Ryan Villopoto responde perguntas dos seguidores do BRMX

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Cordilheira dos Andes ao fundo de RV2 – Foto: Mau Haas / BRMX

 

Entrevistar Ryan Villopoto era a grande meta da EMPREITADA do BRMX até a Argentina. Foram 7.000 quilômetros rodados em busca destes minutos com um dos maiores pilotos de motocross da última década. Sim, fomos também para ver o GP, conhecer a Patagônia, experimentar novos ares, mas o principal momento seria quando conseguíssemos falar com ele.

Você já deve saber que chegar perto de RV2 é um pouco complicado. No GP da Argentina, o norte-americano pouco saía de uma cadeira colocada no fundo do box, ao lado de uma mesa repleta de garrafas de água sem gás e algumas bananas. O público cercava o box, chamava por Ryan, gritava “Bixopoto” em sotaque portenho, imploravam por uma foto. Mas o “redneck” barbudo conversava apenas com sua esposa, seus mecânicos, engenheiros de suspensão e Casey Stoner, o campeão mundial de motovelocidade que estava acompanhando RV neste fim de semana.

Quando o tetracampeão do AMA SX saía da sua cadeira para ir a um dos banheiros químicos instalados tanto para público quanto para os trabalhadores do Mundial, ia acompanhado de dois policiais. Os guardas esperavam do lado de fora do casinha sanitária e depois acompanhavam a estrela até sua cadeirinha. Escolta era necessária. Se não existisse, RV2 certamente seria parado pelos fãs e ficaria o dia inteiro dando autógrafos e tirando fotos.

A minha primeira tentativa de entrevista foi depois dos treinos de sábado. Entrei no box, me identifiquei como jornalista brasileiro e expliquei ao próprio RV2 que gostaria de fazer algumas perguntas. Ele me disse que poderia fazer depois da corrida classificatória, no fim do dia.

Fomos para a pista e ele correu uma bela prova de recuperação depois de uma largada “mais ou menos”. Chegou perto de Cairoli, que liderava, e o público vibrou, enlouqueceu. No fim, os dois astros se cumprimentaram e voltaram para o box. Cairoli foi para a entrevista coletiva na sala de imprensa. Villopoto se sentou em sua cadeira.

 

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Casey Stoner (ao fundo, com óculos na cabeça) acompanhou RV2 no fim de semana – Foto: Mau Haas / BRMX

 

Entrei no box da Kawasaki outra vez. Villopoto debatia com os preparadores de suspensão da Showa. Pedia melhorias, dizia que estava insatisfeito, que precisava fazer muita força para impulsionar a moto em algumas rampas. Eu observava ao lado, a dois metros de distância, esperando uma abertura para lembrá-lo que havia dito que me concederia a entrevista. Casey Stoner participava da conversa, dava opiniões sobre a suspensão. A mulher de Ryan, Kirsten Villopoto, estava por perto e conversava descontraída com os mecânicos.

Se passaram cerca de 40 minutos de espera. Ryan se levantou, tirou a camisa de corrida, expôs a tatuagem “there is no shortcuts (não existem atalhos)” gravada no braço esquerdo, caminhou até o público. Ficou 5 minutos com os fãs. Deu alguns autógrafos, tirou algumas fotos e voltou para dentro do box. Então lhe perguntei:

– Vamos fazer aquela entrevista?.

– Sim, agora. Mas tem que ser rápido. – ele respondeu.

– Dez minutos? – perguntei.

– Cinco. – disse Ryan Villopoto.

Então liguei o gravador e expliquei para ele que a maioria das perguntas eram do público brasileiro, que enviou perguntas por Facebook e e-mail. Ele achou interessante e começou a responder. A entrevista durou 7 minutos e ele foi muito cordial. Depois de alguns segundos, se tranquilizou e respondeu tudo de forma bastante direta, mas com calma.

Confira!

 

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Rápido como uma bala – Foto: Mau Haas / BRMX

 

BRMX: Você escutou a torcida hoje, como eles gritavam quando você passava?
Ryan Villopoto: Sim! Quando vim para a Argentina, não esperava uma torcida assim. Muito legal. Muitos fãs de corrida, e também muito fãs meus.

BRMX: Mesmo sendo um piloto experiente, na primeira corrida do Mundial de Motocross, no Catar, você ficou um pouco nervoso?
Ryan Villopoto: Estava há muito tempo sem correr motocross, cerca de um ano e meio. Fiquei cerca de oito meses sem correr nada, nem treinava, estava um bom tempo longe da moto. Tivemos alguns problemas com a moto no Catar, mas não foi nada demais. Não fiquei muito preocupado, nervoso.

BRMX: O que é mais difícil: AMA Motocross ou Mundial de Motocross?
Ryan Villopoto: (pensativo) Acho que os dois são, cada um do seu jeito. Se você traz um europeu para a América, ele vai ter muitas dificuldades. E ainda tem o Supercross. E quando um americano vai para a Europa também é difícil. Eu senti muita diferença do que estava acostumado. E o mesmo aconteceria com um europeu que estivesse acostumado com a Europa e fosse para a América.

BRMX: Quais foram os principais problemas que você enfrentou nestas primeiras corridas de MXGP?
Ryan Villopoto: Estamos ainda tentando achar o acerto ideal da moto. Ainda não estamos muito bem com isso. Estamos trabalhando e melhorando. As pistas são diferentes. Elas são muito mais lentas o que temos nos Estados Unidos.

