Bruno Crivilin, piloto da Orange BH KTM, e seu chefe de equipe Carlos Augusto Constantino, embarcam nesta sexta-feira, 21, para disputar o Red Bull Romaniacs 2017. A competição acontece entre os dias 25 e 29 de julho, na Romênia, com Crivilin na categoria Silver (prata) e Guto Constantino na Bronze.
Crivilin é um dos destaques da nova geração do motociclismo off-road brasileiro. Aos 20 anos, esta é a primeira vez que o capixaba disputará a competição. Constantino é piloto experiente, empresário, entusiasta do esporte, e já correu diversas provas neste estilo, como o próprio Romaniacs, o Sea to Sky e o Hare Scramble.
Dias atrás, o BRMX conversou com Bruno Crivilin sobre sua carreira, que se revela muito promissora. Veja os destaques!
BRMX: Você começou a carreira mais tarde que a maioria dos destaques do motociclismo mundial. Conte um pouco da sua trajetória?
Bruno Crivilin: Queria ter começado cedo, mas não tinha condições. Comecei com 12 anos. Troquei um celular e um relógio numa DT 180. Meu pai e minha mãe acharam meio estranho, mas aceitaram. Depois comprei uma NX 200. Comecei a trabalhar em uma oficina de moto com 13 anos, galera foi me ajudando. Depois meu tio me ajudou a comprar uma CRF 230 junto com meus pais. E meu tio me levou pra todas as etapas do Brasileiro de 2013. E eu ganhei a categoria Estreantes. No ano seguinte, juntou um grupo de amigos, me tiraram do serviço por meio período – trabalhava de manhã, treinava à tarde e estudava de noite. Depois a Motolitoral, a Honda do Espírito Santos, deu um apoio e fomos para o Brasileiro. Terminei em segundo, evoluí muito. E no fim do ano, a Orange entrou em contato. Eles apostaram em mim. E veio evoluindo bastante.
BRMX: Agora esta oportunidade de correr uma competição tão importante. Qual a expectativa?
Bruno Crivilin: Fui ano passado como apoio do Guto e pude conhecer um pouco como funciona o evento. O objetivo é fazer um bom evento, terminar no pódio, entre os três melhores. A Silver tem muitos pilotos experientes, muitos que já correram na Gold, e o nível da Silver no Romaniacs é parecido com o da Gold no Brasil. Vai ser bem puxado, com subidas de 1h30min, enquanto no Brasil temos subidas de 30min.
BRMX: Além do Romaniacs, você também está confirmado na equipe brasileira do Six Days deste ano. Muitas oportunidades…
Bruno Crivilin: Estou feliz demais. Estávamos na luta, tentando colocar um time no Six Days há tempos, já que não temos uma seleção nacional desde 2003. Estou feliz demais por poder representar o Brasil.
BRMX: O enduro brasileiro, de forma geral, tem evoluído.
Bruno Crivilin: A evolução do Enduro está muito grande. Comecei a acompanhar em 2013, quando teve na minha cidade (Aracruz, Espírito Santo) e eu ajudei na organização. Depois comecei a correr. Vem em um crescimento muito grande, com mais investimento, pilotos mais fortes, atletas gringos vindo correr aqui e elevando nosso nível.
Hard Enduro chegando ao Brasil. Como está o campeonato brasileiro?
Bruno Crivilin: Primeiro ano. A modalidade chegou forte com o Minas Riders no ano passado e tem agradado a muitos pilotos. Nos meus cursos, me pedem mais técnicas de hard enduro do que de enduro de velocidade. A modalidade está crescendo muito. E o campeonato brasileiro está com um nível de prova muito bom, com bom número de pilotos.
BRMX: Há muito receio ainda deste lance de quebrar a moto?
Bruno Crivilin: Muitos pensam que vai quebrar a moto e tudo mais, mas na verdade, se você usar a técnica, não quebra tanto a moto. Então, tem mais gente entendendo isso e começando a praticar.
BRMX: Quais são teus planos futuros?
Bruno Crivilin: Tudo está acontecendo muito rápido. Saí da 230, montei numa moto importada, a KTM, e estou encantado, a moto é cada vez melhor. Meu objetivo deste ano é vencer a Enduro GP no Brasil. No Romaniacs, vou na categoria Silver e pretendo subir no pódio. E no Six Days, quero ser medalha de ouro, andar junto. Mais pra frente, tenho o sonho de correr o Mundial de Super Enduro, e talvez consiga correr já em 2018, sinto que tenho que correr, que posso ser campeão. E mais pra frente quero correr o Mundial de Enduro, entrar pra uma equipe de fábrica. Quando for mais velho, ir pro rally. Mas, vamos deixar acontecer.
BRMX: Quem são seus patrocinadores?
Bruno Crivilin: Estou na equipe Orange BH KTM pelo terceiro ano e temos vários parceiros como a Brasil Racing com BR Parts, Gaerne e Dragon, a ASW, a Borilli Pneus, a Motul, Suplementos Exceed, MRPro, BMS, Uswe, Alex Design, Academia do Pic, além da Red Bull e da Prefeitura de Aracruz que são meus patrocinadores particulares.
Volta rápida
Etapa preferida?
Aracruz, na minha cidade
Ídolo no esporte?
Antonio M e Peter Hansel
Hard Enduro ou Enduro?
Enduro
250, 300 ou 350?
350
2T ou 4T?
4T
Se pudesse escolher só um para vencer: Six Days ou Romaniacs?
Six Days
Cor preferida?
Azul
Bebida preferida?
Red Bull
Comida preferida?
Estrogonofe
Corrida mais marcante da vida?
Enduro da Independência 2015. Aconteceu um fato muito marcante. No último dia, eu e o Jomar (Grecco) e o Gianini tínhamos chances de ganhar. Eu estava liderando, passamos em uma subida de pedra muito lisa que todo mundo ficou preso, mas eu e o Gianini conseguimos subir. Se eu fosse, talvez eu perderia pro Gianini, a não ser que o Jomar conseguisse subir e ganhar. Parei, voltei e ajudei o Jomar a subir. Quase morri (de cansado). Deitei no chão e falei pra ele ir. Eu precisava respirar. Ele foi. Faltavam uns 10km de trilha. Voltei e vi ele no topo da montanha. Parei de planilhar e acelerei. Cheguei nele, passamos o Gianini e chegamos juntos. Jomar foi campeão e eu vice. Foi marcante.