Debate sobre o polêmico “jogo de equipe” da KTM com Musquin e Dungey

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Jogo de equipe é assunto polêmico no mundo dos esportes “individuais”. Queremos sempre que o melhor vença e ficamos nos perguntando se é justo a equipe mandar um piloto deixar o outro passar como provavelmente aconteceu no sábado, 29 de março, com Musquin e Dungey, da Red Bull KTM.

Muitas “jogadas de equipe” já prejudicaram o esporte, a disputa limpa. Aconteceram várias no motocross, na Fórmula 1, na Indy, na Nascar, na MotoGP e em tantas outras modalidades. Tanto que a F1 proibiu e instituiu multa para estes casos.

Jogadas como da Ferrari com Barrichello e Schumacher na Fórmula 1 mancharam temporadas e ficaram famosas no mundo inteiro. O brasileiro mostrava que poderia ser campeão (ou não?) se a Ferrari não beneficiasse o alemão em detrimento de Rubinho. Foram repetidos jogos de equipe, desde carros melhores para Schumi a ordens para Rubinho deixar o alemão passar em várias etapas, o que por fim prejudicou a imagem de Barrichello e sua carreira.

Por outro lado, considero importante fazer um esforço de raciocínio para pensar na equipe. A situação Musquin-Dungey-KTM é diferente e coloca um título de AMA Supercross na mesa faltando apenas uma etapa. Nada vai mudar a trajetória de Musquin nesta temporada de SX. Ele vai acabar em terceiro. E Dungey pode ser campeão para a KTM. E, talvez, se não fossem estes três pontos a mais, a Kawasaki poderia ficar com o título.

“Eu sempre fui muito contra esta coisa de ordem de equipe. Eu gosto da liberdade do piloto correr e que ganhe o melhor no momento melhor. Mas se alguém não tem matematicamente condição na última prova e o outro tem, com certeza é o melhor para equipe, pois a equipe ganha com o número um, com a visibilidade. Então, eu não vejo nada de errado, em uma última prova, se alguém não tem chance de ganhar, de haver uma troca”, disse Barrichello em 2010.

 

É justo?

jogo de equipe
Mecânico de Musquin dá um toque: “1 volta / Dungey”

 

Você colocaria em risco um título de um campeonato tão importante por causa da vitória de um piloto que não tem mais chances de brigar pelo troféu em detrimento do outro que pode colocar a mão na taça?

É provável que a maioria faria o mesmo no lugar da KTM. Mas isso quer dizer que está certo? Nem sempre o que a maioria acha certo, é certo.

Se fosse em uma situação de igualdade, em que Dungey e Musquin estivessem brigando pela mesma colocação no campeonato, ou que ambos tivessem chances de ficar com o título, a KTM jamais poderia interferir. Mas, como Musquin está fora do páreo na competição, a única coisa que ele perde é uma vitória nas estatísticas (o que é importante, mas não determinante).

Musquin, aliás, mostrou na pista que está mais rápido que o virtual campeão, mas não teve consistência ao longo da temporada para chegar a Vegas com chances de título. Mostra que pode brigar por ele no próximo ano.

Tomac se mostrou mais rápido que todos na maioria das provas, mas o campeonato é feito de 17 rodadas, e é preciso ser o melhor na média para levar o caneco pra casa. Não podemos esquecer que Eli errou duas vezes nesta mesma corrida e perdeu a liderança da prova.

 

Campeonato fica manchado?

Mecânico mostra para Dungey: “Você precisa vencer”

 

Se Dungey ganhar o campeonato por apenas 3 pontos sobre Tomac, este título será eternamente lembrado por este jogo de equipe da KTM na penúltima etapa. Se a diferença for maior, nada disso terá feito muita diferença.

Agora, Dungey tem 9 pontos a mais que Tomac. Vai para a final podendo ficar em 4º na corrida em caso de vitória do piloto da Kawasaki. Em 5º ele empataria em pontos, mas Tomac ficaria com o título porque tem mais vitórias.

Se Musquin tivesse vencido no sábado passado, seriam 6 pontos de diferença entre Dungey e Tomac, e assim o piloto da KTM teria que ficar em 3º em Las Vegas para assegurar o título.

O assunto deve ser debatido. Organizadores, fiscais e diretores de prova devem estar antenados em cada possibilidade. A regra deveria existir para prever que situações assim tenham base para julgamento. Mas é difícil afirmar com certeza que um piloto deixou o outro passar, por mais que na maioria das vezes seja possível entender desta maneira.

Enfim. A etapa final será de tirar o fôlego!