Ben Townley volta ao Mundial de Motocross com trabalho mental para evitar a “má sorte”

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Ben Townley assinou com a Suzuki depois de três anos afastado das pistas – Crédito: Suzuki-racing

 

Em 2005, Ben Townley teve o mundo aos seus pés. Com o campeonato mundial na MX2 de 2004 em seu bolso, um dos mais populares pilotos da época assinou contrato para competir nos Estados Unidos. Todos sabiam que o jovem neozelandês seria um piloto de sucesso.

Ganhou o Supercross na 250 em 2007, mas a experiência nos EUA também foi repleta de má sorte, lesões e decepções. Depois tentou voltar ao Mundial, mas as lesões o atrapalharam outra vez e ele resolveu se aposentar em 2013. Até voltar em setembro de 2015 para defender a Nova Zelândia no Motocross das Nações e impressionar a todos com uma pilotagem segura e agressiva, tanto que quase venceu o campeão mundial Romain Febvre.

Agora, de volta sob as asas de seu mentor Stefan Everts, o público começa a acreditar que Townley dará seu “tiro certeiro” em busca de outro título mundial, desta vez na categoria MXGP.

Em entrevista ao site Motoxaddicts, Townley falou sobre sua preparação e suas expectativas para a temporada 2016. Confira!

 

Ben, Erneé 2015 – MXoN – foi como voltar para o seu velho território, lembrando 2005?
Ben Townley:
Realmente não. Em primeiro lugar, queria correr pela Nova Zelândia, e em segundo lugar é um desafio que eu tinha que encarar se quisesse correr em 2016. Quero ir até lá e vencer esse meu desafio, isso é importante para mim.

Obviamente quando você correu nos EUA, nos anos 2000, Stefan Everts tinha muita relevância em seu processo de aprendizagem. O quanto importante ele é em seu retorno?
Ben Townley:
Ele é grande parte da razão de eu estar aqui, assim como na Suzuki também. Há três pessoas na Suzuki que considero que podem me ajudar e me aconselhar, começando por Everts. Ele parou de competir há algum tempo e trabalhou com alguns caras da KTM. Será diferente, tenho 31 anos e um trabalho em andamento. Algumas coisas não mudaram para mim, mas outras coisas, preciso trabalhar! Sylvain é uma referência quando falamos de Suzuki, ele tem um grande conhecimento sobre a marca de forma geral, e será bem importante para chegarmos a um ajuste perfeito da moto. Há também o Harry, que me ajudará muito em minha pilotagem. Além deles, a equipe é composta por muitos técnicos experientes e acredito que é o melhor lugar pra mim.

 

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Townley e Everts – Crédito: Suzuki-racing

 

Kevin Strijbos e você são bem diferentes, você é mais intenso e extravasa mais, já Kevin é bem introvertido e mais calmo. Stefan mencionou que vocês querem se ajudar. Você acha que vocês vão conseguir ajudar um ao outro, e que se unissem as qualidades dos dois, seria um piloto perfeito?
Ben Townley:
Não é algo que temos pensado, mas com a nova estrutura e metas que Stefan estabeleceu para a equipe, tudo têm funcionado muito bem. Kevin e eu passamos umas semanas treinando na Espanha, tudo fluiu muito bem, e espero que isso se estenda por toda a temporada.

Você é alguém que quer ganhar o tempo todo e nem sempre isso tem sido um fator positivo para você. Já planejou como deseja se sair nas primeiras etapas desta temporada?
Ben Townley:
É algo que analisamos e conversamos bastante, já há algum tempo. Foi uma das primeiras coisas que nós discutimos. Com relação às primeiras etapas, mais precisamente, as cinco primeiras, temos que definir algumas metas sim. Temos que ter o pé no chão e construir uma boa base para a temporada sempre nos certificando de dar um passo depois do outro. Não basta ser apenas veloz, é necessário o pacote completo.

Analisando Ryan Villopoto no ano passado, ele teve um começo devagar e obteve uma vitória impressionante na Tailândia, mas ele realmente lutou, não foi fácil. Você aprendeu algo com isso?
Ben Townley:
As corridas do Villopoto não me ensinaram nada, mas aprendi com a pré-temporada dele. Tenho muito o que tirar sobre isso. Você tem que estar em contato com a maneira europeia e não esperar que as coisas cheguem até você. Claramente eles sabem o que estão fazendo, e eu preciso escutar eles, pois dessa forma chegarei ao melhor “set-up” possível para a temporada. Eles tiveram Clement Desalle ano passado, chegaram a liderar o campeonato, então certamente sabem o que estão fazendo.

 

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Townley nos primeiros treinos com a Suzuki – Crédito: Suzuki-racing

 

Ir com calma e ser conservador é um trabalho mental. Você acha que será parte da batalha, trabalhar esse lado e não querer vencer toda vez?
Ben Townley:
Como mencionei, nós iniciamos um trabalho no qual aplicamos isso ao meu treinamento. Interessante você comentar isso, pois se olhar essa questão mais a fundo, você não achará nenhum vídeo de uma prova minha onde eu me machuco. Eu tenho muito a fazer antes de alinhar no “gate”, mas quando essa hora chegar eu estarei pronto. O maior problema tem sido a minha ausência nas provas nos últimos anos. Entre 2010 e 2015 quase não competi. Eu preciso pegar ritmo de prova novamente e ter atitudes comedidas. Será divertido participar de provas internacionais e viajar a outros países. Será tudo novo para mim.

Quando se corre nos EUA, é tudo muito similar. Você acha que agora, com mais de 30 anos, você aproveitará mais, vendo as coisas de outra forma (visitando diversos países)?
Ben Townley:
Estou muito empolgado para a experiência cultural que isso envolve. Acho que muitos integrantes das equipes não gostam das viagens, mas eu estou acostumado e gosto bastante. Estou bem ansioso com tudo isso. Quando eu era mais novo, não aproveitava tanto o lado cultural e gastronômico, acho que isso vem com a idade.

Eu li em algum lugar que você perdeu contato com sua família assim que chegou à Europa. Quão difícil é isso?
Ben Townley:
Isso é muito duro. Na verdade é a parte mais difícil para mim. Mesmo com as facilidades da tecnologia, ainda é difícil, pois não permite que você vivencie os fatos do dia a dia. Temos poucos intervalos onde podemos estar todos juntos. Não vou negar, essa é a parte mais complicada para mim.

É um grande calendário para 2016, com algumas corridas no exterior e duas rodadas na nos Estados Unidos. Existe algo específico que te deixa ansioso para este ano?
Ben Townley:
Não diria que tem uma pista em específico. Eu quero muito voltar à Inglaterra, pois amo aquela pista. Mais do que tudo, estou empolgado com o público e a atmosfera do evento. Estou ansioso para a etapa francesa em St Jean D’Angely, assim como Talavera de La Reina, na Espanha, e em Maggiora, na Itália. Além disso, o formato da prova que envolve um final de semana inteiro é bem diferente do que eu participava nos Estados Unidos. Irei desfrutar dessa experiência, minha mãe e meu pai estarão comigo, vivenciando tudo ao longo da temporada.