A segunda edição do Hot 5 com Juan Torres apresenta algumas novidades interessantes do motocross internacional. Aproveitamos o assunto e para lembrar que o AMA Supercross terá sua 15ª etapa realizada neste sábado, 18, em Santa Clara, Califórnia. Esta será a última rodada na Costa Oeste, que já tem o campeão da 250 definido (Cooper Webb).
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Esporte individual?
No meu primeiro Hot 5, comentei que Ryan Dungey estava muito sólido e que Canard era o único piloto capaz de lhe fazer frente. Pois, uma vez que Canard se lesionou, o caminho ficou livre para Dungey. Não que eu queira tirar os méritos dele pelo título, pelo contrário, “The Diesel” está fazendo um trabalho excelente e conta com uma equipe de luxo, com Aldon Baker de treinador, Pit Beirer e Roger De Coster no comando, e um grande mecânico, que é um latinoamericano como nós, chamado Carlos Rivera, de Porto Rico.
Dungey é um exemplo claro de que não é necessário ser o mais rápido na pista para ganhar campeonatos, mas é preciso ser inteligente e constante, e que também não é apenas o piloto que ganha, não é apenas talento individual, já que hoje em dia é preciso uma boa equipe de trabalho, com mecânico, treinador, chefe de equipe, técnico de suspensão e muito trabalho de equipe. Por isso, digo: o motocross deixou de ser um esporte individual.
Desmontando a KTM Factory
Semanas atrás tive a oportunidade de desmontar completamente uma KTM SXF 250 Factory Edition (edição de fábrica) – que teve algumas edições, limitadas, vendidas aqui nos EUA. Fiquei realmente surpreso com o trabalho que a KTM dos Estados Unidos fez junto com a KTM da Áustria. Esta moto tem muito do trabalho de Roger De Coster e seus pilotos nos EUA, e é a moto que estará disponível para venda em massa, para o público em geral, em 2016.
Além de ser a muito leve, ela vem cheia de detalhes, como as válvulas de titânio da marca Delwest, uma bateria super rápida de lithium e uma suspensão WP 4CS que só é utilizada nos modelos norte-americanos. É uma moto muito top, que realmente faz jus ao slogam da marca “Ready to Race” (pronta para correr). Sem querer puxar o saco da KTM, eu diria que ela está um degrau acima das outras motos que vão para a rua, pois além de tudo o acabamento é muito bom.
Nesta semana, a Husqvarna – que é a marca “irmã” da KTM – lançou a sua moto “factory”, que tem basicamente os mesmos componentes, mas com outro visual.
Amadores nos EUA
Já temos um bom grupo de pilotos brasileiros e latinos classificados para as provas regionais (depois de passarem das corridas de área), que podem levá-los até o Loretta Lynn’s 2015, o campeonato amador mais importante dos Estados Unidos. Enzo Lopes, Ramyller Alves, Tauan Brenner, João Pedro Rezende, Maiara Basso, Matheus Basso e Lucas Bottcher são os brasileiros, e ainda temos Lorenzo Locurcio (Venezuela) e Martin Castelo (Equador).
Vale um destaque ao trabalho que Lorenzo Locurcio, 18 anos, vem realizando. E não é porque ele é do meu país. Nesta semana, por exemplo, ele esteve no Califórnia National, em Glen Helen, e conseguiu outra participação destacada, vencendo as categorias 450 Pró e Open Pró, ganhando quatro das seis baterias que disputou. Acredito que ele é o próximo latino-americano que veremos nos campeonatos profissionais, como AMA MX e AMA SX.
As motos no campeonato japonês
Acho interessante olhar o campeonato japonês de motocross porque ele é uma janela onde podemos ver os modelos de moto que estarão disponíveis no mercado do próximo ano. Pelas fotos, a Kawasaki (acima) não está muito diferente da 2015, mas acho que vem algumas novas mudanças no chassis. Eles tentam melhorar o chassis desde 2009, e olhando essa foto aí, parece que eles estão abaixando um pouco mais a traseira, abaixando o centro de gravidade da moto. A Kawasaki sempre fez uma moto grandona, com traseira alta. Agora dá pra ver que os plásticos estão encaixados diferentes, outro indício de que o chassis vai mudar.
Na Honda podemos notar um amortecedor traseiro diferente, no mesmo modelo que Max Nagl utilizou em Trindade, Goiás, ano passado, durante o GP Brasil do Mundial de Motocross. É curioso também notar estas suspensões dianteiras com molas, ao contrário da tendência atual. Assim como a gente já sabia que a Honda 2015 viria com algumas modificações, como a saída do escape para o lado esquerdo que se confirmou depois, podemos ver estas motos protótipos no Japão e tentar entender o que estará disponível para venda em breve para pessoas como nós.
E na Yamaha, se observarmos o chassis no nível o cabeçote, podemos perceber reforços para torná-lo mais rígido. Isso tem o objetivo de dar mais tração, e mais estabilidade na parte dianteira da moto.
Dica de mecânica: Links
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* O vídeo é em inglês, mas as imagens falam bastante
Os Links do amortecedor traseiro são componentes importantes para o bom desempenho da nossa suspensão. Mas, geralmente esquecemos de fazer manutenção neles. Eu recomendo que, quando compramos uma moto nova, devemos desmontar e lubrificar bem os Links porque quase sempre eles vêm com pouca graxa.
Devemos fazer esta mesma manutenção a cada 20 horas de uso da moto, assim evitamos o acúmulo de sujeira nos rolamentos e, por isso, o mau funcionamento do amortecedor traseiro. Lembre-se: de nada adianta preparar a tua suspensão se os Links estão sujos e mal lubrificados.
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Um saludo a todos e até a próxima!
Juan Torres – venezuelano, vive nos Estados Unidos e é mecânico profissional e treinador de pilotos. Além disso, divide seu conhecimento e opiniões com os seguidores do BRMX. Contato: [email protected]