Por Adam Wheeler – jornalista inglês que cobre o Mundial de Motocross in loco
Existem muitos comentários sobre o GP da Tailândia, o primeiro que não presenciei desde a abertura do Mundial de Motocross em 2001. Na verdade, me senti um pouco estranho em assistir pela TV depois de voltar do Catar, mas não fez diferença para que eu analisasse o domingo, com palavras e pensamentos sobre a segunda etapa.
Me comuniquei com pilotos antes e durante a inauguração da pista em Suphan Buri, e graças a cobertura detalhada do site MX Vice, parece que a análise honesta e franca de Ben Townley sobre a pista da Tailândia não ser do padrão do Mundial de Motocross, foi um dos pontos discutidos no fim de semana – bem como a repreensão surpreendente da Youthstream pelo presidente Giuseppe Luongo durante a coletiva de imprensa que deveria ter sido positiva sobre o Mundial encontrar novos territórios asiáticos, graças a um acordo com a Indonésia, que receberá o campeonato pelos próximos três anos.
Se Townley estava certo ou errado sobre julgar a pista, o fato dele expressar sua opinião não deve ser ridicularizado. O neozelandês poderia estar analisando uma temporada antes de decidir o rumo de sua carreira e portanto, não teve noção em alguns pontos. É improvável que um piloto mais jovem e talentoso iria falar tão abertamente, mas Townley falou. Apenas cinco minutos ao seu lado faria qualquer um perceber que com 30 anos, tem uma visão aberta e determinada em muitos aspectos do esporte.
Ben poderia ter opiniões sobre o Catar e Tailândia sem focar nos termos de torcida, tradição, ambiente e infraestrutura, ou até mesmo no traçado de pista adequado, mas como muitas outras coisas, nem tudo é preto e no branco. O campeonato vai para lugares como o Catar por três motivos: dinheiro, suporte e organização. A chance de mostrar que o Mundial de Motocross está geograficamente se espalhando – com pilotos da Letônia e Bulgária no pódio – e a novidade de uma corrida noturna, em um clima agradável longe da Europa. A Tailândia é apaixonante e zela por isso. Kraitos Wongsawan continua a encontrar apoio local para trazer o MXGP no país, onde os mesmo critérios se aplicam, e claro, a Ásia é um mercado próspero para marcas desportivas.
Se a Youthstream fosse simplesmente organizar o MXGP como algo lucrativo, então você veria menos corridas, menos despesas gerais, investimento na TV, infraestrutura, procura de novos parceiros e apoiadores. Como todos que estão no box, não apenas para de divertir ou pela paixão, acredito que deve haver uma maneira das equipes ajudarem o campeonato como uma transição contínua para algo maior ainda. Mas sobretudo o Mundial não é apenas sobre o dinheiro. É também sobre política e uma tentativa de expandir o esporte.
A Youthstream terá sempre o apoio dos fabricantes. Querem que o esporte cresça. Mas como você faz isso? Mais corridas, mais lugares e uma direção focada na marca da empresa. Tudo na esperança de mais cobertura, mais fãs, mais patrocinadores. Em seguida, torcem para que o local atenda as necessidades do MXGP. Foi comprovado no Catar, melhoraram a iluminação neste ano e, em um próximo nível, poderiam redesenhar o traçado da pista para 2017. A Tailândia teve a maior crítica sobre falta de estabilidade. Você pode se perguntar como estava o circuito a partir de 2013. Depois de quatro GPs, a Youthstream e Kraitos têm sido elogiados por terem levado o Mundial para a Tailândia e, apesar de alguns detalhes, o evento tem se elevado a cada ano.
Ben Townley, que tentou trazer o Mundial de Motocross para a Nova Zelândia, levantou uma questão que estava na mente de muitas pessoas em Suphan Buri e seria de extrema importância se todo o processo por trás de um GP fosse declarado pela Youthstream. Seria esclarecedor e faria algumas pessoas entenderem que não é fácil realizar um evento memorável e criar um legado.
Assistir ao MXGP na TV foi, na verdade, produtivo. Foi espetacular e bem prolongado. Mas ainda acredito que, se o esporte tem de estar na TV como uma maneira de crescer (numericamente e financeiramente), a transmissão tem que ser repensada. Talvez deveria ter uma corrida no sábado, para os fãs, valendo para a classificação do campeonato, e então o GP no domingo, valendo para o pódio e para o campeonato, e esta sim transmitida para ganhar mais audiência. Uma situação embaraçosa poderia surgir se um campeão for declarado no sábado, mas, em seguida, a produção anunciaria o GP como a última bateria – que poderia ter pontuação dobrada. É muito bom ver quatro baterias em HD na Eurosport no domingo, mas eu me questiono se o formato atual pode levar o Mundial de Motocross onde ele quer chegar.