Jorge Negretti e Cássio Garcia, no GP Brasil de MX em Canelinha-2009 – Foto: Arquivo Pessoal
O catarinense Cassio Garcia, 46 anos, é o segundo entrevistado do BRMX
– o primeiro foi Moronguinho – dos 15 pilotos convidados a participarem da Corrida dos Campeões que vai
acontecer no Beto Carrero, durante o GP Brasil do Mundial de Motocross, no dia
19 de maio.
Cassio está impossibilitado de participar da corrida por causa de uma lesão na
perna, mas estará presente no evento para receber homenagens
como um dos nomes mais importantes que o MX nacional já teve.
Campeão brasileiro de 125cc em 1991, e de MX3 em 2002 e 2003, fez sucesso pelo
estilo arrojado e por fazer frente a nomes como Jorge Negretti, Rogério
Nogueira, Milton “Chumbinho” Becker, Nuno Narezzi e outros.
“O Espetacular” – alcunha dos tempos de pista – correu pela última vez como
profissional em 2004, quando foi piloto Honda e defendeu o título brasileiro de
MX3. Em 2005 ainda fez provas regionais como convidado, e depois parou.
Atualmente está afastado das pistas porque sofreu um acidente de trânsito em
2007 quando, de moto, bateu em um carro e sofreu múltiplas fraturas nas duas
pernas, rompeu tendão de Aquiles, artéria femural, quase precisou ser amputado, passou 25 dias na UTI. Ele ainda batalha para se recuperar das
sequelas.
– Até tentei andar de moto depois, mas acabei quebrando uma placa no fêmur
(maior osso do corpo humano) ao fazer um salto muito grande. Aí, no ano passado,
quando estava quase bom, andando com muletas, fui ver uma corrida de motocross
e um piloto me atropelou. Machuquei a perna de novo e agora uso um fixador
externo que vai da cintura até o tornozelo. É impossível andar de moto, colocar
equipamento – detalha, pra depois arrematar:
– Sou muito desastrado. Ou sou muito levado! – ri.
Atualmente Cássio ministra palestras de direção defensiva, contando suas
experiências de vida, de seu acidente, mostrando como até mesmo uma pessoas com as
melhores técnicas de pilotagem pode se envolver em acidentes de trânsito.
– Sou instrutor credenciado no Detran e dou palestras. Nelas, abordo os índices
de acidentes, invalidez, visando tanto o trabalhador, que hoje utiliza muito a
moto para se locomover, quando o empregador – diz.
E o motocross, ainda está ligado nele?
– Acompanho as coisas um pouco mais de longe. Não tenho acompanhado muito
assiduamente, mas tenho visto algumas coisas. Estou acamado e o motocross é uma
paixão muito grande. Me sinto mal com essas limitações, ferros. Fui um atleta, vivia com muita adrenalina, e de repente estou
numa cama. Aí, ainda ficar vendo muito sobre o assunto, machuca. É aquilo que
mais gosto – desabafa.
Cássio receberá a homegem em Penha, Santa Catarina, em meio ao Mundial de
Motocross ao lado de Paraguaio, Bê Magalhães,
Cristiano Lopes, Eduardo Saçaki, Elton Becker, Jorge Negretti, Nuno Narezzi,
Chumbinho, Rafael Ramos, Roberto Boettcher, Rogério Nogueira, Roque Colmann e
Wellington Valadares. Quem tiver condições, vai participar de uma
corrida amistosa de duas ou três voltas entre as baterias do GP Brasil.
Flashback
Equipe brasileira par adisputar Mundial na Argentina, no final da década de 80, com Eduardo Saçaki, Nivanor Bernerdes, Paraguaio, Marco Antônio Usso e Cássio Garcia – Foto: Arquivo Pessoal
Segundo sua própria memória, Cássio Garcia começou a correr veloterra em 1982,
com uma Yamaha TT 125cc, e fez as primeiras corridas de motocross a bordo de
uma DT 180cc, também da Yamaha.
– A primeira corrida de MX que ganhei foi em Tubarão. Como prêmio, levei uma
CG. Vendi e comprei uma YZj – lembra.
Em 1983, Cássio ganhou o primeiro grande patrocínio, de uma concessionária
Honda. Foi então que começou a correr o Catarinense de MX. Em 1984, ganhou seu
primeiro título estadual.
– Não sei quantos estaduais ganhei. Foram mais de 15, acho que uns 20. E ainda
tem Gaúcho e Paranaense. Naquela época se corria em várias categorias, 125,
250, Nacional – recorda.
Também foi tricampeão do Hollywood Supercross de Praia, bicampeão argentino
(que na década de 90 tinha um campeonato muito forte) e campeão latinoamericano
em 1993 e 1994.
Pilotou \”todas as marcas possíveis\” de motos. KTM, Suzuki, Kawasaki, Yamaha,
Honda, Husqvarna, Kagiva, Agrale, Husaberg. Enfrentou de Badéco Negão a Milton
“Chumbinho” Becker, que compete até os dias atuais. É, até hoje, um dos
brasileiros com melhores resultados em GP de Mundial de MX, com o 11º lugar conquistado em 1993, na 125cc, em Guarujá, São Paulo.
Começou a correr com o numeral #42, mas depois de estudos de numerologia mudou
para o #25, número que ficou conhecido nacionalmente.
:: Imagens e resumo da carreira
:: Fotoleg
Primeiros treinos de MX, com uma DT 180 – Fotos: Arquivo Pessoal
Nos primórdios, com o numeral #42
Na Argentina, onde também fez sucesso