Victor Almeida: “a cabeça sabe fazer, mas o corpo não responde mais do mesmo jeito”

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Victor no hospital, ainda na época do acidente – Foto: arquivo pessoal

 

No dia 17 de julho de 2016 o paulista Victor Almeida, natural de Atibaia e na época com 20 anos de idade, sofria o mais grave acidente de sua carreira no motocross.

Victor estava disputando a terceira etapa do Brasileiro de Motocross em Extrema, Minas Gerais, na divisa com São Paulo.

Na primeira bateria da MX1 (categoria na qual competia) Victor sofreu uma queda e acabou sendo atropelado por outros pilotos, sofrendo graves ferimentos, o mais agravante um politraumatismo craniano, que o levou a ficar entre a vida e a morte.

Socorrido a um hospital local, ele aguardou por 13 horas a transferência para Bragança Paulista, fato que agravava ainda mais a situação.

Chegando a Bragança, Victor foi imediatamente operado e permaneceu na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), desacordado e entubado.

Passados 16 dias, ele foi gradativamente melhorando (relembre o caso aqui, aqui e aqui).

No final do ano passado, após um longo período de recuperação e, acreditem, com apenas uma sequela no braço esquerdo, ele surpreendentemente retomou os treinos com moto.

Em entrevista ao BRMX, Victor falou sobre a experiência traumática do terrível acidente, a recuperação, a retomada dos treinos de moto e os planos para o futuro.

 

Victor, você se lembra de alguma coisa relacionada ao acidente?

Lembro apenas de estar no parque fechado minutos antes da corrida.

Para mim eu saí do parque fechado e fui direto para o hospital, não lembro nem da largada daquele dia.

 

E como foram os primeiros dias após acordar do coma?

Foi estranho, não entendia porque estava ali e queria ir embora de qualquer jeito.

Na primeira vez que acordei estava com o tubo de oxigênio na boca.

Foi quando comecei a morder o tubo, me cortei e aí tive mais problemas.

Por causa da falta de oxigênio tive um infarto e um AVC, mas conseguiram trocar o tubo a tempo de não acontecer nada pior.

Hoje brinco comigo mesmo dizendo que me transportaram de Extrema para Bragança sem eu saber (risos).

 

E hoje você está 100% recuperado do acidente?

Sim, graças a Deus já me sinto muito bem, única sequela ficou no braço esquerdo, onde teve rompimento dos tendões e algumas fraturas.

Passei por cirurgia bem-sucedida, mas sinto dificuldade em alguns movimentos do braço.

Mesmo assim não tenho do que reclamar.

Os médicos disseram que se eu sobrevivesse iria vegetar, então graças a Deus pude até voltar a andar de moto.

 

Falando nisso, quando foi que você retomou os treinos com moto? Aliás, quanto tempo ficou parado desde a época do acidente?

Meu primeiro contato com a moto foi no dia 16 de dezembro do ano passado.

Desde então vinha treinando sozinho em uma pista (sem outras motos), tipo veloterra para não ter tanto perigo de se deparar logo com os saltos, e assim fiquei até pegar confiança novamente e foi no dia 1° de maio que voltei a andar na pista de motocross.

Fiquei longe da moto um ano e meio mais ou menos, até me recuperar e ser liberado por todos os médicos e fisioterapeutas.

E como está sua pilotagem agora em comparação com aquela época?

Nossa, está bem difícil!

A cabeça sabe fazer, mas o corpo não responde mais do mesmo jeito e acabo ficando um pouco lento em comparação com antes.

Pretende disputar o Brasileiro de Motocross outra vez?

Acredito que não tenho mais idade.

Tenho hoje 22 anos, para retornar ao ritmo de brasileiro acredito que levaria de seis meses a um ano de muito treino, onde teria que me dedicar 100% ao motocross, e agora em agosto pretendo retornar a faculdade, que foi trancada a matrícula devido ao acidente.

Então não teria tempo de estudar, trabalhar e treinar, acho que ficarei só treinando mesmo, sem compromisso.