Triplo substitui a grande mesa que havia no miolo do circuito e é o destaque de Barclay – Fotos: Elton Souza / BRMX
O circuito de 2.050 metros de extensão que recebe neste fim de semana, 19 e 20 de maio, o GP Brasil terá que provar para os críticos mais rigorosos que é merecedor da quinta etapa do Mundial de Motocross FIM 2012.
Engana-se quem pensa que esses analistas exigentes fazem parte só da Federação Internacional de Motociclismo (FIM), da Youthstream ou de qualquer entidade europeia. Trata-se, na verdade, do público brasileiro que espera ver o país mostrar ao mundo que também entende de motocross.
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Justin Barclay e Leandro Romagnolli têm a responsabilidade de suprir todas as expectativas deste público que deve lotar o complexo montado em uma área de 300 mil metros quadrados no Parque Beto Carrero World, em Penha, a 110km de Florianópolis, no litoral Norte de Santa Catarina. Foram colocados à venda mais de 20 mil ingressos para os dois dias de evento, que se esgotaram nesta quinta-feira, 17 de maio.
Às vésperas do grande prêmio brasileiro, o BRMX aproveitou a tranquilidade que reinava horas antes da abertura dos portões para a instalação das equipes e conversou com as duas personagens citadas acima. Barclay e Romagnolli respondem pela qualidade técnica da pista.
Leandro começa a conversa explicando que algumas alterações foram praticadas a partir da experiência com a etapa da Superliga Brasil de Motocross no ano passado. A mesa de chegada ganhou um túnel para facilitar o trânsito de profissionais, principalmente da equipe médica. O portão para o acesso de caminhões e tratores foi deslocado do lado da largada para o início da área da mata.
A largada foi estendida passando a ter 95 no total, além passar a ter 45 metros na largura. A grande mesa no miolo do circuito se transformou em um longo triplo, e a seção de supercross, em frente à arquibancada geral – setor 1 – também foi modificada.
– O que era uma seção dividida em duas sequências de obstáculos passou a ser só uma, com um diferença apenas no início da seção – explica Romagnolli.
Mas, com relação a largura? As pessoas têm apontado que esta pista é muito estreita.
– Ela está dentro das regras FIM, que estabelece a largura mínima de sete metros. Essa dimensão mínima, no entanto, é encontrada apenas em alguns pontos da pista. Acontece que a grama que plantamos em volta dá uma falsa impressão de que a pista é estreita, o que não é percebido quando há somente barro em volta – responde o organizador do evento.
Barclay ressalta o trabalho que foi realizado para construir corredores pavimentados na extensão da pista, garantindo aos profissionais que trabalharão no evento os pés limpos durante todo o fim de semana. Salve, Barclay!
– O destaque desta pista é o triplo que construímos para substituir a mesa. É a parte mais interessante nesta alteração recente. O trecho de trás (da mata) também é algo que gosto bastante neste circuito – aponta o gringo.
Leandro Romagnolli conferia os detalhes da pista na manhã de quinta-feira, 17 – Foto: Elton Souza / BRMX
Leandro Romagnolli conferia os detalhes da pista na manhã de quinta-feira, 17 – Foto: Elton Souza / BRMX
E-mails ao BRMX
Carlos Prill é um gaúcho que gosta de motocross e, sempre que pode, divide sua opinião com o BRMX enviando e-mails para mim. Desde a primeira visita que eu e o Mau Haas fizemos à pista, na sexta-feira, 11 de maio, nesta prévia de GP Brasil 2012, Prill tem se manifestado.
Agora, o BRMX divide com seu internauta a evolução da análise de Prill. Os três e-mails foram editados e reunidos em um único texto para facilitar a leitura.
Acompanhe:
15 de maio – Elton,
Por causa de minha curiosidade, no verão eu passei na pista do Beto Carrero apenas para avistá-la. Sempre visito pistas quando posso, porém, esta eu tinha um desejo especial por ter sido construída pelo Barclay em um local que não havia um excedente de geografia natural a ser esculpida, diferentemente de Canelinha.
Mas, o que vi em Penha foi uma pista muito estreita, exceto no gate e nas duas primeiras curvas. Fui obrigado a considerar que a cobertura de grama avançou sobre a pista e me causou tal impressão. Também achei que os obstáculos tendenciam para supercross.
Agora, acessei o vídeo on board do Roberto Castro na SL 2011 que foi publicado no teu site, e as imagens também me transpareceram de pista bastante estreita mesmo. Tenho certo conhecimento neste tipo de imagem.
Sabe me dizer se a organização aumentou a largura do traçado para a prova do final de semana? Ou, a exemplo da pista de Indaiatuba (que foi projetado para ser um traçado mais travado que o tradicional na Europa), a ideia em Penha é também de diminuir a diferença dos nossos “riders” pros gringos que são especialistas em pista mais rápida?
E se, caso não aumentaram, os gringos não irão pra casa falando mal da nossa etapa?
16 de maio – Certo dia li que eles querem diversificar as pistas do Mundial para, justamente, definir o campeão mundial sobre todos os terrenos e condições, o que é lógico.
Porém, essa diversificação se dá de país pra país e, internamente, já temos três opções de pistas travadas ou de média, com graus de dificuldade acima do normal do brasileiro que foram preparadas por eles, mas que ainda são muito, mas muito diferentes das pistas lá da Europa que vejo pela TV.
Assim, estamos apenas fazendo parte da diversificação pros pilotos deles. Um exemplo é o Wellington Garcia que quase foi pro outro mundo lá na Bulgária devido ao grau de dificuldade. O próprio Nações do ano passado também serve de exemplo. Também reconheço que não há como evoluir tanto assim desde 2009 e, que o correto é degrau por degrau sendo consistente.
Deixaram pra treino a nova pista do mundial de Canelinha e que serviu muito para a evolução, mas, acho que a do Beto Carrero não corresponde ao mesmo grau de dificuldade. Sendo assim, concluo que travaram a pista para nivelar por baixo para inserir os brazukas no pelotão mais à frente. Vejo como uma boa jogada! Caso larguem bem, terão mais chances e, consequentemente, gerará mídia para os patrocinadores que bancam a festa o ano inteiro aqui no Brasil, inclusive a vinda do evento.
Torço para que isso aconteça.
17 de maio – Bahhh Tchê!!! Vi as fotos de Penha. Tá um show!!! Mundial é Mundial…
A largura da pista foi solucionada com um leve deslocamento das estacas pra fora. Nota 10!
Abraço,
Carlos Prill
Carlos Prill optou por ficar em casa neste fim de semana, longe de Penha e do GP Brasil. Ele tem seus motivos.
