Domingos Junior, organizador da corrida em Atibaia, fala sobre a operação da Receita Federal

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Domingos Junior, proprietário da Extreme Racing – Crédito: Carol Sarto

 

Domingos Ramos de Oliveira Junior é o proprietário da empresa Extreme Racing, organizadora da Copa Verão de Motocross, evento no qual aconteceu a primeira ação da Operação Enduro da Receita Federal, no domingo, 21, dia que foram apreendidas 44 motos.

Domingos está abalado emocionalmente e anunciou o cancelamento de todas as competições organizadas pela Extreme Racing. A empresa organizava outras competições de motocross e velocross, como a Copa São Paulo e Copa Interestadual, sendo ela quem alimentava de provas o estado paulista, uma vez que a federação local deixou de organizar campeonatos. Além disso, a Extreme Racing foi a empresa que deu suporte à organização em 2015 à primeira etapa da Copa Brasil de Motocross, válida também pela terceira etapa do Brasileiro de Motocross 2015.

Nesta quarta-feira, 24, Domingos Junior respondeu ao BRMX sobre a apreensão das motos no seu evento. Ele esclarece também a falta de médico na prova e o trabalho dos bandeirinhas menores de idade. Confira!

 

BRMX: A Extreme foi avisada, ou a Receita tinha mandado judicial para fazer a fiscalização?
Domingos Junior: Não fomos avisados de nada. A ação foi o fruto de uma investigação que começou meses atrás, quando saiu já no noticiário sobre importadores ilegais, do Mato Grosso e São Paulo (leia mais aqui). A Federal chegou de maneira ostensiva, sem qualquer documento, mas com muitos homens armados e mandando parar o evento. Sem reação e sem saber o que pensar com tantos policiais e armas, paramos tudo. Eles alegaram que, por ter menores (como bandeirinhas) e a falta de médico, não era para continuarmos. Atentemos de pronto. Mas depois, em off, eles mesmos nos informaram que o problema era com as motos e utilizaram o evento para poder encontrar todas juntas em um local só. Ficamos muito assustados com toda a operação, pois acredito que o efetivo policial geral era em torno de 80 a 100 policias, entre PRF (Policia Rodoviária Federal), Receita Federal, Militar e Civil. Estou até agora sem acreditar em tudo que aconteceu.

BRMX: A CBM, em nota, relatou que a prova apresentava irregularidades. Você poderia explicar essa situação?
Domingos Junior: Sobre isto talvez eu me alongue um pouco mas é para você entender. Todas as nossas provas são pela Liga (Liga Independente de Velocidade e Regularidade do Brasil) que foi montada em 1999, com a criação da Lei Desportiva no Brasil, e inclusive homologa e já homologou mais de 600 eventos, não só em São Paulo, mas como em todo o Brasil em diversas modalidades, como o Moto 1000 GP, que começou sobre a homologação da Liga e hoje é o Brasileiro de Motovelocidade, e até mesmo o Arena Velocross, que teve sua primeira prova homologada pela Liga, no Paraná, pois a federação local não acreditava no trabalho, ou até mesmo, no ano passado, a prova da Copa Brasil de Motocross, em Indaiatuba, que foi válida pelo Brasileiro de Motocross, teve toda a documentação legal, junto ao Corpo de Bombeiros, Polícia e Prefeitura Municipal em nome da Liga. Então, é por isso que não precisamos e não dependemos de federações. Com questão aos bandeiras menores, são moradores locais e têm a permissão de todos os pais, inclusive todos os pais foram à Polícia Civil comigo e assinaram em meu favor com o seu consentimento. Realmente não tínhamos médico no local, como em muitas e muitas provas e eventos esportivos que conhecemos, mas tínhamos uma equipe de socorristas especializada, a mesma que trabalhou na etapa do Brasileiro/Copa Brasil que citei antes, e com os mesmos veículos de serviço, só que na etapa do Brasileiro estava presente o médico oficial da CBM (Confederação Brasileira de Motociclismo).

BRMX: Você divulgou que todos os eventos Extreme deste ano estão cancelados? Por que isso se faz necessário?
Domingos Junior: Os eventos todos foram cancelados porque a Extreme Racing Competições será encerrada e não iremos mais realizar eventos. Em uma reunião familiar chegamos a conclusão que tanto trabalho e tanta energia empregada sem retorno financeiro não é viável para nós, e mais ainda com tudo que nos aconteceu no último final de semana, humilhação e nervosismo. As nossas últimas forças se foram.

BRMX: Quantas motos NÃO foram apreendidas em Atibaia? Por que não foi possível dar prosseguimento ao evento?
Domingos Junior: Acredito que foram em torno de oitenta motos apreendidas num primeiro momento. Eles colocaram só as que realmente não estavam com a documentação em ordem, pois muitas estavam com dúvidas, inclusive motos que eram de concessionárias. Outra coisa que vale ressaltar é que entre as motos de competidores não havia nenhuma roubada. Foi encontrada uma moto de trilha irregular, uma tornado que constava que o motor era roubado. Mas ele também tinha o recibo, e foi à delegacia comigo e acabou liberado.

BRMX: A decisão de cancelar os eventos pode ser repensada?
Domingos Junior: Nossas vidas vão mudar radicalmente pois vamos tentar acertar tudo da empresa e mudar radicalmente de atividade. Temos fé em Deus que ele mostrará para nós um novo caminho.