Academia MX
 – exercícios funcionais ajudam a melhorar performance de pilotos

||

Escuderia_2254
Ricardo Franzini e Léo Souza se equilibram sobre o bozu, a semiesfera laranja, enquanto Jetro Salazar e Miguel Cordovez fazem força para tirar a corda náutica da inércia
 – Foto: Elton Souza

 

O piloto de motocross trava duas batalhas durante uma prova: contra seus adversários, buscando a vitória; outra contra sua própria moto, tentando permanecer sobre ela. O round, ou melhor, a bateria pode durar até 35 minutos, e é desgastante.

Jetro Salazar, piloto da Escuderia X, chega a perder três quilos em uma etapa. Ele precisa concentrar esforço para segurar sua Honda CRF que pesa 110 quilos e é empurrada por um motor de 450cc. Em entradas de saltos, seus 75kg se tornam 300kg. É a força G atuando sobre tornozelos, joelhos e quadril de forma incessante.

Na preparação para a temporada 2015, os pilotos da Escuderia X foram submetidos à metodologia da Academia Hype, de Curitiba, para atletas de alto rendimento. O programa mescla musculação, atividades cardiorrespiratórias, ioga e treinos funcionais. Toda a dedicação dos preparadores físicos da Hype foi empregada para elevar o condicionamento físico dos pilotos ao máximo. Afinal, eles têm na temporada 12 etapas e oito meses de competições intensas.

Rafael Ferreira de Oliveira, preparador físico de treino funcional, foca seu trabalho na prevenção de lesões para, então, influenciar no rendimento do atleta. Especialista em MMA, Rafael estudou vídeos de provas de motocross para reproduzir em treinamentos as situações reais da pista. Analisando as imagens, ele percebeu que os imprevistos em uma corrida de motocross são potenciais geradores de lesão.

– O piloto pode estar fisicamente muito bem, mas se uma roda escapa e ele põe o pé no chão, pode torcer o joelho. Este é o tipo de lesão que o atleta evita ao trabalhar a amplitude de movimentos – sugere.

No motocross, como explica Rafael, o piloto se mantém sobre a moto utilizando a força isométrica – exercida para manter uma posição – empregando músculos adutores para travá-la com as pernas, além de ombros e bíceps para se segurar no guidão. Para reproduzir a base instável que é a moto em movimento, o preparador utiliza a semiesfera bozu na série de exercícios. Sobre ela, os atletas praticam o agachamento isométrico, mantendo-se nesta posição por alguns segundos.

– Com isto, conseguimos recrutar o maio número de fibras musculares – afirma.

As sessões de treinos funcionais para os pilotos da Escuderia X duram 45 minutos e envolvem também exercícios com corda naval, cones e blocos de madeira. Os atletas saltam, correm em ziguezague e movimentam todos os grupos de músculos, como se estivessem sobre a moto encarando os obstáculos de uma pista de motocross.

– Tínhamos as melhores motos e os melhores equipamentos 2014, mas o preparo físico dos nossos pilotos estava longe do que precisamos. Com a entrada da Hype no projeto 2015 da Escuderia X, e a metodologia desenvolvida especialmente para os atletas de alto rendimento, passamos a ter o conjunto perfeito para buscar os melhores resultados nesta temporada – aponta Cale Neto, chefe de equipe da Escuderia X.

 

Escuderia_2286
Série de exercícios com obstáculos para fortalecer articulações e dar agilidade aos movimentos dos pilotos. Alguém duvida que eles precisam destes fatores dentro da pista? – Foto: Elton Souza

 

* Reportagem escrita por Elton Souza, em 2015, quando o jornalista era responsável pelo marketing da Escuderia X. E-mail: [email protected]