PERFIL DO PRIVADO: Joaquim Neto

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Joaquim no paddock da final do Brasileiro de Motocross 2018 em Fagundes Varela, no Rio Grande do Sul – Foto: Renato Dalzochio

 

Uma das coisas que mais chama a atenção nos bastidores do motocross é o lado familiar do esporte.

Não entendeu? Calma que nós explicamos.

Muitos pilotos em início de carreira não contam com a estrutura e o equipamento das grandes equipes.

Todo o auxílio para praticar o esporte que tanto amam (e conseguir algum destaque) vem dos pais, que na maioria das vezes fazem muitos sacrifícios, tirando dinheiro de onde não tem, só para ver um sorriso no rosto dos filhos.

É o caso do mineiro Joaquim Neto, da cidade de Sarzedo, um dos destaques da categoria MX2-Júnior no Brasileiro de Motocross 2018.

O pai de Joaquim é borracheiro e trabalha horas e horas por dia, para manter de pé o sonho do filho.

E o garoto não dispensa a humildade: tímido, de fala simples, mas muito brincalhão e sorridente, transformou nossa entrevista, realizada durante a final do Brasileiro de Motocross 2018 em Fagundes Varela, no Rio Grande do Sul, num divertido bate-papo.

A seguir, conheça um pouco mais da história de Joaquim Neto, o nosso entrevistado nesta edição do Perfil do Privado.

 

Joaquim, comece se apresentando para os leitores do BRMX e faça um breve resumo da sua carreira. Como você descobriu a paixão pelo motocross e como foi o seu início no esporte?

Meu nome é Joaquim Antonio de Oliveira Neto, tenho 17 anos.

Minha história no motocross começou quando eu estava prestes a completar 10 anos de idade.

Teve uma corrida em minha cidade, Sarzedo, interior de Minas Gerais e eu fui assistir.

Quando vi o desempenho do Balbi e da Mariana, logo pensei: “é isso que eu quero fazer na minha vida”.

Aí no meu aniversário de 10 anos meu pai comprou uma daquelas motinhos de puxar cordinha.

E assim foi o início de tudo.

Começamos a colocar a moto no porta-malas e ir para a pista.

Posteriormente, meu pai comprou uma carretinha, depois uma van… fomos crescendo.

Passei pelas categorias 65cc, 85cc e agora, aos 17 anos de idade, estou na MX2-Júnior.

 

Quais foram os principais títulos que você conquistou até o momento?

Fui três vezes campeão mineiro de motocross na categoria 85cc e uma vez na 65cc.

Também fui vice-campeão brasileiro de motocross na 65cc.

Como foi a temporada 2017? Os resultados atingiram suas expectativas?

Foi minha temporada de despedida da categoria Júnior (antiga 85cc), estava me preparando para andar de 250 4 tempos.

Andei de Kawasaki 85cc, mas não tinha mais tamanho para andar com a moto, já tinha espremido tudo que dava (risos).

Sobre os resultados, gostaria de ter brigado um pouco mais pelo título nos campeonatos que disputei, mas infelizmente não deu, tive muitos problemas com a moto, foi difícil conquistar vitórias.

Em ação durante etapa do Brasileiro de Motocross 2018 em Extrema, Minas Gerais – Foto: Mauricio Arruda

Quem foram seus patrocinadores na temporada 2017?

TCL, MB3, X11, IMS, Renthal e Itá Minas, além do “paitrocínio”, meu pai é o meu guerreiro.

E com qual moto você está competindo neste ano e quem são os seus patrocinadores? Sua estrutura privada melhorou em relação ao ano passado?

Este ano estou andando de Yamaha.

Sim, nossa estrutura está um pouco melhor, mas do mesmo jeito que melhorou algumas coisas de um lado, desandou de outro.

Os patrocinadores são os mesmos do ano passado, mas alguns que estavam comigo em outros anos hoje não estão mais, a crise apertou.

Mas a gente não desanima.

Por isso o lado familiar e as pessoas que me ajudam são muito importantes.

Todo o apoio é bem-vindo e muitas vezes o apoio emocional conta mais que o financeiro.

 

Além do Brasileiro de Motocross, que outras competições você disputou neste ano?

Disputei o Goiano de Motocross e fui campeão na MX2-Júnior.

Joaquim na abertura da Copa São Paulo de Motocross 2018, em Itupeva, prova na qual saiu vitorioso em sua categoria – Foto: Luís Bueno

Hoje tivemos a última etapa do Brasileiro de Motocross 2018 aqui em Fagundes Varela. Como foi a corrida da MX2-Júnior para você?

Foi difícil, larguei mal e tive que recuperar posições durante praticamente toda a prova.

Mas acabou dando tudo certo, terminei em terceiro na corrida e também na classificação final do campeonato.

Para quem perdeu duas etapas, está ótimo.

 

Como você faz para conciliar o motocross com os estudos?

Tenho que separar bastante tempo só para estudar.

Tenho que estudar de noite e antecipar trabalhos e provas, para poder estar presente nas corridas com a cabeça tranquila.

Tenho que me dedicar muito e além disso também tem as viagens para as corridas.

Segunda-feira é um dia que dificilmente consigo estar presente na escola.

 

E como é sua rotina de treinos, escola e preparação física?

Estudo de manhã e os treinos de moto são de tarde.

Quando não treino de moto, faço corrida a pé, em média corro 10 km.

Também faço flexões e exercícios abdominais em casa.

Em etapa do Amador Dirt Action de Motocross – Foto: Tiago Lopes

 

Como piloto privado, quais são as principais dificuldades que você enfrenta em relação aos pilotos das equipes de ponta?

Até conseguir chegar num nível de destaque você precisa investir muito, tem que treinar, ter muita paciência, para só depois ser “abraçado” por alguma equipe ou patrocinador mais forte.

 

Na sua opinião, o que está faltando para que o motocross no Brasil tenha o mesmo destaque de lugares como Estados Unidos e Europa por exemplo?

Acabar com a corrupção, que infelizmente no Brasil não está só no motocross, mas em todos os lugares.

Não quero falar mal ou criticar, mas acho que todos os campeonatos poderiam oferecer uma premiação melhor.

Não é possível que não sobre nada para os pilotos.

Nem a prefeitura da minha cidade me ajuda.

Esse ano fui disputar o goiano de motocross porque lá encontrei as condições que eu não tinha no mineiro de motocross.

No goiano tenho mais apoio do que no meu estado.

Na abertura da Copa São Paulo de Motocross 2018, realizada na pista do Kalango Cego, em Itupeva – Foto: Tiago Lopes

Joaquim, muito obrigado. O espaço é seu para as considerações finais.

Primeiramente quero agradecer a Deus.

E também, é claro, os meus patrocinadores: TCL, MB3, X11, IMS, Renthal e Itá Minas, além do meu pai, que como eu disse antes, é o meu guerreiro.

 

Volta rápida com Joaquim Neto

Nome completo: Joaquim Antonio de Oliveira Neto

Data de nascimento: 20/08/2001

Cidade natal: Sarzedo, Minas Gerais

Cidade atual: Sarzedo, Minas Gerais

Ídolo nacional: Jean Ramos

Ídolo internacional: Tony Cairoli

Comida favorita: banana frita

Bebida favorita: suco

Lazer favorito: andar de moto (risos)

Filme favorito: La Casa de Papel (seriado)