Rafael Becker, catarinense de 12 anos completados nesta segunda-feira 7, tem um sobrenome de peso na história do motociclismo brasileiro, e seus resultados provam que ele pode chegar tão longe quanto o primo-tio Milton “Chumbinho” Becker, que se aposentou em 2018 como o maior recordista em títulos nacionais na história do esporte.
Seu treinador também é nome importante do clã Becker. Prika Becker está na história do motocross brasileiro como um dos maiores técnicos de pilotos mirins. Já trabalhou com Enzo Lopes, Leandro Silva, Thui Todeschini, Eduardo Rudnick, Bruno Schmitz, entre outros campeões nacionais.
Patrocinado pela Rinaldi Pneus desde o início da carreira, Rafa concedeu esta entrevista para a assessoria da marca de pneus.
Você também deve saber que no dia 17 de dezembro, o garoto perdeu seu pai em um acidente de trator, na sua pista em Itapiranga, Santa Catarina.
Ainda se recuperando do trauma, Rafa e sua família planejam a sequência da carreira do piloto, que agora levará em seu numberplate uma homenagem a data de aniversário do pai com o numeral #27 no lugar do #7 que utilizava.
Conte como foi seu início no esporte, sua evolução e os títulos conquistados até aqui.
Tudo começou quando um amigo de meu pai trouxe uma PW Yamaha 50cc para ver se eu conseguiria andar, como deu certo, ganhei ela aos quatro anos de idade. Aprendi fácil e todos começaram a nos incentivar a participar das competições. Então, aos cinco, corri minha primeira prova, uma etapa da Copa Cidades, em Tenente Portela (RS), terminando em quarto. Meu pai sempre gostou muito do esporte, mas nunca teve a oportunidade de competir, e foi passando esse sonho para mim. Aí, aos seis anos, ganhei uma KTM 50cc e comecei a participar do Brasileiro e Gaúcho de Motocross, além do Arena Cross. Minha família sempre esteve ao meu lado, me ajudando a ganhar estabilidade em cima da moto e a treinar. Com o passar dos anos fui me desenvolvendo e conquistando títulos. Em 2013 fui vice-campeão Brasileiro 50cc, em 2014 garanti o título Gaúcho 50cc, em 2015 fui campeão do Arena Cross e Brasileiro 50cc, já em 2016 fui campeão do Arena Cross, Brasileiro e Gaúcho 50cc, em 2017 fui campeão Brasileiro e Catarinense na 65cc e Arena Cross 50cc e nesta temporada me consagrei vice-campeão Brasileiro, campeão do Arena Cross e Catarinense 65cc.
Por pouco você não é tetracampeão brasileiro de motocross em 2018. O que faltou para conseguir o título? Como foi sua temporada?
Infelizmente, sofri uma queda logo na primeira etapa da temporada, em Cornélio Procópio (PR), tendo que abandonar a disputa. Perdi pontos importantes, tentei recuperar ao longo do ano, mas não deu, a diferença foi de 11 pontos. Mesmo assim, fiquei satisfeito com meu desempenho, cresci muito esse ano, aprendi bastante com tudo o que aconteceu.
Neste ano você participou mais uma vez do Mini’Os, importante competição amadora nos Estados Unidos. Como foi a experiência? E nas outras vezes que participou?
Esta foi minha terceira participação. Em 2014 e 2015 o objetivo era conhecer o evento, entrar na rotina dos americanos, me preparar melhor para a próxima. Este ano estava bem confiante na busca por um bom resultado, porém, no terceiro treino livre, tive uma queda no triplo, o que ocasionou uma fratura no meu pulso direito, precisei ficar em observação e repouso. Mesmo sem poder competir, quis olhar os treinos e tirar proveito das técnicas. Foi uma experiência bacana, mais um aprendizado, ano que vem estaremos lá outra vez para tentar se destacar em meio a tantos bons pilotos.
Você teve a companhia e orientação do Milton “Chumbinho” Becker, que é primo do seu pai. Qual sua relação com o maior ídolo do esporte brasileiro?
Somos próximos, nos damos super bem e ele é um grande ídolo meu. Eu me espelho muito nele, tanto como piloto, quanto pessoa, observo a influência e o comportamento fora das pistas, além do cuidado com a alimentação e saúde. Meu sonho é conseguir ir longe assim como ele.
Como é sua rotina de treinos e conciliar o esporte com os estudos?
Eu tento treinar de moto duas ou três vezes por semana, também faço personal duas vezes por semana, ando de bicicleta e jogo futebol na escolinha do Cometa. Porém, quando tenho provas e trabalhos, priorizo os estudos. Tento me programar e fazer todos os trabalhos e provas antes de viajar, para não acumular e conseguir tirar notas boas.
Qual a melhor e a pior coisa em ser piloto de motocross?
A parte boa é praticar um esporte que eu gosto, tendo a oportunidade de conhecer diversos lugares e pessoas, sempre na companhia da minha família. Fiz vários amigos nesses anos, já sou reconhecido e me responsabilizo pelos meus atos, isso me faz crescer bastante. Por outro lado, a pior coisa para mim é ficar longe dos amigos da minha cidade, ficar muito tempo na estrada e perder aulas.
Quais pneus Rinaldi são seus favoritos?
Eu utilizo o RMX 35 na 65cc e o RS 47 na 85cc. O que eu mais gosto é que eles têm muita aderência nas curvas e nos saltos. Me faz sentir mais confiante e confortável para pilotar com agressividade, independente do terreno.
Já tem planos para 2019?
Sim, eu poderia continuar na 65cc de acordo com o regulamento dos campeonatos, mas como cresci bastante e a moto ficou pequena para mim, optamos por subir de categoria, para eu poder evoluir. Então, meu plano é focar na 85cc, alinhando no gate do Catarinense e do Brasileiro, além do Mini’Os. Não vai ser fácil, vou competir com pilotos de até 16 anos, cinco anos mais velhos que eu, mas estou disposto a arriscar, fazer o meu melhor e quem sabe até surpreender a todos.
Qual dica daria a meninos como você que sonham em se tornar piloto?
Não desistam, treinem bastante que um dia vocês chegarão onde sonham, basta acreditar.