Como você sabe, o BRMX enfrentou a estrada para acompanhar de perto a terceira etapa do Brasileiro de Motocross 2013, realizada em Sorriso, no Mato Grosso.
Abaixo você confere o que foi visto, o que deu certo e o que deu errado além das competições. Este é o segundo artigo de avaliação que o site faz sobre uma etapa de Brasileiro, mas nunca será demais lembrar:
O único objetivo disso é ajudar o esporte se desenvolver.
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#1 – Pista
Os organizadores têm acertado no tratamento do terreno. Foi assim em Carlos Barbosa e, em partes, em Três Lagoas. Desta vez, após reclamação na etapa passada, a curva de largada era transformada em um “tapete” antes de cada bateria, o que é bastante justo com todos os pilotos. Como o terreno ali era arenoso, as canaletas e buracos voltavam com o decorrer da bateria, o que é perfeito.
Vale ressaltar também que Chumbinho, piloto da MX3 e integrante da diretoria da ABPMX (Associação Brasileira de Pilotos de Motociclismo Esportivo), passou o domingo caminhando pela pista, pedindo (e recebendo) ajustes necessários para manter o nível de disputa e a segurança dos pilotos.
Não se viu poeira, e as entradas e recepções de saltos foram bem cuidadas. Além disso, se preocuparam em proporcionar mais traçados. Neste quesito, é manter a tocada sem se acomodar, procurando sempre melhorar.
O ponto negativo é a pista em si. O circuito tem 1.380 metros, o que é pouco para uma pista de motocross. Parece mais uma pista de supercross. Os pilotos a consideram fácil, o que acaba nivelando a disputa por baixo. Ela é plana, com saltos que todos os pilotos, inclusive os da Júnior, conseguem zerar. Em suma, é “fraquinha”, apesar das curvas de areia darem um pouco de qualidade para o “espetáculo”.
A pista é uma das coisas mais importantes de uma etapa. Ela deve ser desafiadora para manter o nível elevado e, principalmente, com características de MOTOCROSS (exemplos aqui e aqui). Assim, o nível do campeonato cresce. Chumbinho, em nome da ABPMX, pediu para que a pista fosse aumentada caso a competição volte para Sorriso em 2014.
#2 – Estrutura
O entorno da pista de Sorriso é bom. Há banheiros, o box é plano e com ruelas que ajudam na organização. Há água para lavar as motos, energia elétrica, tudo dentro dos conformes.
Há arquibancadas suficientes, bem distribuídas, e um camarote que mais parece um prédio com suas sacadas. Também tem praça de alimentação e boa área para estacionamento. Nestes pontos, a organização está de parabéns. O problema maior vem a seguir.
#3 – Localização
Chegar a Sorriso é um exercício de paciência, persistência e resistência, a não ser que você vá de helicóptero. A cidade é bonita, rica, o povo é adorável, recebe a todos de braços abertos, faz de tudo para agradar. E agrada. Mas seus acessos são LAMENTÁVEIS.
A maioria dos pilotos e integrantes das equipes utilizaram uma destas opções: ou gastaram muito dinheiro (o equivalente a uma passagem para o exterior) para ir de avião até Sinop, e depois fizeram mais 100km de carro, ou então voaram até Cuiabá por um preço aceitável e depois pegaram 400km de estrada.
Esta estrada é MUITO esburacada, sem acostamento, e com um trânsito INTENSO de caminhões. É uma jornada estressante e PERIGOSA.
Levando em consideração que o esporte está “mal das pernas”, que equipes estão se “virando nos 30” para sobreviver, levar uma etapa para Sorriso (ou qualquer outro lugar) nestas condições parece incoerente.
Isso acaba refletindo em outros itens, como na divulgação do campeonato. Em Sorriso NÃO houve transmissão ao vivo pela primeira vez na temporada, e nem todos os órgãos da imprensa especializada estavam presentes como nos outros casos. (Aliás, passados quatro dias, o programa com o resumo da etapa ainda não passou na ESPN).
No sábado pela manhã, o box era só reclamação por causa do difícil acesso a cidade. O risco de estragar um motorhome ou de se acidentar naquele trajeto é grande, além do custo da viagem ser muito alto, ao ponto de ser danoso.
Talvez isso explique o baixo número de pilotos participando da corrida. A segunda bateria da PRINCIPAL classe tinha apenas 13 motos. Isso vai “matando” o campeonato (veja mais abaixo).
Enquanto isso, nenhuma cidade de São Paulo, o estado que mais tem pilotos, está no calendário. Ou então Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, regiões onde se pratica muito mais motocross. As opões de locais com boas pistas, melhor acesso e que teriam mais pilotos são outras, não Sorriso.
Claro que a culpa das estradas serem assim ruins NÃO são dos organizadores do campeonato, mas eles deveriam se atentar para estes detalhes antes de fazer \”todo mundo\” ir até lá. Lembre-se: em momento algum estamos colocando a distância como problema, mas o ACESSO.
:: Curiosidade
Número de pilotos por etapa (primeira bateria como base)
Carlos Barbosa, Rio Grande do Sul
MX1: 30
MX2: 40
Júnior: 40
Três Lagoas, Mato Grosso do Sul
MX1: 23
MX2: 38
Júnior: 31
Sorriso, Mato Grosso
MX1: 17
MX2: 26
Júnior: 24