Balbi Junior conta como foram os treinos em Glen Helen para o Mundial MX deste fim de semana

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Balbi na porta de entrada de Glen Helen – Crédito: Arquivo Pessoal

 

Balbi Junior disputa a final do Mundial de Motocross 2015 no próximo fim de semana, 19 e 20. O mineiro já deu entrevista ao BRMX na semana passada – relembre aqui – afirmando que sua missão neste evento é se divertir, testar a Kawasaki 2016, e aprender mais um pouco.

Nesta terça-feira, 15, em nova entrevista, Balbi falou um pouco mais sobre sua preparação, a moto e as expectativas. No domingo, você pode acompanhar o desempenho do mineiro pela Bandsports, que transmite as corridas ao vivo, ou pela internet, comprando a transmissão oficial por 5,99 Euros – clique aqui.

Confira!

 

BRMX: Você chegou, treinou, pegou a moto 2016. Como se sente? A moto é muito diferente?
Balbi Junior: Bom, cheguei há três semanas mais ou menos, peguei a moto 2016 e o primeiro contato com ela já foi muito positivo. A Kawasaki 450 2016 teve melhorias significantes, principalmente redução do peso, e a ciclística me agradou muito. Achei mais fácil de pilotar e o motor também teve algumas mudanças. É uma moto que reage, comparado ao modelo anterior, melhor em baixas e médias rotações. A única coisa que não melhorou comparado ao modelo anterior é o motor em alta rotação,o qual perdeu um pouco de alta. Ela é bem diferente, acredito que é uma moto muito melhor. A única dificuldade é, bem, vamos ser sinceros, eu não piloto uma moto original há muito tempo. A gente sabe, o nível do motocross no Brasil está alto e, se comparado ao nível no mundo, América, Europa, ninguém anda de moto original. E estou com dificuldade de conseguir peças, preparação para a moto de 2016. Ninguém tem absolutamente nada, é uma moto nova, está em desenvolvimento ainda, então não existem peças especiais, não existe praticamente nada. O motor mudou completamente, não se encontram peças “after market”. A única coisa que consegui foi um escapamento. Tentamos fazer algumas melhoras no motor, mas não gostei andando na pista. Ontem (segunda-feira, 14) até levamos a moto para um dinamômetro para comparar os números com a da original, nessa preparação que fizemos, mas não tivemos ganho nenhum e voltamos à moto original. Então, vou andar com a moto original, com escapamento novo e um combustível melhor, no final de semana. Enfim, gostaria de ter uma moto melhor preparada, mas ainda prefiro essa 2016 original do que uma 2015 preparada. Agora, é lógico, tem muito o que aprender e evoluir. Acho que essa moto, quando tivermos opções de ter uma melhor preparação, um motor melhor, ela será muito competitiva.

BRMX: A pista está igual aos anos anteriores?
Blbi Junior: A pista de Glen Helen nunca é uma pista igual, sempre muda, todo ano muda. Consegui treinar lá três vezes. Num dia é uma pista que vira em média de 1min30seg. É um traçado mais curto, o chão chega até ficar duro, o tratamento que a pista recebe é um bom tratamento, mas para dia de treino. Então, é uma pista muito diferente, isso nunca mudou durante todos os anos que morei aqui (EUA). Todas as vezes que corri em Glen Helen, a gente treinava, treinava, treinava para a competição e chegava no dia da corrida mudava todo o acerto da motocicleta porque, para começar, a pista em dia de corrida vira 2min40seg, torna uma pista muito maior. De qualquer forma, gosto muito de Glen Helen porque é um motocross muito superior ao que a gente está acostumado a praticar no Brasil. Nos dias de corrida, o chão é muito bem tratado, a pista é muito molhada, então não tenho dúvida nenhuma que esse final de semana, no GP, será uma pista completamente diferente do que a gente vem treinando. Eles costumam afundar muito, molhar bastante, vai exigir um bom acerto de suspensão e motor.

BRMX: Podemos esperar alguma novidade?
Balbi Junior: As novidades a gente nunca sabe. Agora a pista está fechada para eles terminarem o layout.

BRMX: Você apareceu na galeria da Racer X treinando com os grandes nomes do circuito americano. Como é esta experiência de treinar com eles?
Blbi Junior: Essa é a vantagem de correr nos Estados Unidos. Nunca foi diferente disso, sempre que estive aqui, esse intercâmbio, esse fato de poder treinar… Já treinei aqui com Stewart, com Carmichael, com caras que, bem, os melhores. Treinei muito com Villopoto ainda no início da carreira dele e é muito legal isso, acho que faz toda a diferença, por isso quando um piloto vem aos Estados Unidos consegue evoluir tanto. Atualmente vim pouco, mas quando tinha um orçamento maior, a economia estava melhor no Brasil, sempre vinha justamente por isso. Você começa a treinar com esses caras, chega tomando 3, 4 segundos, e anda um pouco com um, um pouco com outro, assiste eles andando, sai atrás, anda uma volta, duas junto. Quand vê, está virando praticamente o mesmo tempo deles.

