Mudanças no Mundial de Motocross desagradam maioria dos pilotos brasileiros da categoria MX2

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O público já se manifestou nos comentários – contrários e favoráveis – sobre as mudanças promovidas pela Youthstream no Mundial de Motocross. E os pilotos, o que pensam?

O BRMX foi buscar avaliações de dirigentes e atletas sobre o assunto. É consenso que ficou mais difícil alcançar a classificação, e que para alguém de 250 daqui acompanhar as 450 de lá, terá que se revelar um “fenômeno”.

A maioria ressaltou que da 250 “brasileira” para 250 “gringa” já existe diferença na preparação, na potência. Também lembraram que é impossível fazer uma largada sequer competitiva de 250 ao lado de uma 450. E mais uma porção de \”problemas\” foram levantados.

– Eu, como gosto de andar de 450 também, cogitaria andar de 450 no Mundial. Claro que isso depende da equipe e tudo mais. Mas seria melhor. De 250 vai ser muito difícil competir – diz Thales Vilardi.

Serão 10 vagas para pilotos locais. Para traçar uma hipótese, a base poderia ser o desempenho dos atletas no Brasileiro de Motocross 2012. Teoricamente, classificariam mais atletas da MX1 do que da MX2. Sete da MX1 – pela superioridade da moto – e três da MX2 – que conseguiriam se equivaler pela técnica. E é preciso lembrar que as dez vagas são para pilotos “locais”, e não para pilotos “brasileiros”.

Neste \”mundo imaginário\”, Carlos Campano, Adam Chatfield, Balbi Junior, Leandro Silva, Wellington Gacia, Jean Ramos, Humberto “Machito” Martin (MX1), Hector Assunção, Dudu Lima e Anderson Amaral (MX2) seriam os principais candidatos a disputar o GP Brasil ao lado de Cairoli, Herlings e companhia.

Nomes como Thales Vilardi, Marcello “Ratinho” Lima, Leonardo Lizzott e Marçal Müller, por exemplo, poderiam ficar do lado de fora da “fancy green”.

– Já era difícil classificar antes. Agora mais ainda, misturado desse jeito. Nós, da MX2, vamos ter dificuldades contra os brasileiros de 450. Imagina uma largada? A 250 deles (gringos) já é muito mais forte que a nossa, imagina a 450? Isso só veio para atrapalhar os brasileiros – argumenta Marçal Müller.

Hector Assunção complementa:

– Antes a gente batalhava pra ficar entre os 15 primeiros e já era difícil. Agora acho que vamos brigar pra ficar entre os 30 primeiros, porque serão 30 pilotos “top” na mesma corrida. Se bem que a pista de Penha, por ser mais travada, ajuda um pouco quem anda de 250 – diz.

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Há também quem enxergue um lado positivo, como Anderson Amaral, terceiro colocado no Brasileiro de Motocross MX2 2012.

– Tem o lado bom. Eu gostei. Acho que assim vai puxar mais os pilotos da MX2. Nós vamos ter que nos esforçar muito mais. E vamos ter a oportunidade de andar com os melhores da 450. Sempre se aprende com isso. Um traçado diferente, um posicionamento, uma maneira de se fazer uma curva. Vai abrir mais nossa cabeça – enxerga, Amaral.

Para gestores como José Luiz Terwac, gerente de competições da equipe Honda, o trabalho será maior e mais complexo.

– Tecnicamente, o formato anterior, com as categorias separadas, é mais claro para pilotos, mecânicos e equipe de forma geral. Assim, misturado, não é impossível, mas é mais complicado. As 450 farão a pista ficar muito mais técnica rapidamente. Elas fazem trilhos diferentes do que fazem as 250. E nós vamos ter que trabalhar pensando que estamos lidando com uma pista de 450, mas nosso foco é na 250. A suspensão tem que ser diferente. Precisa de mais pessoas envolvidas, passando informações de como está o piloto da 450 e como está o da 250. São duas corridas em uma – pensa.

– Além disso, tem que trabalhar o psicológico deles. O piloto da 250 vai ver o cara de 450 fazendo um triplo que ele não faz, e talvez ele queira fazer. O da 250 vai cansar mais rápido porque ele está acostumado a pistas que se moldam a 250, e não a 450. Envolve uma série de questões – acrescenta.

Por fim, o chefe da equipe EMG Rinaldi Kawasaki Racing, Gui Lima, dá seu parecer:

– Acho que tira o brilho da MX2, dificultando para estes pilotos aparecerem. Se for desse jeito, eu nem levo a minha equipe para a corrida. Corro um risco muito alto. Fazer uma prova dessas tem um custo muito elevado, e eu posso chegar lá, e por um milhão de motivos, nem classificar. Tá certo, a medida evita que “amadores” se aventurem a correr o Mundial, mas complica muito pra nós também – analisa.

O GP Brasil de Motocross MX1/MX2 está marcado para o dia 19 de maio. As provas acontecerão no Parque Beto Carrero World, em Penha, Litoral Norte de Santa Catarina.

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