Jean Ramos, da Yamaha Geração Monster Energy, foi o grande vencedor da 2ª etapa do Arena Cross 2017, realizada no sábado, 24, em Criciúma, Santa Catarina.
Nas três corridas da noite, o piloto ganhou o Duelo 1×1, ficou em terceiro na primeira bateria depois de uma prova de recuperação por causa de uma queda no início, e venceu a bateria final após boa disputa com Paulo Alberto.
Com os resultados, abriu 18 pontos de vantagem na liderança do campeonato sobre o inglês Adam Chatfield e o paulista Hector Assunção, que estão empatados na segunda colocação.
Ao fim da prova, o BRMX conversou com Jean Ramos para saber os detalhes da conquista. Veja!
BRMX: Em resumo, como foram suas baterias?
Jean Ramos: Caí na primeira bateria e vim de trás com incentivo do público. Acabei em terceiro e com isso sabia que poderia buscar a vitória na segunda bateria. Troquei o lugar no gate para a segunda largada e saí bem. O Adam (Chatfield) saiu um pouco melhor, eu sabia que ele estava rápido, então aguardei algumas voltas, passei ele, mas depois fui um pouco atrapalhado pelos retardatários.
BRMX: Foi quando você e o João Ribeiro se tocaram.
Jean Ramos: Infelizmente fiz uma manobra arriscada e acabei batendo no João (Ribeiro) na recepção do salto. Foi sem querer. Ele não encaixou e eu pensei que ele iria fechar, mas ele abriu e eu estava encaixando. Minha moto travou e o Paulo (Alberto) me passou. Me recuperei e comecei a pressionar ele (Paulo Alberto) pela liderança. Faltando 5min, imprimi um ritmo forte, ele cometeu um erro, bati nele sem querer porque não estava esperando esse erro, ele caiu, parei, desviei dele, e segui para vencer.
BRMX: Resultado te deu uma boa vantagem no campeonato.
Jean Ramos: Foi um bom resultado para o campeonato porque abri alguns pontos. Contei com a sorte no duelo e na segunda bateria, mas tive azar na primeira bateria. Estou feliz com minha pilotagem e com minha moto. É manter o foco para defender o título.
BRMX: A confiança está de volta?
Jean Ramos: Tive alguns problemas ano passado, o tombo de Extrema me prejudicou bastante, mas minha autoconfiança está voltando aos poucos. E aos poucos estou voltando a ser o velho Jean Ramos.
BRMX: Na seção na frente da arquibancada, você e o Paulo faziam diferente. A corrida foi decidida lá?
Jean Ramos: Ali era o ponto da prova. Na primeira bateria, eu até nem conseguia saltar a sequência de três, mas eu fazia diferente. Forçava o piloto da frente na curva anterior e obrigava ele ir pra fora. Aí eu saltava em cima da mesa, da mesa pra baixo, e as últimas costelas conseguia ultrapassar. Foi assim que passei o Adam na segunda bateria. Mas com certeza o traçado fora e três era bem mais rápido. Eu e o Paulo com bastante experiência em pistas de supercross conseguimos saltar durante toda corrida, mesmo com a pista ficando pior. Estes detalhes fazem diferença.
BRMX: A pista estava melhor em relação as outras etapas do Arena?
Jean Ramos: Estava. Foi bem compactada. No Duelo 1×1 estava lisa. Eu não vi eles molhando a pista, e ela ficou mais lisa. Mas graças a Deus a 50cc andou antes e acabou ajudando a melhorar o terreno. Quando vim de trás, na primeira bateria, podia mudar as linhas e fazer as ultrapassagens porque o terreno estava colando. Foi uma pista bem diferente da primeira etapa que foi em um terreno mole cheio de canaleta.
BRMX: E o novo formato do Arena, só com baterias da 50cc e Pró?
Jean Ramos: Contribuiu para a manutenção da pista. Acredito que poderia ter a MX2 e talvez mais uma bateria da Pró com corrida classificatória. Mas acho que o formato está legal. O ponto mais positivo é o público poder entrar no box. Hoje tirei muita foto. As pessoas me reconhecendo foi muito legal. O povo de Santa Catarina é muito carinhoso, gosta de motocross. Rio Grande do Sul é assim também. Correr no sul é sempre muito bom porque o público vem mesmo, compra boné, camiseta, participa. O público volta pra casa com um autógrafo, com uma foto, uma camiseta. Aos poucos isso é importante porque vamos formando ídolos. Precisamos disso.
BRMX: Teve uma sessão de autógrafos com todos os pilotos.
Jean Ramos: Foi um movimento muito legal. Um folder com todos os pilotos, com as nossas mídias sociais. As pessoas às vezes só conhecem o piloto de capacete e estes momentos mostram nossa cara. Alguns fãs chegavam e falavam “nossa, você é o Jean, um menino”. Isso desenvolve ídolos. Quando o fã vê o piloto pessoalmente, cria uma empatia. Aprendi muito com o Eduardo Saçaki, que era um cara que tirava a roupa do corpo para dar aos fãs e ainda é muito lembrado no país todo.
BRMX: Brasileiro de Motocross é a tua próxima corrida. Qual a expectativa?
Jean Ramos: Tenho uma do Paranaense antes, mas é mais para treinar em um nível forte. Próxima do Brasileiro é em São José, na pista da cidade da equipe Yamaha, vamos nos preparar bem. A primeira etapa foi estranha pra mim, eu “não estava lá”, deu tudo errado, não consegui andar o fim de semana inteiro, mas acontece. Hoje me encontrei aqui e o estilo de pista era bem parecido, terreno duro e liso. Então, vamos continuar trabalhando. Temos que evoluir pra brigar pelo campeonato.
BRMX: Gosta da pista de São José?
Jean Ramos: Gosto, me agrada bastante. Antes eu não gostava muito, até gostava de andar mas não tinha bons resultados. Mas ultimamente tive bons resultados. É um pista bem veloz e técnica. Agrada todo mundo. Esperamos que o público compareça em peso que o espetáculo vai ser bonito.
BRMX: Neste ano você está fora do time do Motocross das Nações porque a data coincide com uma possível final do Arena Cross. Como você enxerga esta situação?
Jean Ramos: Fico um pouco chateado porque gostaria de ir para o Nações, mas são coisas que temos que conviver aqui no Brasil. A Romagnolli não confirmou a data, mas pode ser que aconteça mesmo no dia do nações. Ficaria inviável para o Cacau (chefe da equipe seleção brasileira) arrumar as motos para eu ir e chegar na hora não dar certo porque eu teria que correr a final do Arena, que afinal estamos disputando o título. Fico como suplemente, caso a data não coincida e algum dos meninos não possa ir. De qualquer maneira, se não for para correr, gostaria de ir para assistir e aprender, fazer uma reciclagem, ver o que dá para melhorar.