BRMX: É possível trocar ideias? Alguns deles é seu amigo?
Balbi Junior: Tenho treinado com Ryan Huges, fiz uma limpeza básica também com Travis Preston, que é um cara que tem muita experiência, e acabo podendo levar toda essa experiência para os meus alunos no Brasil, na Balbi School. Por isso, esse tempo aqui também é um investimento na Balbi School, que não deixa ser uma financiadora dessa minha viagem. E, sim, conheço alguns pilotos. Dizer que sou amigo deles seria muito, mas sim, acho que o piloto que eu tenho uma intimidade maior é Trey Canard. Ele não está aqui no momento, a gente não conseguiu treinar juntos (ele está na casa dele, em Oklahoma). Conheço o Dean Wilson, a gente costumava conversar. Conheço alguns pilotos, a gente conversa, se cumprimenta, troca ideia, mas o americano é bem frio e não passa muito disso, não.

BRMX: Como estão teus tempos em relação aos deles?
Balbi Junior: Cheguei aqui tomando 3, 4 segundos. A primeira semana foi meio que um wake up call e melhorou bastante. Já teve dias de virar tempo igual ao dos pilotos. Cheguei a virar junto com Dean Wilson, Chris Alldredge, que apesar de estar andando de 250F, é um piloto rápido. A gente treinou bastante junto, mas infelizmente toda vez que chega na hora da corrida, a pista dificulta mais ainda e o equipamento oficial e a experiência acaba fazendo uma diferença maior pois a dificuldade aumenta. Mas estou feliz, não tenho pretensão alguma de brigar com ninguém aqui nos Estados Unidos, ou ser superior à ninguém. O que eu conseguir melhorar no Balbi, se o Balbi evoluir 5, 10%, estou no lucro, é o objetivo principal. Não tenho pretensão, seria fora da minha realidade pensar em melhorar os resultados que eu já tive, que é andar entre os dez no Mundial ou até entre os cinco do AMA, como cheguei a andar.

 

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Em frente a famosa curva de largada – Crédito: Arquivo Pessoal

 

BRMX: Todos os caras da MXGP já estão aí? Eles também conseguem treinar antes na pista de Glen Helen ou farão o reconhecimento apenas no “track walk” de sexta-feira?
Balbi Junior: Alguns pilotos vieram antes. O Thomas Covington, tive oportunidade de treinar com ele. Ele estava aqui, é americano, até ganhou o GP do México. Se eu não me engano, dos regulares do GP, foi o único que quis fazer a viagem antes. A pista de Glen Helen essa semana está fechada, a maioria dos pilotos do GP já correram em Glen Helen, conhecem a pista. O Cairoli já fez pré-temporada aqui, o Guillod, que é amigo meu, já está aqui e não vai conseguir andar na pista essa semana mas já fez pré-temporada nos Estados Unidos. Eles conhecem a pista. No GP, onde a programação é longa, você tem tanto contato com a pista que esse treino anterior não faz tanta diferença para esses pilotos. Talvez para mim possa ter feito bastante diferença porque a gente vem de um nível muito inferior do motocross, principalmente de pistas muito inferiores, então é possível conseguir acertar uma suspensão melhor, entrar com a moto um pouco mais próxima do que o que esses caras estão acostumados a correr todo final de semana. A gente sabe que no Mundial de Motocross, o sábado é quase que um programa inteiro do dia de corrida de AMA, ou até do Brasil.

BRMX: Aposta em alguém?
Balbi Junior: Pergunta difícil… Sinceramente, é difícil de arriscar. Tem alguns caras americanos que eu tenho visto treinar. Dean Wilson está muito rápido, Davi Millsaps me impressionou muito, o Jason Anderson. Bem, vou arriscar, vou julgar o Jason Anderson no MXGP para levar uma das baterias… acredito que o Pourcel, não sei… E o Romain Febvre tem mostrado uma forma impressionante, deve levar o geral. Mas eu acredito que os americanos vão brigar para vencer baterias, não sei se são esses caras que eu falei, já que a gente não tem o Ryan Dungey, não temos os americanos que costumam ser consistentes. Acho que os americanos devem ganhar baterias, mas o geral da MXGP deve ficar com Romain Febvre. E na MX2, já que Thomas Covington ganhou na semana passada, talvez seja um favorito. É difícil de arriscar na MX2, não sei, talvez o Joey Savatgy, que é o cara da Pro Circuit. A verdade é que a MX2 tem poucos pilotos americanos inscritos, então deve ficar com os pilotos que correm o GP mesmo, os regulares.

BRMX: Obrigado pela atenção e boa sorte! Algum palpite sobre você mesmo?
Balbi Junior: Bem, minha expectativa para o final de semana, como eu já fiz questão de deixar bem claro, é me divertir, procurar fazer o melhor possível. Se olhar a lista de inscritos, tem 32 motos oficiais de fábrica, tem 40 inscritos na MXGP, é um número alto, o recorde do ano no Mundial. Com certeza será a corrida mais difícil do ano. Uma das mais difíceis que eu já participei na história. Então, bem, qualquer coisa que eu conseguir, qualquer resultado, vou sair daqui satisfeito. O objetivo principal é terminar as duas baterias sem cair, sem acontecer nenhuma surpresa. Vou pra casa considerando uma vitória.