Huntington Beach (Califórnia) – Foram seis Main Events e seis pilotos diferentes no topo do pódio. Este é o saldo da temporada 2012 do AMA Supercross, que vai ganhando forma e apontando os favoritos para, o que pode ser, um dos campeonatos mais disputados da história – assim como foi no ano passado.
Em Anaheim 1, tivemos uma pista travada, conservadora, com voltas com mais de um minuto de duração. Em Phoenix, tivemos uma pista mais tradicional, porém, segura. Já em Los Angeles, mesmo com a ameaça de chuvas, vimos uma pista bem técnica e agressiva, com grandes saltos. Além disso, havia duas seções de costelas que, ao invés dos pilotos simplesmente “flutuarem”, como de costume, obrigava a todos serem criativos, mudando suas linhas ou pulando-as em sequências diferentes uns dos outros.
Em uma observação geral sobre a terceira etapa, depois de passada a ansiedade e as surpresas das duas primeiras, Los Angeles fez tudo voltar ao “normal”. A maioria dos favoritos se classificou e brigou pelas primeiras posições, a não ser o piloto da American Honda, Justin Brayton, que não participou do evento principal.
Com a ameaça da chuva, a pista ficou sem irrigação desde a sexta-feira, quando foi coberta. No sábado, a pista foi descoberta na parte da tarde, quando as chuvas pararam. Com a pista completamente seca, os pilotos tiveram somente 15 minutos de treinos cronometrados, que começaram somente às 15h45 no horário da Califórnia, o que já era 21h45 no horário brasileiro de verão.
Pista coberta e previsão de chuva no último fim de semana em Los Angeles – Foto: Supercrossonline.com
Este ano, ao contrário do ano passado, eu pude chegar cedo ao evento, dar uma olhada nos treinos, conferir os boxes e fazer uma análise do estádio, que em minha opinião, não pode ser comparado com o Angels Stadium, em Anaheim.
Começando pelo fato de que cada ingresso tem uma entrada especial correspondente. Então, dependendo de onde você sentará durante as provas, você terá que andar em volta do estádio, independentemente de onde você estacionar, o que pode gerar um problema para algumas pessoas, especialmente se você tem crianças de colo.
Em segundo lugar, os pits não são conectados com o estádio. Então, para ir aos pits, você tem que reescanear o seu ingresso, sair do estádio, e, na volta, você precisa escanear o ingresso novamente, fazendo o mesmo processo de como se você estivesse chegando ao local pela primeira vez.
Em terceiro lugar, mesmo com a ameaça de chuva, que com certeza espantou vários espectadores, o estádio não tinha nem a metade do público que o mesmo comporta. Mesmo assim, estando o estádio construído no topo de uma colina, há somente duas saídas, o que faz o tráfego se transformar em um pesadelo na hora da saída.
Mesmo com a mudança da área dos pits, em relação com o ano passado, os times ficam “espremidos” no canto do estacionamento do estádio, o que também foi um dos piores que eu já presenciei.
Para resumir tudo, se a coordenação do AMA Supercross tem que fazer alguma mudança, que seja trazer essa corrida novamente para Anaheim, onde as condições e o público são muito melhores.
As provas
Na SX Class, os “Senhores Consistência”, Chad Reed e Ryan Dungey, mais uma vez se deram bem, faturando os degraus mais altos do pódio. A novidade foi James Stewart, que voltou a brigar pelas primeiras posições, resistindo à velocidade de Ryan Villopoto que, mais uma vez, veio de trás depois de se enroscar em um bloco de espuma logo na primeira volta.
Chad Reed fez uma prova perfeita, sendo agressivo nas primeiras voltas ao passar Stewart pela liderança. Já Ryan Dungey, mais uma vez, capitalizou com a queda de Stewart, que foi seguido de perto por Ryan Villopoto nas últimas voltas.
Eli Tomac venceu e assumiu a liderança na Lites, mas somente três pontos separam – Foto: Frank Hoppen / Feld Motorsports
Na Lites, Eli Tomac chegou na frente na primeira curva e não olho mais para trás, confirmando o favoritismo da pré-temporada com uma corrida perfeita. Eli, agora, assume a liderança do campeonato. Em segundo lugar ficou o outro favorito, Dean Wilson, seguido por Zach Osborne, que voltará logo à Europa para se concentrar para o Mundial de Motocross FIM. Em quarto, Tyla Rattray fez uma corrida conservadora e, com esse resultado, caiu para a terceira posição geral no campeonato.
Com um campeonato composto por somente nove etapas, Marvin Musquin e Cole Seely foram os mais prejudicados em Los Angeles. Cole largou bem, mas foi puxado para fora da pista logo na primeira curva e demorou muito para fazer a sua TLD Honda pegar, ficando uma volta atrás de Tomac, somente na 15ª posição.
:: Assista aos melhores momentos de Los Angeles no vídeo da GoPro
Musquin, que teve uma largada ordinária na sétima posição, vinha fazendo uma corrida agressiva e parecia que logo brigaria pela segunda colocação, com Wilson e Osborne, mas depois de Dean Wilson cometer um erro e não fazer um salto triplo, Musquin aterrissou o mesmo triplo muito à esquerda da pista, em uma poça de lama, onde “enterrou” sua KTM, o que o fez decolar por cima do guidão.
Marvin foi atendido pelo pessoal da Asterisk com muitas dores no peito, porém, depois de examinado, foi constatado que ele não sofreu qualquer fratura. Apesar de dolorido, ele vai poder alinhar no gate em Oakland neste fim de semana.
Jean Ramos: O curitibano Jean Ramos se mostrou confiante durante os treinos e preparado para as provas da noite. Infelizmente, Jean sofreu uma forte queda em sua heat, causado por outro piloto, mas com um pouco de sorte, ele acabou “ejetado” de sua Honda e aterrissou ao lado da pista sem demais problemas. Na LCQ, Jean largou no meio do pelotão, mas também foi puxado para fora da pista por outro piloto, e acabou não classificando para a final.
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Canard e Morais
Imagem do acidente repercutiu durante a semana – Foto: Motousa.com
O maior comentário deste fim de semana foi a queda de Ryan Morais e Trey Canard. Até este momento, os médicos confirmaram que ambos estão em condições estáveis e não correm risco de paralisia.
Sobre Trey, que fraturou as vértebras T10 e T12, alguns afirmam que ele foi submetido a uma cirurgia logo no domingo, 22, porém, seu irmão Aaron Canard tuitou que Trey está esperando por outros resultados para se submeter a uma cirurgia nesta quinta-feira, 26.
Sobre Ryan Morais, uma pessoa próxima à família me confirmou que o piloto está em uma situação estável, porém, a sua recuperação será lenta. Ryan, que inicialmente foi diagnosticado com fraturas na região cervical e facial, passou por uma melhor avaliação médica e foi descoberto que ele quebrou três costelas, perfurou o pulmão, sofreu uma lesão no globo ocular, além de fraturar a vértebra T1.
O maior problema dele é que aparentemente os médicos tiveram que literalmente parafusar seu maxilar, o que impossibilita a entrada de tubos de respiração que seriam necessários nas cirurgias para reparar os danos nas costas.
“Try not to become a man of success but rather to become a man of value” – Albert Einstein