Empresário jovem, de apenas 34 anos, Fabio Antunes alinhou para entrar no mundo off-road no mesmo gate de largada da sua empresa, a Brasil Racing.
No fim da década de 1990, Fabinho começou a história que virou case de sucesso. Assumiu a empresa – ao lado do pai, João, e da irmã, Adriana – aos 18 anos, e a transformou em uma das maiores importadoras de produtos para a prática off-road – e outros esportes de aventura – do país.
Fabinho, como é conhecido pelos amigos, tem o perfil de uma pessoa atenciosa, coerente, amigo e muito ligado à família. Características que se estendem à empresa, onde o clima de trabalho é amistoso, formado por pessoas que trabalham satisfeitas, cooperando uns com os outros.
A Brasil Racing é responsável pela entrada de marcas mundialmente consagradas como ProX, Thor, GoPro, Dragon, Pro Circuit, Renthal, Twin Air, Gaerne, entre outras, no território nacional.
Recentemente, a empresa também lançou a sua própria marca, a BR Parts, primando pela mesma qualidade dos produtos importados. E assim alcançou 15 anos de estrada de barro, já que o off-road está no DNA da empresa.
Abaixo você confere entrevista feita com Fabio Antunes no dia da festa de 15 anos da Brasil Racing. Ele conta detalhes da empresa, dá sua opinião sobre o futuro do motociclismo off-road, e fala sobre os planos para os próximos 15 anos.
Confira!
BRMX: Como começou a Brasil Racing?
Fábio Antunes: Em 1998 foi criada por um amigo do meu pai, aqui da Casa Verde (bairro de São Paulo, onde até hoje está a sede da empresa). Inicialmente era uma loja de varejo. Comecei a trabalhar com ele, tinha uns 15, 16 anos, e junto com ele, além do varejo, a gente começou a importar. Começamos com a marca ProX e, por volta do final de 1999, ele perdeu o interesse no negócio, começou a trabalhar com o irmão dele no mercado de automóveis, e como ele iria encerrar a empresa, achamos que poderia ser uma oportunidade. Assumimos a operação no meio de 2000, e é por isso que completamos 15 anos agora. Meu pai (João) e minha irmã (Adriana) estavam junto comigo, sempre acompanhando, eu tinha quase 18 anos, quando iniciamos a operação juntos. Nós três. Graças a Deus deu certo.
BRMX: Tudo começou com a ProX então…
Fábio Antunes: É nosso primeiro parceiro e deu muita força. Foi um casamento que deu certo e a gente, em consequência disso, vendo a necessidade do mercado e nossa de expansão, fomos atrás de outros parceiros lá fora. A segunda marca foi a Twin Air, a Boyesen veio agregando. E até meados de 2003 a Brasil Racing era só peças. Nossa criação vem do mercado de peças de alta performance. Depois começamos com os equipamentos, e hoje temos outras marcas que compõe nosso mix, oferecendo toda linha de produtos de alta performance para o Brasil.
BRMX: São 14 marcas, certo?
Fábio Antunes: Não, hoje são 15 marcas oficialmente distribuídas no Brasil por nós – clique aqui para ver a linha completa.
BRMX: Vocês atingem o Brasil inteiro?
Fábio Antunes: Todas essas marcas são distribuídas em todo território nacional. Sul e Sudeste ainda são os melhores mercados, mas nos últimos anos o Nordeste cresceu muito.
BRMX: O catálogo já não é mais exclusivamente voltado para o off-road, certo?
Fábio Antunes: Algumas marcas nos deram uma força, um empurrão, para caminhar para outros mercados. Por exemplo, a própria Renthal tem seguimento Renthal off-road, Renthal bike, Renthal street, a EVS é o mesmo caso, a Gaerne, os óculos Dragon também servem para a prática de downhill, de bike. Então, a gente viu oportunidades ao longo dos anos e nos segmentamos para atuar nesses dois mercados de bike e street, e também com a chegada da GoPro em 2010, a gente expandiu. No início era exclusivamente no mercado de moto, mas como a parceria deu certo, expandimos para bike, street, action sports. Ainda assim, o nosso DNA é o off-road, que é onde começamos.
BRMX: Você vê o mercado brasileiro evoluindo?
Fábio Antunes: O mercado tem crescido nos últimos anos, apesar das dificuldades atuais, a perspectiva é que o crescimento continue em um ritmo mais lento agora, mas a perspectiva é que a evolução continue nos próximos anos. E nós também buscamos profissionalizar cada vez mais, e melhorar nosso trabalho, crescendo junto com o mercado. Temos uma equipe muito boa, os colaboradores são grande parte do nosso sucesso e, com certeza, não paramos de evoluir.
BRMX: Em termos de competição, também está melhorando?
Fábio Antunes: Tivemos experiências positivas como a Copa São Paulo de MX e a Copa Brasil de MX, que teve como uma das iniciativas unir a indústria para ajudar promover corridas. Sabemos das dificuldades que encontramos nas federações, e a consequência é que as empresas acabam sofrendo com isso. Sentimos falta de uma organização melhor, de um profissionalismo maior. Imagino que os pilotos sofram muito mais com isso, porque a gente acaba vivendo também do esporte amador. Mas o esporte em geral perde porque dá espaço na mídia ou no mercado para outros esportes. Vimos o enduro crescer neste ano com equipes e competições bem organizadas. Nós, da Brasil Racing, tivemos uma experiência bacana patrocinando a equipe Orange BH KTM. É um mercado (enduro) que estamos atuando bastante, vendo com bons olhos e com potencial de crescimento muito grande. E também continuamos apoiando pilotos no motocross por todo o Brasil.
