Trampas Parker, o primeiro norte-americano a se tornar bicampeão mundial de motocross

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Trampas Parker – Foto: Divulgação Hall da Fama AMA

 

Trampas Parker fez história como o primeiro norte-americano a ser bicampeão do Mundial de Motocross. Quando ainda era um estadunidense desconhecido que vivia na Itália, ganhou o Mundial de KTM 125cc em 1989, e em 1991 ganhou mais uma vez, de Honda 250cc.

Por isso, em 2007 Parker entrou para o Hall da Fama da AMA – Associação Americana de Motociclistas. O Hall da Fama faz parte do museu do motociclismo localizado na cidade de Pickerington, subúrbio de Columbus, Ohio, perto da
sede da AMA, nos Estados Unidos. No museu estão expostos
motos, acessórios e roupas pertencentes a pilotos profissionais.

David Bailey, Jean-Michel Bayle, Roger de Coster, Ricky Johnson, Bob Hannah, Jeff Emig e Jeff Staton e até mesmo Steve McQueen, são outros exemplos e pilotos \”coroados\”. Em homenagem, nesta terça-feira, 25, o BRMX traz a história de Parker para você relembrar (ou conhecer) este nome importante da história do motocross.

Recordar é viver. Preservar a história é fazer o esporte ser respeitado.

Parker nasceu em Shreveport, Louisiana, em 27 de julho de 1967, mas cresceu em Bridge City, Texas, e começou a andar de moto aos 7 anos. Ganhou seu primeiro título regional de motocross na 50cc quando tinha 11 anos de idade e logo se tornou membro do programa de amadores da Kawasaki (Green Team), conquistando títulos nacionais amadores no Loretta Lynn Ranch, no Tennessee, em 1984.

Em 1985, Parker correu pela primeira vez como profissional, conquistando o terceiro lugar na 125cc do AMA Supercross – Costa Oeste, em San Diego. Mas, na segunda corrida profissional de sua carreira, Parker quebrou o tornozelo e muitos médicos chegaram a dizer que ele jamais voltaria a competir.

– Essa lesão praticamente acabou com a minha carreira nos Estados Unidos. Por causa dos parafusos no tornozelo, os médicos disseram que se eu batesse errado, quebraria – conta Parker.

Na tentativa de regresso, em 1986, o tornozelo não estava 100% e os resultados não vieram. Então, no final da temporada, ele foi convidado para ir à Europa participar de uma corrida beneficente para Danny “Magoo” Chandler. Na companhia do compatriota Billy Liles, o que deveria ser apenas uma corrida se transformou em meses de estadia na Europa.

Seu primeiro GP deveria ter acontecido em 1987, mas as coisas não funcionaram como planejado e Parker teve que trabalhar de mecânico por um tempo. Até houve oportunidade de correr um GP de 500cc, mas a moto se mostrou muito ruim. Parker não desistiu da vida de piloto e fez (e venceu) algumas corridas do campeonato italiano.

Em 1988, a KTM então ofereceu estrutura para Parker correr o Mundial pois seus pilotos titulares estavam machucados. Já no GP da Espanha, o norte-americano liderou a prova, mas abandonou com problemas mecânicos. E assim foi nas três etapas seguintes. Ele mostrava velocidade, mas a moto quebrava. Mesmo assim, naquele ano o piloto ganhou o Italiano de 125cc e 500cc.

Aos 21 anos, Parker se empenhou em melhorar seu preparo físico. Com isso, passou a ganhar corrida atrás de corrida, principalmente nas últimas voltas, quando os outros pilotos começavam a demonstrar cansaço, e ele ainda estava voando.

Então veio o ano de 1989 e uma nova aposta da KTM em Parker – apesar de forças contrárias dentro do time. Ele respondeu com vitória nas duas baterias do GP da Itália, na abertura do Mundial de MX daquele ano, chegando a sua primeira vitória em Grandes Prèmios.

– Penso que apenas quando eu ganhei este GP, as pessoas passaram a acreditar que poderia ser real – relembra.