BRMX: Você já conversou com Tony Cairoli?
Ryan Villopoto: Tivemos pequenas conversas, obviamente, em eventos de mídia ou coisas assim. Existe um respeito mútuo entre nós. É normal.

BRMX: Você ainda está trabalhando com Aldon Baker?
Ryan Villopoto: Sim, ainda estamos juntos. Nós conversamos pela internet, pelo telefone, e ele deve vir a algumas corridas também. Ele tem as coisas dele, os outros pilotos, a família nos Estados Unidos. Fazemos o que é possível à distância.

BRMX: Você está assistindo o AMA Supercross?
Ryan Villopoto: Não assisto, mas sei o que está acontecendo.

BRMX: Você torce por alguém?
Ryan Villopoto: (titubeia e pensa um pouco) Eu não diria que torço por alguém, mas estou acompanhando bastante o trabalho do Ryan (Dungey), que está trabalhando duro (com Aldon Baker). É legal ver que está dando certo. Isso também me faz sentir bem.

BRMX: Você mudou seu programa de treinos para o Mundial?
Ryan Villopoto: Tudo é um pouco diferente. Tivemos que adaptar o programa para as condições do Mundial. A Europa é muito diferente. O jeito de pilotar é diferente. As viagens são diferentes. Adaptamos.

BRMX: Por que você não quis ficar nos EUA e quebrar recordes?
Ryan Villopoto: Nunca me programei para quebrar recordes. Sempre me programei para vencer metas. Conquistei essas metas e, depois, vir aqui (Mundial) foi um extra. Nunca planejei. Foi uma decisão que tomada no último minuto.

BRMX: Alguma coisa mudou no seu plano de se aposentar no fim desta temporada?
Ryan Villopoto: Não. Depois desta corrida na Argentina teremos mais 14 corridas ainda e será somente isso. Tudo continua igual (vai se aposentar neste ano).

BRMX: Alguns planos para depois da aposentadoria?
Ryan Villopoto: Não quero ter obrigações, horários. Quero estar do meu jeito, fazendo o que eu quero, onde eu quero, com quem eu quero.

BRMX: Falando em dinheiro. É igual para você estar no Mundial de Motocross ou no AMA SX e AMA MX?
Ryan Villopoto: Agora é um pouco diferente dos contratos anteriores, nos EUA, quando tinha muitos bons patrocinadores e conseguia trazer mais do que tenho aqui na Europa.

 

Ryan Villopoto dentro da pista

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Trabalho intenso da equipe para achar o acerto ideal da moto e deixar RV2 a vontade – Foto: Mau Haas / BRMX

 

Esta foi a primeira vez que Ryan Villopoto correu na América do Sul. Deve ter sido a última também, já que ele reafirmou que vai se aposentar e o Brasil está fora do roteiro do Mundial MX neste ano.

É provável que o norte-americano não esteja 100% adaptado ao estilo das pistas e motos do Mundial de Motocross. Sua equipe tem trabalhado muito, mas era visível sua intriga com a suspensão no fim de semana. Ele andou bem (alguém já viu RV andando mal?), fazia algumas curvas de uma maneira muito mais agressiva que outros atletas, se sobressaía em alguns momentos, mas não conseguiu superar Cairoli, Desalle e Nagl.

Em nenhum momento foi sujo nas disputas, apesar de ser muito agressivo. Quando chegava em algum adversário, se mostrava muito determinado a fazer a ultrapassagem com rapidez, sem se enrolar. Escolhia algumas linhas diferentes, como na reta do pitlane, onde passava RASPANDO nas placas dos mecânicos, enquanto os outros iam bem por fora para aumentar a tangência da curva.

– Este fim de semana foi OK. Não exatamente o que eu esperava, mas conseguimos melhorar na segunda bateria. Estar lá (na briga) foi muito bom, mas ainda temos que melhorar as largadas. Foi muito difícil sem boas largadas. Consegui chegar na frente e brigar, mas Max (Nagl) estava muito bem, assim como estavam Tony (Cairoli) e Clement (Desalle). Passar todos eles seria muito difícil, mas acho que se eu tivesse um pouco mais de velocidade poderia ter feito algo mais. Gostaria de parar de dizer isso, mas ainda tenho que me adaptar melhor ao estilo de competição do Mundial de Motocross. Faremos alguns ajustes e espero que possamos ir melhor na Itália – disse.

Ele deve melhorar ao longo do ano, mas a tendência é que Cairoli, Nagl, Desalle, Paulin e companhia também melhorem pois a competição vai para a Europa, onde eles conhecem cada centímetro de pista.

Certo é que o Mundial ainda terá muitas emoções! A próxima etapa acontece dia 19 de abril, em Arco di Trento, Itália.

 

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E o prêmio vai para…

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O autógrafo de Antonio Cairoli está nas costas 😉

 

A maioria das perguntas desta entrevista foi enviada pelos seguidores do BRMX. Alguns mandaram por e-mail, outros por Facebook, outros por telefone. Muitos mandaram a mesma pergunta (exemplos: se o Villopoto iria se aposentar de fato no fim do ano, ou se era mais difícil o AMA ou o Mundial). Entre todos que mandaram, sorteamos uma camiseta do BRMX com os autógrafos de Ryan Villopoto, Max Nagl, Clement Desalle, Davi Philippaerts e Antonio Cairoli.

O ganhador é Luciano Poeys Seraquini, de Miracema, Rio de Janeiro, que perguntou através do Facebook sobre a aposentadoria. Luciano, você receberá sua camiseta em casa. Faremos contato para coletar os dados de envio. Parabéns!

Muito obrigado a todos que participaram! Até a próxima promoção!