BRMX avalia quinta etapa do Brasileiro de Motocross 2013, realizada em Lauro de Freitas, região metropolitana de Salvador, Bahia

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Chuva atrapalhou a etapa, que deveria permanecer em 2014 por causa da bela pista – Foto: Mau Haas / BRMX

É bastante razoável dizer que a rodada do Brasileiro de Motocross 2013 com maior número de fatores extra-pista foi a de Lauro Freitas, região metropolitana de Salvador, Bahia, devido ao protesto dos pilotos, chuva incessante, e falhas na estrutura e organização.

O evento aconteceu no fim de semana dos dias 27 e 28 de julho e, com a mesma sensatez e coerência das análises das etapas anteriores (Três Lagoas, Sorriso e Aracaju – veja mais nas notícias relacionadas ao lado), o BRMX traz no texto abaixo os pontos positivos e negativos de Salvador. Confira!

#1 – Pista

Duas semanas antes da etapa de Salvador, em Aracaju, os pilotos se reuniram e pediram pistas de maior nível técnico no Brasileiro de Motocross. Na Bahia, eles receberam.

A pista da quinta etapa era exemplar. Saltos técnicos, subidas e descidas, extensão adequada (1.860 metros). Tinha todos os predicados de uma pista tradicional de motocross, da “velha escola”. Problema que choveu demais desde quinta-feira e o traçado virou um lamaçal.

Diante da chuva demasiada, surgiram algumas sugestões para salvar a pista para o fim de semana. A melhor delas também era a que dava mais trabalho, mas era possível: mudar o traçado da pista, excluindo a parte onde havia mais lama, deixando apenas o trecho mais arenoso. Se perderia cerca de 300 metros, mas se ganharia em qualidade de terreno diante daquelas circunstâncias de emergência. Era o caso de pegar um trator e abrir um novo caminho, direto rumo a parte menos danificada pela chuva. Faltou alguém tomar as rédeas da situação e botar a mão na massa.

Como isso não foi feito, o espetáculo ficou prejudicado. A parte onde a pista estava muito enlameada ficou lenta demais, destruída além do ponto ideal pelo passar das motos, e era ruim de ver a corrida naquela parte, já que ali os pilotos eram demasiado lentos e mal conseguiam passar os obstáculos, tendo que colocar os pés no chão para passar em certas canaletas. Além disso, faltou manutenção na pista entre as baterias. Um trator poderia ter minimizado esses problemas.

Seria muito interessante o Brasileiro de MX do ano que vem retornar à pista de Lauro de Freitas e contar com a sorte de um fim de semana de sol para ver disputas neste circuito em condições normais.

Faltou manutenção na reta de largada entre uma bateria e outra – Foto: Mau Haas / BRMX

#2 – Estrutura

Neste item, a organização ficou devendo. Desde sábado de manhã os pilotos reclamaram da falta de água no box. Água, ítem básico para a sobrevivência humana. Jamais pode faltar.

A estrutura para lavar as motos também era precária. Até haviam torneiras em boa quantidade, mas o cano que trazia a água até elas era muito fino e incapaz de atender a demanda de uma etapa de Brasileiro MX, ainda mais com uma pista enlameada como daquele fim de semana. Cabe a organização prever isso. É algo simples, mas fundamental. As grandes equipes ainda conseguem se precaver com água para isso, mas os pequenos dependem da estrutura local.

Faltou também organizar melhor a área de box. Não havia uma lógica, não havia organização. A impressão que deu é que como foram chegando, os times foram montando suas estruturas deliberadamente. Assim, o acesso ficou comprometido, tanto para público quanto para pilotos e mecânicos transitarem com as motos entre uma bateria e outra.

Outra falha a destacar é quanto a divulgação do evento. Havia pouco público (sim, mesmo com o sábado chuvoso poderia ter dado mais gente no domingo) muito em decorrência da divulgação precária da etapa. Nem as faixas que geralmente indicam a entrada do evento estavam dispostas em Salvador. A cidade parecia nem saber do evento, e havia pouca (pra não dizer ninguém) da imprensa local.

