Da decepção no AMA Supercross a consagração no AMA Motocross.
Dizer que 2018 para Eli Tomac foi um ano de altos e baixos seria um exagero, mas os números mostram que a temporada do piloto da Monster Energy Kawasaki oscilou bastante.
Após perder o título no AMA Supercross, Tomac se redimiu com a conquista do bicampeonato no AMA Motocross.
E agora ele pode, ao lado de Aaron Plessinger e Justin Barcia, levar os Estados Unidos ao título do Motocross das Nações após 7 anos da última conquista.
Lembrando que os americanos correm em casa, já que o evento será realizado nos dias 6 e 7 de outubro na pista de RedBud.
Seria a 23ª conquista do país que é o maior vencedor da história do evento, além de quebrar uma hegemonia francesa que já dura quatro anos.
Mais uma temporada sofrível no AMA Supercross
Tomac começou o ano mais uma vez buscando um inédito título na principal categoria do AMA Supercross, a 450SX.
Mas infelizmente (para ele) o filme da temporada 2017 se repetiu, só que desta vez com um roteiro um pouco mais dramático.
Embora tenha vencido a maioria das 17 etapas do campeonato (8 no total), o piloto da Kawasaki mais uma vez teve uma temporada inconsistente, alternando bons e maus resultados e, principalmente, deixando escapar pontos preciosos nas etapas em que não foi o vencedor.
Seus adversários diretos na briga pelo título, Jason Anderson e Marvin Musquin, venceram bem menos etapas (quatro vitórias cada um), mas cresceram em cima dos erros de Tomac, principalmente nas etapas em que não puderam derrotar o piloto da Kawasaki, mantendo resultados consistentes.
Como diria Ricky Carmichael:
– É nos piores dias que se vence um campeonato.
Pois é, Tomac não aproveitou seus piores dias no AMA Supercross 2018 e desta vez terminou na terceira posição, sequer ficando com o vice-campeonato, que foi para Musquin (Anderson garantiu o primeiro título de sua carreira na 450).
Aliás, foi com Musquin que Tomac viveu o momento mais ácido da temporada, mais especificamente durante o Main Event da 15ª etapa em Foxborough, no Massachusetts.
Vindo de uma corrida de recuperação, o piloto da Kawasaki assumiu a liderança faltando duas voltas para o final, ao ultrapassar o francês.
Musquin não se deu por vencido e devolveu a ultrapassagem com um agressivo blockpass, deixando Tomac no chão.
Obviamente a reação de um com o outro ao final da corrida não foi nem um pouco amistosa (vídeo abaixo).
A redenção no AMA Motocross
Se as coisas não foram bem para Tomac no supercross, no motocross tudo foi diferente.
O piloto da Kawasaki mais uma vez demonstrou sua força e tal supremacia ficou evidente não só no desempenho mas também nos resultados.
Mostrando porque era o atual campeão da categoria 450, Tomac venceu 15 das 24 baterias disputadas em 12 etapas.
Contando somente o resultado final (soma das baterias) foram 8 vitórias em 12 etapas, além de 10 pódios (somando vitórias com segundos e terceiros lugares).
O bicampeonato só veio na última etapa porque Musquin, seu adversário direto na briga pelo título, também costuma ser um piloto muito forte no motocross.
O francês da KTM venceu 5 baterias, 3 etapas e, entre vitórias, segundos e terceiros lugares, esteve no pódio 11 vezes.
Tal consistência o ajudou a impedir que Tomac lhe impusesse uma derrota humilhante: foram apenas 16 pontos de diferença na classificação final.
A chance de título em casa no Motocross das Nações
Garantido o bicampeonato no AMA Motocross, Tomac agora encara o maior desafio da sua carreira em 2018.
Ao lado de Aaron Plessinger e Justin Barcia (e mais uma vez sob a chefia do lendário Roger DeCoster), ele tem a missão de levar os Estados Unidos ao 23º título de sua história no Motocross das Nações, após 7 anos da última conquista, em 2011.
A empreitada ganha uma pressão ainda maior por outro motivo: os Estados Unidos correm em casa, já que o evento será realizado na pista de RedBud, nos dias 6 e 7 de outubro.
Nada que tire o favoritismo dos donos da casa, que, pela primeira vez depois de alguns anos, vão para o evento com força máxima, contando com seus melhores pilotos.
Outro detalhe que aumenta tal favoritismo é o fato da França, campeã das últimas quatro edições, estar desfalcada de dois de seus principais pilotos.
São eles, Romain Febvre, campeão mundial da MXGP em 2015, e o próprio Marvin Musquin, que sequer foi convocado.
Mas não se engane: outros adversários fortes, como Holanda, Bélgica e Alemanha estarão com força máxima em RedBud.
E, embora nem todo mundo acredite em superstições, foi na etapa de RedBud do AMA Motocross deste ano que Tomac teve seu pior resultado, somando apenas 12 pontos e vendo Musquin assumir a liderança na classificação.
Justo numa ocasião onde o sentimento de patriotismo dos americanos fica à flor da pele, já que a etapa foi disputada em 7 de julho, três dias após o feriado da Independência dos Estados Unidos.
Mas é apenas superstição e se apega a ela quem quer.
O fato é que Tomac (terceiro Nações), Barcia (quinto) e Plessinger (primeiro) possuem uma chance única de fazer história em suas respectivas carreiras.
Se ajudarem os Estados Unidos a conquistar o título em casa, entrarão para um seleto grupo de pilotos que conseguiu isso em outras três ocasiões: Bob Hannah, Rick Johnson e Jeff Ward em 1987 (MXoN em Unadilla); Ricky Carmichael, Ryan Villopoto e Tim Ferry em 2007 (MXoN em Budds Creek); e Ryan Dungey, Trey Canard e Andrew Short em 2010 (MXoN em Thunder Valley).
No caso de Tomac, para quem teve um começo de temporada ruim, com a perda do título no supercross e, a consequente redenção com o bicampeonato no motocross, levar seu país ao título em casa seria algo ainda mais especial, equivalente a encerrar o ano com chave de ouro (ou isso seria título no Nações + título no Monster Energy Cup).
Se ele vai conseguir? Somente no dia 7 de outubro é que descobriremos.