A realização de um Grande Prêmio em terras brasileiras, como vai acontecer no próximo fim de semana – 19 e 20 de maio – em Penha, Santa Catarina, ajuda a medir em que nível está o esporte nacional.
Vencer um GP do Mundial de Motocross ainda é um sonho distante para pilotos brasileiros. A realidade mostra que o Brasil precisa evoluir em diversos aspectos para que esse objetivo seja alcançado.
Em 2011, o melhor brasileiro no GP Brasil realizado em Indaiatuba, São Paulo, foi Hector Assunção, com um 15º e um 13º lugares nas baterias da MX2, enquanto que Antonio Jorge Balbi Junior e Leandro Silva tiveram os melhores desempenhos na MX1, mas acabaram lesionados no final do dia.
Este ano, todos esperam que os brasileiros tenham melhor sorte porque as pistas dos campeonatos nacionais também evoluíram, e a grande quantidade de gringos competindo no Brasil, como Carlos Campano e Adam Chatfield, elevou o nível técnico dos pilotos da casa.
O BRMX conversou nesta terça-feira, 15, com os principais atletas brasileiros da MX1, e perguntou pra eles quais são as expectativas para o fim de semana. Confira a seguir:
Jean Ramos lembra que as baterias do Mundial são cinco minutos mais longas – Foto: Keu Lerner / BRMX
Em geral, todos querem duas coisas: ganhar experiência competindo ao lado de pilotos consagrados mundialmente e ser o melhor brasileiro da etapa.
– Sempre vai ter a disputa pra ver quem é o melhor brasileiro, já que ganhar uma etapa de Mundial é muito difícil. Eu diria que hoje em dia é impossível. Pra isso acontecer, tem que estar lá fora, treinando lá fora – comenta o goiano Wellington Garcia, da equipe Honda Mobil.
Em 2011, Wellington participou da primeira etapa do Mundial, na Bulgária, quando sofreu o grave acidente que lhe tirou das pistas por toda temporada. Agora, 100% recuperado, o atleta fala da segurança de um GP.
– Quando a gente está correndo, dentro da pista, é sempre igual. Tem que ter cuidado, mas não importa se é Brasileiro ou Mundial, sempre tem que ter atenção. E o Mundial é uma prova bem segura, com bons médicos e pistas técnicas que trazem segurança também – opina.
Colega de equipe de Wellington, o paranaense Leandro Silva traz na memória o holeshot que conquistou no GP Brasil de 2011.
– Na primeira bateria fiquei sem freio dianteiro no início da prova por causa de um toque com outro piloto. E na segunda fiz o holeshot, que foi um sonho conquistado, mas acabei caindo. Lembro que fui para o gate pensando: vou largar em primeiro – recorda.
– Este ano o foco é ser o melhor brasileiro, mas venho me preparando nesta temporada sem pensar no Mundial, focando apenas nos nacionais. Vamos lá pegar experiência e fazer uma grande prova. Mundial é superimportante – considera, ele que também estreia na pista do Beto Carrero, já que ano passado estava machucado na época da quarta etapa da Superliga Brasil de MX, realizada naquele circuito.
– Estava lá no Beto Carrero, mas só olhei e comentei as provas. A pista é linda. Parece de videogame! – exclama.
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Jean Ramos, da Escuderia X Motos, em 2011 correu na MX2 – foi 18º e 16º nas baterias em Indaiatuba. Agora na MX1, ele alerta para o alto nível e para as baterias mais longas:
– A MX1 é mais disputada, tem mais pilotos de ponta, tem também o fato de as baterias serem mais longas (35 minutos mais duas voltas, enquanto no Brasileiro são 30 minutos mais duas voltas). Mas quero ver se consigo ser o melhor brasileiro – completa.
Marcello “Ratinho” Lima, da EMG Racing Kawasaki Rinaldi, chega ao GP Brasil em condições diferentes das que enfrentou em 2011.
– Ano passo eu iria competir na MX2 e o Dudu na MX1. Por causa da regra de idade da Youthstream, tivemos que inverter. Na hora, foi ruim porque eu estava mais habituado à MX2, mas depois foi bom porque isso fez nós tomarmos a decisão de focar nas categorias desta maneira, eu na MX1 e o Dudu na MX2. Acabamos indo pro Nações desta maneira, e evoluímos bastante – conta Ratinho Lima.
– A intenção é aproveitar o GP para competir em alto nível, ao lado de grandes pilotos. Vamos fazer o melhor – encerra.
Antonio Jorge Balbi Junior, da Pro Tork 2B Kawasaki Racing, é o único que se diz despreocupado com a disputa interna.
– Não é meu objetivo ser o melhor brasileiro, quero fazer parte do Mundial, brigar para estar entre os 10 ou entre os 15 melhores. Talvez por eu já ter sido o melhor em outras edições de Mundial no Brasil, não estou preocupado com isso. Quero construir um bom resultado e aprender com os caras que estão em um nível melhor. Com certeza esta é prova mais difícil e mais divertida do ano. Você anda sempre no limite, e eu gosto desse desafio, me sinto bem quando tenho que melhorar. Infelizmente não estou muito bem nos nacionais, apesar de ter evoluído bastante nas últimas provas. Quero aproveitar o Mundial para ganhar confiança e transferir isso pra Superliga e pro Brasileiro – diz Balbi.
Wellington Garcia volta a disputar uma prova de Mundial depois do acidente de 2011 – Foto: Keu Lerner / BRMX
* Matéria atualizada às 20h44 desta terça-feira, 15.