Cabe a organização visitar órgãos da imprensa da região na semana que antecede o evento para que jornais, sites e TVs levem a informação de que haverá uma corrida de campeonato brasileiro na cidade, algo importante vai acontecer. É válido também colocar outdoors na cidade, cartazes, faixas. O BRMX não tem a pretensão de ficar aqui dando dicas de marketing para a CBM, mas…

Por fim, se a pista é da “velha escola”, o público também deveria ter a permissão para assistir uma corrida à moda antiga. Neste caso, a organização deveria ter criado condições para o público circular em volta da pista, para poder assistir a corrida na parte alta do circuito. A melhor parte da pista NÃO tinha acesso para o público. O dinheiro gasto em arquibancadas é totalmente desnecessário. Motocross não precisa de arquibancadas. As pessoas até preferem ver a corrida em pé na beira da pista, com as motos passando sob suas fuças. É assim por toda Europa e nos EUA, por exemplo.

Pilotos reclamaram muito pela falta de água no box – Foto: Mau Haas / BRMX

#3 – Transmissão

Mais uma vez a etapa NÃO teve transmissão. Das cinco rodadas realizadas, somente duas tiveram transmissão na ESPN e uma teve transmissão da narração do locutor reproduzida na internet. A CBMTV, projeto da entidade desde o ano passado, ainda não saiu do papel e quem vai perdendo com isso é o público. Nem os tais programas de 30 minutos que iriam ao ar na ESPN até agora foram divulgados. Há uma equipe de videomakers filmando as rodadas desde Três Lagoas, mas o material ainda é um mistério.

#4 – Localização

Salvador, capital de estado. Bom local. Também era fácil chegar e sair da pista, localizada à beira de uma larga rodovia que dá acesso ao aeroporto. Ponto positivo.

#5 – Segurança

As coisas estão melhorando em relação a segurança dos pilotos. Em Salvador, no sábado, se cogitou cancelar a etapa por falta de segurança uma vez que era difícil a ambulância chegar e sair das partes mais remotas da pista. Era necessário uma ambulância 4×4 e isso foi providenciado para o domingo, o que deu condições para a etapa ser realizada. Além disso, haviam outras ambulâncias em outros pontos estratégicos. As precauções foram tomadas.

#6 – Manifestação

Essa etapa ficará marcada pelo protesto dos pilotos. Faltou organização no manifesto, mas ele foi legítimo, da maioria, com reclamações que muitas vezes, em tempos passados, não passaram de conversas isoladas. É fato que não há competição sem pilotos, então é justo que eles reivindiquem melhorias. Calados jamais conseguirão mudar o que está ruim. Que se organizem e que continuem lutando. O motocross brasileiro precisa melhorar.

Seria interessante que a CBM se aproximasse e ouvisse os atletas com mais frequência, buscando as melhorias reivindicadas, com urgência. #ficaadica

#7 – Adiamento das categorias

Apesar da contestação de algumas pessoas, o BRMX considera que a organização fez certo ao adiar as corridas das classes 65cc e Júnior. No domingo, mesmo com sol, haviam partes da pista que as motos pequenas ficariam “encavaladas” nas canaletas mais profundas. A pista não apresentava condições para estas duas categorias, além de que a programação ficaria espremida demais, o que obrigaria todos a fazer as coisas (mais) apressadamente entre uma corrida e outra – e a pressa é inimiga da perfeição, você sabe.

De 450 era complicado fazer esta curva. De 65cc e 85cc seria quase impossível – Foto: Mau Haas / BRMX

#8 – Número de participantes

O BRMX vem acompanhando a quantidade de pilotos que participam das etapas do Brasileiro MX. Acompanhe!

Carlos Barbosa, Rio Grande do Sul
MX1: 30
MX2: 40
Júnior: 40

Três Lagoas, Mato Grosso do Sul
MX1: 23
MX2: 38
Júnior: 31

Sorriso, Mato Grosso
MX1: 17
MX2: 26
Júnior: 24

Aracaju, Sergipe
MX1: 17
MX2: 33
Júnior: 25

Salvador, Bahia
MX1: 12
MX2: 30
Júnior: Etapa foi adiada

# Avaliação final

A organização acertou na pista, mas ficou devendo na estrutura e na divulgação. A chuva também prejudicou bastante a rodada. Precisa melhorar para 2014.