Membro da organização do GP México do Mundial de Motocross 2012, o francês Sebastién Tortelli, que já foi campeão mundial de MX, escreveu sobre os problemas ocorridos na etapa mexicana.
No sábado de provas classificatórias, os principais pilotos das categorias MX1 e MX2 se recusaram a correr, alegando que a pista estava insegura por causa da grande quantidade de poeira. Tortelli discorda.
Leia a seguir os principais trechos da carta divulgada pelo francês, publicada no site da Youthstream, organizadora do Mundial.
:: Antes da carta, relembre a queda de Tortelli no MX das Nações do Brasil, em 1999
“Como vocês sabem, toda história tem dois lados, e aqui está o meu”, é uma das frases que abrem a carta.
“Há três anos eu encontrei Nico España, promotor de provas de SX, MX e Freestyle. E então surgiu a ideia de fazer a ‘World Celebrity Race’, um evento amistoso que reuniria pilotos aposentados, principalmente.
Em outubro de 2010, essa corrida aconteceu com nomes como Stefan Everts, David Vuillemin, Damon Huffman, Doug Dubach, Jason Thomas, Sean Hamblin, Pedro Gonzales, Antonio Balbi e eu. A corrida foi um sucesso e todos voltaram pra casa felizes com o fim de semana no México.”
E foi assim que surgiu a ideia do GP do México.
Mas organizar um GP leva um ano de trabalho, planejando, preparando, tanto que viajei muitas vezes para Guadalajara no ano passado.
Na reta final, fui dez dias antes para o México. E lá vi uma pista muito bacana, difícil técnica e fisicamente. A data do GP não era a ideal mas, logisticamente, com o GP Brasil, esta foi a melhor opção para pilotos e equipes.
E o grande problema encontrado foi para molhar a pista. Quando você contrata locais para fazerem o serviço durante uma semana, eles aparacem os quatro primeiros dias, e no quinto, nada… Não é fácil!” – justifica.
Mas, vamos aos fatos:
A pista
“Sim, as condições não estavam perfeitas e tínhamos duas curvas com muita poeira (um caminhão foi deslocado para corrigir o problema, e o outro quebrou!). A FIM nos deus mais meia hora para resolvermos.
A equipe trabalhou duro e nós resolvemos o problema neste tempo. Enquanto isso os pilotos tomaram suas decisões e sequer deram uma volta de reconhecimento para checar as condições da pista, que já estava boa. Se eles não querem pó nem lama, nem canaletas, eles deveriam pensar em Moto GP!” – segere Tortelli.
A segurança
“Haviam 15 médicos e seis ambulâncias durante todo fim de semana, cumprindo todas as exigências da FIM e Youthstream.
E sim, o México não é lugar mais seguro do mundo. Mas por isso tínhamos 60 seguranças e polícia armada. E você tem que saber que quando se está em certos lugares você não faz coisas estúpidas como alguns fizeram!!! Os caras estavam reclamando que foram roubados, mas deixaram suas mochilas expostas dentro de um carro alugado!
O que eu vou dizer sobre isso?
Você é estúpido!” – ataca.
Os pilotos
“Uma atitude antiprofissional e irresponsável tornou as coisas piores. Nenhum piloto veio até mim discutir a situação e tentar achar uma solução. Todos me conhecem e sabem que não sou irracional ou irresponsável. Me doeu muito que ninguém tenha vindo até mim” – diz.
Por fim…
“A segunda bateria da MX1 foi a mais disputada desde o início do Mundial, mas as manchetes nos jornais e na TV dizendo que o GP estava cancelado fizeram com que poucos espectadores fossem para a pista no domingo.
Os pilotos deixaram uma imagem negativa do esporte em um país que precisa de ajuda para fazer isso crescer, exatamente igual o a seleção francesa de futebol fez na Copa do Mundo da África do Sul, quando houve um “racha” no grupo.
Alguns pilotos falaram comigo no domingo à noite e disseram que acharam a pista boa desde o início, mas precisavam “ficar com o grupo”.
O ponto é que este GP foi a desculpa perfeita para eles exporem os problemas que estão lidando por causa desta economia decadente. Mas o show tem que continuar!!!
Obrigado por ler” – finaliza Sebastién Tortelli.
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