Ricardo Martins, catarinense de 38 anos, 23 deles dedicados ao motociclismo.
Eram quatro os títulos nacionais de Rally no início dessa temporada, mas ele sonhava com algo mais específico para o currículo. Faltava ser campeão do Sertões, uma das provas mais desafiadoras do off-road brasileiro.
E a conquista veio, acelerando com pneus Rinaldi!
Batemos um papo com o piloto, confira o resultado abaixo.
Foram duas participações na categoria principal do Sertões até finalmente conquistar o título da Super Production na terceira. Conte como foi toda essa trajetória.
O Sertões é um rally longo, exige muita experiência e uma pitadinha de sorte. Nos últimos anos me senti preparado para vencer, mas acidentes me tiraram fora da briga. Em 2016, por exemplo, bati em um cavalo. Animais no trajeto são muito comuns nessa prova. Por isto falo da sorte, as vezes acontece algo que não depende de estar preparado ou não, simplesmente acontece um imprevisto e te faz abandonar. Neste ano mais uma vez me deparei com muito gado na pista, em determinado momento tirei a mão, me desconcentrei e errei o caminho. Perdi bastante tempo, felizmente consegui recuperar. É preciso estar muito bem psicologicamente falando, você é testado o tempo todo e precisa manter a tranquilidade para tomar as melhores decisões.
Pensou em desistir do Sertões em algum momento? Focar em outras competições ou até mesmo parar?
Absolutamente não é algo que passa em minha cabeça, eu adoro o Sertões e o Campeonato Brasileiro de Rally! A única coisa que quero é melhorar cada vez mais. Acredito que quando eu começar a ter estes pensamentos será a hora de parar mesmo.
Neste ano você foi vice-campeão brasileiro de rally cross-country. O que faltou para garantir a taça?
A briga foi muito intensa ao longo da temporada, se não me engano a diferença foi de apenas um ponto. Não acho que faltou algo, o nível técnico está alto e isso é ótimo, pois nos faz querer treinar para evoluir cada vez mais, acredito que todos ganham. O rally é disputado por todo o Brasil, com diversos tipos de terreno e provas que exigem muito. Eu encerrei o ano satisfeito, claro que gostaria de ser campeão, mas ganhei várias etapas, dei o meu melhor. Em 2019 é só caprichar um pouco mais.
Você correu a temporada com o pneu Rinaldi HE 42, modelo que ajudou a desenvolver. O que ele tem de especial?
É verdade, foram alguns anos desenvolvendo este pneu especial para rally, junto com outros pilotos e engenheiros da fábrica. Eu fiquei muito feliz com o resultado que alcançamos, ele está perfeito! É muito resistente e conta com boa tração, que são os maiores desafios ao se desenvolver este tipo de produto para condições extremas.
O Team Rinaldi conta com você há muitos anos, quase todos os seus títulos foram acelerando com Rinaldi. O que você mais gosta nessa parceria?
Antes mesmo de ser piloto profissional, era com pneus Rinaldi que eu corria. Eu sempre gostei dos modelos, acredito que são as melhores opções no mercado. Comecei aos 15 anos fazendo trilha, depois parti para o enduro e por fim me encontrei no rally. Eis que um certo dia, recebo o convite para representar a empresa. E foi com ela que conquistei meus principais títulos: tricampeão Brasileiro de Rally Cross-Country e campeão Brasileiro de Rally Baja. Desde então, construí uma história sólida com a Rinaldi, na qual tive a oportunidade de ajudar a desenvolver o HE 42, conforme disse acima. Isso é o mais legal, a liberdade de passar o feedback e ter a certeza de que serei ouvido, que juntos podemos oferecer algo melhor ao mercado. Sou muito grato por essa relação, por representar uma marca que tanto admiro e que também confia no meu potencial.
Falando em rally, não tem como não pensar em Dakar. Você já participou uma vez, relembre como foi. Pensa em voltar?
O Dakar é o rally mais duro do mundo, é o sonho de qualquer piloto da modalidade. Eu participei em 2017, me preparei e estava indo bem para a estreia, mas acabei abandonando a disputa na décima etapa, faltando apenas dois dias para o fim. Naquele momento eu era o melhor brasileiro nas motocicletas, ocupava o 58º lugar no ranking geral e a 11ª colocação da categoria G2 (Marathon até 450cc). Tive problemas mecânicos em meio as dunas, o que me levou a uma exaustão física, uma forte desidratação. Cheguei ao ponto de não conseguir mais levantar, felizmente, o socorro chegou rápido. Eu quero acompanhar a próxima edição, analisar bem para quem sabe voltar em 2020 e tentar me superar.
Alguma outra competição internacional está em seus planos?
Sim. Em 2015 eu participei do Baja Portalegre 500, em Portugal, e gostei bastante. Terminei em sétimo lugar na Geral, entre mais de 200 pilotos, o melhor resultado de um brasileiro até hoje. É uma prova importante do circuito internacional, bastante desafiadora. Quem sabe eu volte em 2019.
Você é empresário do ramo da construção civil. Como é conciliar a rotina de treinos, viagens para competir, com o trabalho? E sua família, te acompanha?
Tem que se virar nos 30, não é fácil, mas eu adoro. Tento ter tudo programado, planejo as viagens com antecedência, assim como os compromissos da empresa. Procuro dedicar a parte da manhã para o trabalho e a tarde para os treinos, não só com moto, mas natação, Pilates e bike. Em algumas corridas mais próximas minha filha, que tem apenas dez anos, e esposa me acompanham, as mais longas não, pois acaba sendo muito cansativo. Neste ano, pela primeira vez elas foram me receber na chegada do Sertões. Foi um momento muito emocionante, eu só pensava em chegar para encontrar elas e comorarmos juntos.
A temporada 2019 está logo aí, quais serão os objetivos?
Meu foco é buscar mais um título no Campeonato Brasileiro de Rally Cross-Country, quero vencer mais uma vez a etapa do Rally Jalapão – no qual sou o piloto com maior número de vitórias. Depois do título na Super Production no Sertões, ficou aquela vontade de conquistar a Geral, acredito estar mais solto para tentar, sem tanta pressão de ter que vencer minha categoria, vamos ver o que acontece. Também quero participar de algumas provas do Rally Baja e de Enduro de Regularidade. Conto com a torcida dos fãs!