BRMX: O quanto a alta do dólar tem atrapalhado? Tem alguma maneira de isso não chegar ao consumidor final?
Fábio Antunes: Esse é o grande problema, e a pior parte ainda vai chegar, porque o dólar se valorizou muito rápido. Tentamos manter os preços com estoque antigo, mas isso se torna impossível com a chegada de novas importações, e a consequência é que os reajustes cheguem ao consumidor final.
BRMX: Inibe um pouco também a pessoa de comprar no exterior, porque lá ele tem que pagar à vista…
Fábio Antunes: Sim, comprando lá fora está muito mais caro também. Como o dólar subiu muito rápido em pouco tempo, o que acontece é que alguns produtos já começam a ficar até mais baratos no Brasil do que lá fora, compensando comprar aqui no Brasil com vantagens como pagamento parcelado, garantia e pós venda.
BRMX: O suporte, a garantia do produto, passa por vocês?
Fábio Antunes: Sim, temos nosso setor de pós-venda, de garantia. São especialistas nesse suporte. Tanto ao consumidor quanto ao lojista. Temos um setor exclusivo para tratar disso.
BRMX: Como está o negócio da montagem da GoPro no Brasil? Quanto isso ajudou e vai ajudar vocês daqui para frente?
Fábio Antunes: Somos distribuidor e importador de GoPro há cinco anos. E no final de 2014, eles iniciaram a operação GoPro no Brasil. Hoje as câmeras já são nacionalizadas, mas continuamos importando os acessórios. Ajudou a baratear a câmera, tornando assim mais competitivo em relação ao mercado paralelo, que foi sempre o maior problema da operação GoPro.
BRMX: Ela está sendo montada aqui no interior de São Paulo?
Fábio Antunes: Monta no interior de São Paulo. A GoPro já tem uma equipe comercial e equipe de marketing para o Brasil. A Brasil Racing junto com a GoPro tem se esforçado muito para que essa operação seja cada vez mais efetiva. Atualmente, se o consumidor fizer a conta, compensa ele comprar uma GoPro no Brasil, onde ele vai ter a garantia, pós-venda, assistência, e vai pagar parcelado, coisa que não teria comprando nos EUA, por exemplo.
BRMX: Os produtos estão chegando mais rápido também. Vocês já tem aqui a linha 2016 da Thor, por exemplo…
Fábio Antunes: Sim, hoje é rápido. Evoluímos nesse sentido também. Antigamente as coisas chegavam dois ou três meses depois do lançamento, hoje chegam em poucos dias. Temos que programar, que é a parte logística da operação, às vezes fazer pedido de com seis ou oito meses de antecedência.
BRMX: Vocês também têm marca própria, a BR Parts, lançada em 2011. Como que ela está no mercado?
Fábio Antunes: A BR Parts foi criada com o intuito de tornar alguns produtos mais acessíveis ao público da CRF 230, que é a moto mais popular hoje no Brasil. Os itens importados, de marcas americanas e europeias chegavam aqui muito caros para esse público. Mais tarde, desenvolvemos alguns outros produtos para motos importadas também, para KTM, Honda, e as outras importadas. Ainda é uma marca jovem, mas já cresceu muito, ocupa um valor significativo, tem presença bacana tanto no mercado quanto aqui dentro para a Brasil Racing.
BRMX: Tem de pedaleira à parafuso?
Fábio Antunes: Sim, pedaleira, manetes, pedais, cabos, juntas, embreagens, guidões. A linha já está bem grande.
BRMX: A Pro Circuit também abocanhou este mercado das 230 com o escape…
Fábio Antunes: A 230 é uma moto que já tinha também nos Estados Unidos, e a Pro Circuit tinha esse produto disponível. Claro que o conceito dela nos Estados Unidos é diferente, e eles não tinham tanta venda desse produto lá. No nosso segundo ou terceiro pedido eles nos questionaram porque tanto escapamento para essa moto. E aí eles entenderam o que acontece no Brasil, que é a moto mais popular, mais acessível para o consumidor que quer iniciar no off-road. A 230 vira canhãozinho com este escape Pro Circuit. É comprovado em testes que fica outra moto.
BRMX: A Brasil Racing pensa em ter uma equipe de motocross?
Fábio Antunes: É uma vontade, mas é um projeto que ficou para o futuro.
BRMX: Ter uma equipe hoje é um projeto exclusivamente de marketing?
Fábio Antunes: Além de marketing, vejo que seria uma realização profissional da Brasil Racing, fazer esse trabalho para o esporte, para o mercado. Não visando tanto o retorno financeiro ou algo desse tipo, seria mais uma realização nossa de conseguir fazer esse trabalho no Brasil.
BRMX: Você já foi piloto? Gosta de andar de vez em quando?
Fábio Antunes: Não, na verdade nunca tive a oportunidade. Comecei tarde no ramo, e só brinquei algumas vezes, mas nunca pilotei sério.
BRMX: E tem algum hobby? Gosta de assistir corrida?
Fábio Antunes: Gosto e acompanho todas as competições, tanto no Brasil quanto lá fora. E o hobby é bike e futebol, às vezes.
BRMX: Você pedala longas distâncias? Mountain bike?
Fábio Antunes: Ultimamente não estou aguentando muito, não (risos), mas eu gosto e mountain bike.