FIM, Youthstream e fabricantes pensam em mudanças que podem revolucionar o motocross

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NOTA DA REDAÇÃO: o texto abaixo é uma tradução do original escrito pelo jornalista inglês Adam Wheeler, da OTOR Magazine, parceiro do BRMX desde 2013. Sua revista é publicada a cada 15 dias e está disponível no rodapé do BRMX – desça até o fim da página e acompanhe.

 

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Será que muda muito? – Crédito: Maximo Zanzani

 

Um dia

Por Adam Wheeler, OTOR

Todos os poderes que estão por trás do Mundial de Motocross – FIM, Youthstream e fabricantes – vão se reunir após o Motocross das Nações, que acontece neste fim de semana, 26 e 27 de setembro, em Ernée, na França. Na agenda, há inúmeros tópicos – por que a temporada 2016 se estendeu a 19 etapas, por exemplo – e talvez uma delicada conversa sobre uma mudança na potência da classe MXGP, como discutido em 2015, porque os pilotos tem cada vez mais velocidade, mas as visitas aos hospitais são mais frequentes também.

Talvez seja hora de discutir seriamente a possibilidade de mudar o Grande Prêmio para o espetáculo de um dia reservado às categorias MXGP e MX2, especialmente porque há tantas corridas paralelas, dos campeonatos europeus, como parte do evento. As vantagens incluiriam um tempo valioso para a manutenção de pista (os profissionais reclamam constantemente que os pilotos da 125, 150, 250 e 300 – dos campeonatos europeus – têm um tipo diferente de canaletas e saltos) e da criação do Grande Prêmio “Espetáculo” no domingo, enquanto o Campeonato Europeu poderia fornecer as corridas para os fãs no sábado. Se o público quer ver Cairoli, Febvre, Paulin, Herlings e companhia, então existe uma oportunidade fantástica aos sábados para sessões de autógrafos, sessões de perguntas e respostas no box e responsabilidades corporativas que os patrocinadores podem criar (e assim, aumentar o marketing e a marca do Grande Prêmio). As estrelas do MXGP ainda estariam no local para o fim de semana, mas haveria equilíbrio nas mudanças e entretenimento, haveria um estímulo para o evento principal.

Uma consequência (após ter ouvido alguns pilotos falarem sobre o assunto), seria o fim das corridas classificatórias. Onde está a vantagem nisso? Bem, some 18 GPs com duas baterias cada e mais 18 classificatórias. Significa que os pilotos estão largando 54 vezes em uma temporada. Se retirarmos as classificatórias, imediatamente reduziríamos o risco de acidentes para 1/3. Um pequeno treino e um formato “Super Pole” no domingo de manhã poderia satisfazer os pilotos e ampliar o interesse dos espectadores.

Enquanto estamos nisso, vamos também pensar no formato das somas de baterias. E se a primeira bateria carregasse uma escala menor de pontos (para os top dez) e a classificação decidisse a ordem de chamada no gate de largada da segunda bateria? A corrida final seria decisiva para a vitória do Grande Prêmio e do pódio, e esta seria televisionada ao vivo, o foco e o ponto alto do evento e do fim de semana.

O que temos em oposição a esse esquema? Em primeiro lugar há uma tradição e uma relutância estabelecida pela Youthstream em condensar o GP e, potencialmente, afetar as chances de ter um circuito cheio de espectadores por dois dias. Esse pensamento é levemente enfraquecido pela EMX (campeonato europeu), que parece estar crescendo em termo de eventos, participantes e prestígio a cada ano que passa. Em segundo lugar há uma questão da difusão e o desejo da Youthstream de ter pelo menos a segunda categoria da EMX televisionada e transmitida em seu canal MXGP.TV. Atualmente, somente as corridas do domingo são apreciadas pelas câmeras e, para cobrir dois dias, significa um orçamento ainda maior.

Tudo o que será dito e planejado em Ernée, durante o Motocross das Nações, pode acarretar em mudanças no MXGP. Durante vários anos, duas baterias por categoria, quatro corridas em um dia, isso tudo significa dificuldades para a cobertura da TV. É algo longo, demorado e complicado. Há também a pressão para mover o esporte na direção da segurança.

Eu adoraria ver algum tipo de pesquisa realizada no box sobre esses tipos de alteração. Acredito que haveria um grau elevado de favoritismo e, juntamente com ideias interessantes, como um GP dentro de um estádio – que infelizmente eu ouvi que, por ora, foi cancelado – que iria dar as pessoas motivos para vibrarem e se animarem sobre onde o esporte pode chegar nos próximos dez anos.

 

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