Já faz quase um ano que Antonio Cairoli não consegue uma vitória no Mundial de Motocross. O italiano da equipe Red Bull KTM teve que lidar com duas lesões, uma em julho de 2015 quando fraturou o braço na oitava etapa do campeonato, e outra em janeiro de 2016, na pré-temporada, durante um treino em Sardenha, na Itália, quando quebrou duas costelas.
Duas semanas após a última lesão, o octacampeão mundial de 30 anos renovou seu contrato com a KTM por mais duas temporadas (2017 e 2018) e estava confiante para as competições em 2016.
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Tanto na abertura do campeonato como na segunda etapa, o italiano conquistou a quinta posição na soma das baterias. Já na terceira etapa, subiu para quarto lugar. Mesmo recuperado das lesões, todos esperam mais do italiano.
O jornalista inglês Adam Wheeler conversou com o piloto sobre esse momento da carreira. Confira!
Após os primeiros Grande Prêmios, quando vamos voltar a ver o verdadeiro Antonio Cairoli? Ainda tem mais por vir?
Antonio Cairoli: Ainda há mais por vir. Nas pistas arenosas, o problema com o meu braço é mais visível do que nas outras. Com certeza estou me sentindo muito melhor do que no Catar (abertura do campeonato), mas o equilíbrio e força nos dois braços ainda não estão 100%. Sinto que vai estar em breve, depois de cinco ou seis voltas na Tailândia (na segunda etapa), eu já estava me sentindo melhor. Valkenswaard (terceira etapa) foi muito próxima da outra. Mas acho que estarei pronto para a quarta etapa, na Argentina.
Você estava preocupado com o solo arenoso na Tailândia?
Antonio Cairoli: Claro, porque gosto muito de areia e normalmente me sinto confortável, mas é muito importante você ter força e se sentir bem com o seu corpo. Espero que em breve o problema seja resolvido. Quando quebrei o braço no ano passado, estava compensando muito do lado direito. Cheguei a um ponto no treino, quando estava bem, que caí novamente do lado esquerdo. Então, tive que me recuperar novamente.
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A lesão na pré-temporada deve ter sido bem complicada também…
Antonio Cairoli: Sim, às vezes parece que quebrar um osso é melhor do que um nervo machucado. É algo que você não pode controlar. Você está bem no dia a dia, mas em seguida, você precisa de força na moto. É pior do que lidar com a dor em um único lugar.
Depois de muitos anos vitoriosos e títulos, aconteceu o acidente e a lesão, a maneira que você precisa lidar com isso serve como uma lição para você?
Antonio Cairoli: Com certeza. Lidei com pequenas lesões antes, mas a do ano passado foi muito grande e tive que me adaptar e fiquei sem andar de moto. Tive que parar porque estava piorando. Este ano eu estava me sentindo muito bem até o acidente na pré-temporada. Foi difícil estar em forma na abertura do campeonato. No geral, fiquei feliz com o quinto lugar porque fui correr apenas com uma semana de treino. O maior desafio é ter que esperar tanto tempo para se recuperar e voltar ao normal. Acho que estamos quase lá.
O campeonato está estranho. Desalle se machucou, Paulin está fora, Gajser ganhou…
Antonio Cairoli: Isso é o motocross! Nós vemos lesões a cada temporada e com certeza isso é uma vergonha para a história do campeonato. A melhor coisa seria ter mais pilotos no topo do pódio, mas parece que apenas dois ou três controlam durante o ano e é muito difícil para aqueles que estão machucados.
Você acha que os GPs precisam ser televisionados durante um maior tempo? Com as quatro corridas e quatro horas de transmissão ao vivo para atingir um número maior de público?
Antonio Cairoli: Pode ser. Mas o tempo é muito longo para uma transmissão ao vivo e eu acho que existem pessoas que não gostariam de sentar e assistir isso o dia todo. Para o futuro, queremos melhorar e elevar o esporte. Acho que é difícil conquistar novos fãs, algo teria que mudar. Estou correndo GPs há mais de 10 anos e não vi grandes mudanças. A Youhtstream está indo bem porque o motocross antigamente não era assim, mas a mídia ainda não tem o maior impacto. Sei que as gerações mais velhas podem não gostar de mudanças, mas as gerações futuras precisam de coisas diferentes para virem às corridas.
A grande novidade no começo do ano foi seu contrato renovado por mais dois anos. Você estará com 33 anos. Foi algo fácil ou você teve que pensar muito sobre isso?
Antonio Cairoli: Foi rápido porque eu tenho 100% de confiança na KTM. Sei que dias bons virão e tenho muitas corridas pela frente, sinto que posso melhorar. Tive algumas ofertas para 2017, mas você não pode levar em consideração apenas o dinheiro. Você pode ir para uma equipe que ofereça 200 mil euros, mas depois de um ano o seu valor pode cair. É importante se sentir bem com a equipe que você está trabalhando. A KTM é confiável e eles sabem o que sou capaz de fazer.
Mas não acaba por aí e as pessoas garantem que você quer bater os dez títulos do Stefan Everts.
Antonio Cairoli: Quero ainda mais. Não assinei contrato apenas para mais duas temporadas e dois títulos. Sei que posso estar no nível deles e melhorar minhas habilidades. Talvez seja mais dois anos e depois mais dois. Não estou pensando em parar no momento e tenho que dizer que estou muito feliz com o meu contrato.
Então provavelmente este não seja o último contrato?
Antonio Cairoli: Penso que não.
As pessoas talvez podem te comparar com Valentino Rossi, quando se trata de longevidade.
Antonio Cairoli: Sim. Valentino assinou por mais dois anos no MotoGP e sei que ele também se sente motivado a melhorar. Ele é um pouco mais velho que eu, mas MotoGP não é motocross e não exige tanto… Mas, por que não?