Reportagem: Guilherme Augusto / Federação Gaúcha de Motociclismo
A história de Altair Bordignon acompanha o desenvolvimento do mercado de motos no Brasil. Filho de um revendedor de Lambretta, começou a pilotar nos anos 1960, passou por modelos importados e nacionais de todas as configurações e encontrou no Enduro de Regularidade a sua nova casa.
De lá pra cá são 32 anos dedicados ao esporte, mais de 750 troféus na estante, conquistas nacionais e muitas aventuras para contar. Por isso, a Federação Gaúcha de Motociclismo (FGM) aproveita a passagem do Dia do Motociclista, em 27 de julho, para apresentar a história deste gaúcho de Erechim.
Lambretta, Xispa, RD, CB 500 Four, “7 Galo”
A relação de Altair com o motociclismo iniciou antes mesmo do seu nascimento, em 1955. No início daquela década o pai e o tio, José e Grandino, abriram uma oficina de Lambretta e motociclos. Depois, se tornaram concessionários da marca italiana no começo dos anos 1960, vendendo motos para o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
Desta forma, o futuro piloto acostumou a ouvir o ronco dos motores desde cedo. Aos 8 anos já aprendeu a pilotar. Aos 13 ganhou uma Vespa, depois uma Lambretta e uma Xispa. Mais tarde veio a importada RD 125 e a Suzuki GT 250, também japonesa.
– Aos 22 ganhei uma CB 500 Four, a primeira moto de quatro cilindros de Erechim, que me acompanhou nas primeiras viagens para fora do estado – relembra.
Por falar em viagens, foi sobre duas rodas que Altair conheceu o Brasil. Em um desses episódios pôde assistir à primeira corrida do Mundial de Motovelocidade realizada no Brasil, em 1987, em Goiânia, Goiás. Para isso, percorreu cerca de 3.000 quilômetros com uma CB 750 Four, a famosa “7 Galo”.
O amor pelo off road
Em 1981, aos 25 anos, adquiriu sua primeira moto de uso misto, a recém-lançada Honda XL 250R, e com ela passou a desbravar o interior da região. Três anos depois participou da primeira prova de Enduro de Regularidade, mas foi só em 1989 – e com muita insistência dos amigos -, que decidiu se dedicar à modalidade. E não parou mais.
Estreou na Copa Vale do Rio Uruguai. Descobriu o sabor da vitória já na terceira etapa e sagrou-se campeão na primeira temporada. Depois vieram os campeonatos Gaúcho, Brasileiro, Catarinense, Copa Motocar, Copa Sudoeste do Paraná, Copa Oeste de Santa Catarina, e também eventos como o Cerapió, o Piocerá e o Ibitipoca, já em 2019.
E o Enduro da Independência. Foram dez participações na prova que se tornaria a favorita do piloto. Dessa forma, a estreia foi com vitória, em 1997, já aos 42 anos, na classe Over 35.
– Foram muitas experiências incríveis. Em outra edição fui aplaudido por todos ao dizer em uma entrevista que “todo piloto de Regularidade tem que fazer o Independência ao menos uma vez. Senão, é como ir para Roma e não ver o papa. E se for ao pódio é um abençoado” – recorda.
Principais títulos
Hoje com 65 anos, o gaúcho de Erechim guarda com carinho os símbolos de suas conquistas. Ao todo, são 60 títulos, 23 vice-campeonatos, 750 troféus e 64 medalhas.
Com as principais conquistas, Altair é heptacampeão Brasileiro de Enduro de Regularidade, pentacampeão Sul-Brasileiro de Enduro de Regularidade e, também, 13 vezes campeão Gaúcho da modalidade. Ainda, faturou 11 vezes a Copa Motocar e três títulos do Enduro da Independência.
Papai “Bordignon” Noel
Talvez só exista uma coisa que faz Altair mais feliz do que colocar sua moto nas trilhas do Independência: seu projeto natalino. Assim, desde 1989 ele e amigos saem pelas ruas e interiores de Erechim e região para distribuir balas e brinquedos – todos pilotando motos, claro.
– Tudo surgiu nas localidades do interior, como uma forma de agradecer ao pessoal que deixava a gente treinar nos sítios e trilhas. Fomos tão bem recebidos que nos motivamos a aumentar a ação e a realizamos todos os anos. Hoje temos um grupo de 15 “Noeis” e uma porção de histórias emocionantes para contar, de gente simples, pessoas que disseram que jamais esquecerão do dia em que foram visitadas por nós – resgata o veterano motociclista.
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