e o “louco por mx” e uma espécie de “enciclopédia ambulante de esportes”, Eduardo Sulzbacher, contribuíram em entrevista ao site.

Confira!

 

Jean Michel Bayle

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JMB – Foto: HRC

 

“Eu gostei quando ele veio para a Europa. Gostei de ver ele competir na dificuldade. Mesmo perdendo, ele continuava sendo para mim o “grande RV2”. Hoje, vejo este lamentável fim e nada digno final de carreira para um grande campeão. Ele poderia encerrar correndo os GPs do México e dos Estados Unidos e dizer adeus ao mundo do motociclismo estando no pódio. Normalmente, os americanos criam um cenário hollywoodiano para estes casos. Este fim é ridículo e mostra porque ele não deu certo na Europa. Humildade é a base de um piloto. Saber perder também.

 

 

Jeffrey Herlings

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Herlings atendendo aos fãs no GP da Argentina – Foto: Mau Haas / BRMX

 

“Obrigado Ryan Villopoto. Você é e sempre será um grande campeão, eu sou muito feliz por poder ter pilotado com você na nossa preparação para esta temporada. Óbvio que nossa temporada não aconteceu do jeito que queríamos também. Você é o cara mais rápido do planeta, e talvez o mais rápido de todos os tempos. Eu nunca vou esquecer, e vou falar para meus netos depois que eu passei você em Lommel neste verão Lol. Obrigado RV pelo o que você fez para a indústria (motocross). Profundo respeito, obrigado por tudo. Você será lembrado para sempre. Grande fã.”

 

 

Balbi Junior

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Balbi Junior – Foto: Mau Haas / BRMX

 

“A maioria dos fãs consideram prematura, mas só ele mesmo sabe tudo o que ele passou, todo sacrifício que fez pra chegar aonde chegou. Às vezes, quem está de fora não entende que ele é profissional desde os 10 anos de idade, correndo todo fim de semana, no calendário americano que é o mais difícil do mundo. Infelizmente (a aposentadoria) não aconteceu de uma maneira tão espetacular como foi a carreira dele e acabou desapontando um pouquinho neste último ano. Tecnicamente, o desafio que ele assumiu neste ano era muito grande, e acho que ele foi traído pelo próprio sucesso que teve nos Motocross das Nações que disputou antes na Europa e ganhou com uma certa facilidade. Isso acabou enganando um pouco a percepção dele e fez com ele fosse para o Mundial achando que seria mais fácil do foi. E ele nunca correu sem estar 100%, ele não voltaria no meio da temporada sem estar 100%. Já vimos ele ficar fora de temporadas de SX e MX porque não estava 100%. Então, como ele já se aposentaria no fim do ano, antecipou. Pra nós, fãs, é ruim, mas acho que foi a decisão certa, até porque já está resolvido financeiramente e parecia não ter mais tanto prazer em competir. São muitos riscos envolvidos, e cada um sabe de si. Ele tem que ser celebrado. Teve uma carreira fenomenal, para mim está entre os cinco melhores de todos os tempos dos Estados Unidos”.

 

 

Eduardo Sulzbacher

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Edu levou a sério a brincadeira de debate na mesa de bar lol – Foto: arquivo pessoal

 

“Sem entrar no mérito pessoal dele, acho que ele foi totalmente precipitado. Para mim foi frustrante, porque não vimos todo potencial dele no Mundial. Tivemos alguma disputa, mas todos sabemos que ele tinha mais para render, que iria desenvolver melhor ao longo do campeonato. Comparando com o Ricky Carmichael, que parou mais ou menos com a mesma idade, acho que o RV saiu por baixo, e o RC saiu totalmente por cima. Acho que o Villopoto tinha pelo menos mais três anos andando muito forte. Ficou o gosto de “quero mais”, nem que fosse por mais duas ou três etapas do Mundial. Mas, fazendo um paralelo na história, acho que ele só perde para o Carmichael como o piloto mais completo de todos os tempos. Uso como parâmetro o desempenho tanto no motocross quanto no supercross, e os dois foram muito bons num e noutro. Depois, no meu ranking, vêm Stefan Everts e Antonio Cairoli, que são muito bons, excelentes, mas não têm o SX na carreira. O McGrath foi indiscutível no supercross, mas no motocross não era tão forte. Bubba é bom nos dois, mas não foi constante durante a carreira. Carmichael e Villopoto são os mais completos”.

 

* Colaborou: Rafael Barros, seguidor do BRMX, contribuiu com esta reportagem.