Tá chegando a hora! Após muita espera e muitas mudanças no calendário, começa neste sábado, 15, no emblemático circuito de Loretta Lynn, a tão aguardada temporada 2020 do AMA Motocross.
Será um campeonato normal? Pouco provável, já que a pandemia da COVID-19 impôs mudanças radicais no estilo de vida das pessoas no mundo todo. Será um campeonato emocionante, com disputadas acirradas nas duas categorias? Certamente sim e é isso que todos nós esperamos!
Nem mesmo a já anunciada ausência do alemão Ken Roczen, da equipe oficial HRC Honda, deve ofuscar esse brilho.
Rodada inédita
Será a primeira vez na história que Loretta Lynn recebe uma rodada do AMA Motocross. E isso significa muita coisa. Mas vamos resumir em miúdos. A pista recebe a maior competição de motocross amador do mundo, mas reitero, é um campeonato amador, por isso o traçado do circuito é preparado para que todos os pilotos amadores consigam pilotar nele em condições de igualdade, desde a criança de 4 anos de idade até o veterano piloto de 60.
Com um traçado cheio de ziguezagues (que muitas vezes dificultam as ultrapassagens) e um tempo de volta mais curto (longe dos habituais 2 a 3 minutos das demais pistas do AMA Motocross), o quanto será que estas características incomuns irão afetar o desempenho e as estratégias de pilotos e equipes?
Por óbvio é claro que a organização do campeonato irá adequar o circuito ao nível dos pilotos profissionais, só que mesmo assim a pista irá permanecer com algumas de suas características mais singulares.
O último fator a se considerar nesta inédita corrida é o calor e a umidade. Numa temporada normal, o AMA Motocross começa entre a segunda metade de maio e o início de junho. Ou seja, entre o final da primavera e o início do verão nos Estados Unidos, o que dá aos pilotos a chance de ir se acostumando com as altas temperaturas aos poucos, conforme elas vão subindo.
Ou seja, em agosto os pilotos já estão acostumados com o calor forte. Só que agora o campeonato vai começar em agosto e, nesta época do ano, a temperatura e a umidade na região oeste do estado do Tennessee (onde está localizado o circuito de Loretta Lynn) são sufocantes.
Para quem está desde o fim do AMA Supercross (disputado predominantemente no inverno) sem andar de moto, com certeza será um desafio a mais, e dos grandes. Mas para a maioria dos pilotos, será um momento de nostalgia, de matar a saudade da pista ondem iniciaram a vitoriosa trajetória de suas respectivas carreiras no motocross americano.
Volta virtual em Loretta Lynn
O que esperar das corridas e dos pilotos
A rodada de abertura do AMA Motocross é sempre um mistério. Ninguém sabe realmente que tendência o campeonato irá seguir. Quais pilotos irão surpreender? Será que alguém relaxou demais nesse período sem corridas? Conforme as rodadas avançam, nossas expectativas vão se alinhando. Mas nesta primeira rodada tudo é um verdadeiro jogo de adivinhação.
E conforme já foi dito, a rodada será disputada numa pista que nunca recebeu uma corrida profissional. São inexistentes estatísticas e dados históricos para comparar o desempenho dos pilotos neste circuito.
450
Na categoria 450, a dificuldade para fazer uma análise é um pouco menor. Soberano nas últimas temporadas, o atual campeão Eli Tomac, da equipe oficial Monster Energy Kawasaki, vai em busca do seu quarto título consecutivo. E com a motivação de quem conquistou o primeiro título do AMA Supercross nesta mesma categoria, será difícil ver Tomac em situações opostas à briga pela vitória ou impondo o seu ritmo dominante na liderança.
Do lado dos adversários, com a ausência já anunciada do alemão Ken Roczen (embora nada tenha sido anunciado, Christian Craig pode pintar mais uma vez como seu substituto), sobram candidatos motivados na busca pelas vitórias e para se firmar na disputa pelo título. Cooper Webb, Marvin Musquin (recuperado de lesão), Zach Osborne, Justin Barcia, Blake Baggett, Adam Cianciarulo (outro que volta de lesão), Chase Sexton (estreando na categoria 450), Jason Anderson, Dean Wilson, enfim, são muitos os que vão tentar aproveitar as oportunidades.
Outros nomes correm por fora. De casa nova, Joey Savatgy terá a missão de recolocar a equipe oficial de fábrica JGRMX Yoshimura Suzuki na elite do motocross americano, entre as grandes do campeonato. Será a estreia de Savatgy na nova equipe, algo que poderia ter acontecido no supercross, mas uma lesão o tirou de cena. Seu companheiro de equipe, Fredrik Noren, também costuma ter bom desempenho no pelotão intermediário.
Situação semelhante para Justin Bogle, da equipe Rocky Mountain KTM, e Broc Tickle, da Monster Energy Yamaha. O primeiro retorna após uma concussão que o tirou do AMA Supercross, e o segundo substitui um piloto lesionado, no caso Aaron Plessinger, que deslocou o pulso durante um treino e vai ficar 12 semanas em recuperação (sua presença no campeonato ainda é incerta).
Também vale a pena ficar de olho no desempenho do britânico Max Anstie. Vindo do Mundial de Motocross, Anstie perdeu a temporada do supercross por causa de uma lesão no Tendão de Aquiles, mas está recuperado e vai estrear em solo americano com a equipe privada HEP Motorsports Suzuki.
250
Na categoria 250 também temos muitos favoritos ao título, embora a quantidade de gente boa lesionada também seja grande. Os principais pretendentes devem ser Justin Cooper (de contrato recém renovado com a equipe Monster Energy Star Racing Yamaha até o final de 2021), Dylan Ferrandis, Jeremy Martin e Shane McElrath. Mesmo recuperado de uma lesão nas costas e já realizando treinos com moto, ainda é incerta a presença de Austin Forkner nesta rodada de abertura, tão pouco se sabe a partir de qual rodada ele irá disputar o campeonato. Mas quando o fizer, certamente estará nesta seleta lista dos principais favoritos às vitórias.
Correm por fora Pierce Brown, os irmãos Hunter e Jett Lawrence, Jo Shimoda, Jalek Swoll, Kyle Peters, Brandon Hartranft, Alex Martin, Derek Drake, Mitchell Oldenburg, Luke Clout, Carson Mumford e RJ Hampshire, este último voltando a ativa após se recuperar de uma cirurgia para corrigir uma lesão no joelho.
Olho vivo também nos pilotos da tradicionalíssima equipe Monster Energy Pro Circuit Kawasaki. Mitchell Harrison e Darian Sanayei chegam para substituir os lesionados Jordon Smith e Garrett Marchbanks (ambos devem ficar fora de todo o campeonato). Inclusive Sanayei fará sua estreia no AMA Motocross. Eles se juntam à Cameron McAdoo, recuperado de lesão, já treinando com moto e pronto para estrear (situação semelhante à de Forkner, que conforme citado, em algum momento deve aparecer no campeonato).
Ainda falando em lesionados, do lado da equipe Monster Energy Star Racing Yamaha, Colt Nichols, com uma lesão na mão, e Ty Masterpool, com uma lesão na perna, estão momentaneamente fora da disputa, mas pelo andar da recuperação de ambos, Masterpool deve ter condições de estrear antes de Nichols.
Já na equipe Rockstar Energy Husqvarna, Michael Mosiman ainda se recupera das complicações de um tombo sofrido durante um treino. Segundo a equipe, ele deve ficar fora das três primeiras rodadas do campeonato, estreando apenas a partir da quarta.