Quando a notícia da vitória chegou a América, muitos se perguntaram: quem é esse Trampas Parker. A confusão acontecia porque quando chegou em terceiro naquela corrida de San Diego, aos 18 anos, ele usava seu nome do meio, Chad. Então, foi Chad Parker que fez aquele resultado. Foi Chad Parker que se acidentou forte naquele ano.

– Minha mãe sempre quis que eu usasse o nome Trampas, mas quando eu era menor não gostava muito. E na Itália era difícil para falarem Chad, mas fácil para falarem Trampas. E eu passei a usar – explica.

Gradativamente, todos foram conhecendo Trampas Parker. Naquele ano, ele ganhou seis Grandes Prêmios e se tornou o terceiro norte-americano a vencer o Mundial de MX (Brad Lackey – 500cc – e Danny LaPorte – 250cc – foram os primeiros, em 1982).

Encantados com a pilotagem do gringo, os italianos convidaram Parker para integrar seu time no Motocross das Nações. Ele aceitou e liderou a Esquadra Azurra ao segundo lugar, perdendo apenas para o time de seu país natal.

– Fui capaz de ganhar a corrida da 500cc e isso foi uma das maiores satisfações da minha vida. Eu queria muito vencer um MXoN. Todo mundo estava lá – revela Parker.

No início dos anos 90, Parker mudou para a categoria 250cc. A temporada, porém, foi abreviada por um acidente inusitado (colisão com um piloto que andava na CONTRAMÃO) e o pé machucado. O campeão mundial de 125cc naquele ano foi outro atleta da Terra do Tio Sam, Donny Schmit (de Suzuki).

Muitos então pensaram que o título de 89 teria acontecido por acaso, menos a equipe Honda, que contratou Parker para a temporada de 1991. Ele calou a boca dos críticos com a conquista do título, se tornado o primeiro estadunidense a ganhar duas vezes o Mundial (até hoje, somente dois fizeram isso). No mesmo ano, Parker foi campeão italiano nas três categorias – 125cc, 250cc e 500cc –, outro feito inédito.

Seu contrato foi renovado para o ano de 1992, mas a mudança no regulamento, com corridas mais curtas, prejudicou a sua principal arma: a resistência.

– Provavelmente eu nunca fui o piloto mais rápido, mas sempre fui um dos mais bem treinados. Então, quando inventaram aquelas corridas curtas, foi uma piada. Não consegui me divertir naquele ano. Não funcionou para mim – disse em entrevista à revista norte-ameriana Racer X, em 2006.

As lesões passaram a atormentar a carreira de Parker. Mas em 1995 fez uma nova proposta para a KTM: correr de 360 em meio às 500cc. Fez boas corridas e ganhou a penúltima rodada, no GP da Holanda, vencendo o especialista em areia Joel Smets.

Em 1996, Parker sofreu um grave acidente e machucou as costas durante uma prova do Italiano de MX, acabando com sua temporada. Voltou mais tarde e competiu no Mundial de MX até 2004, aos 37 anos de idade.

No início dos anos 2000, também competiu no europeu de supermoto, obtendo bons resultados. Quando se afastou das pistas, focou nas suas lojas de importação e em dar aulas de pilotagem. Passou a correr por diversão. Seus filhos também querem ser pilotos. Portanto, se o nome Parker reaparecer, não se assuste!


:: Veja um pouco da pilotagem de Parker

:: Outros norte-americanos campeões mundiais
1982 – Brad Lackey (Suzuki) – 500cc
1982 – Danny LaPorte (Yamaha) – 250cc
1991 – Donny Schmit (Suzuki) / 125cc
1992 – Donny Schmit (Yamaha) / 250cc
1994 – Bobby Moore (Yamaha) / 125cc

* Texto corrigido às 8h34 de quinta-feira, 28, após comentário de \”Piu\” publicado logo abaixo. Ajude você também a fazer o BRMX! Deixe sua mensagem!