Pubalgia crônica faz Gustavo Henn se afastar definitivamente do motocross

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Gustavo Henn na abertura do Brasileiro MX 2012, em Carlos Barbosa, Rio Grande do Sul – Foto: Elton Souza / BRMX

 

Foram seis anos de disputas e tentativas de se tornar um piloto profissional. Gustavo Henn, prestes a completar 21 anos, comunicou na noite de terça-feira, 3, sua despedida definitiva do motocross por causa de um problema de saúde. O catarinense sofre de pubalgia – doença que causa dor na região baixa do abdome e na virilha, muito comum em atletas por sobrecarga de exercícios – e faz tratamento desde 2012 com intenção de voltar às pistas.

Na última consulta médica, realizada nesta semana, o relatório do especialista dizia que Gustavo poderia até perder o movimento das pernas se continuasse insistindo em ser piloto de motocross. Com este alerta assustador, decidiu abandonar a carreira definitivamente.

“Escrevo isso chorando, com uma dor enorme” – Gustavo Henn

O atleta catarinense visitou 14 médicos. Percorreu diversos estados brasileiros atrás dos melhores especialistas neste tipo de lesão. Tentou voltar a treinar. Tentou voltar a competir, mas a dor o impediu de seguir em frente. Triste, o Gustavo Henn expressou no texto abaixo o seu agradecimento a todos que ajudaram ele na breve carreira de piloto de motocross, que teve seu auge com o título da categoria Júnior do Brasileiro de Motocross, em 2011.

 

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Gustavo Henn foi campeão brasileiro na categoria Júnior, em 2011 – Foto: Elton Souza / BRMX

 

Texto de Gustavo Henn, publicado dia 3 de março em seu perfil de Facebook

“É, nem sempre é como queremos, nem quando nos doamos por tudo na vida por aquilo que desejamos, mas não somos tão forte igual a quem realmente manda em nós. Sempre venho aqui sorrindo ou dando boas notícias e tudo mais. Dessa vez é um pouco diferente, pelo menos pra mim, escrevo isso chorando, com uma dor enorme, sentimento de perda por aquilo que amamos, algumas pessoas mais próximas já sabem, outras imaginam do que estou falando, venho me despedir do meio do Motocross, não por vontade minha, mas fui vencido pela dor.

Algumas pessoas já sabem que venho a tempo tentando curar da pubalgia e não tive sucesso, tentei voltar para as competições mas não tem jeito, fui em vários médicos, fiz cirurgia, e sem sucesso e a tendência é piorar, e apesar de tudo, saúde é essencial para vivermos bem, mas só tenho que agradecer primeiramente a minha família, meu pai Canísio, minha mãe Deny, meu irmão Matheus e Cunhada Dandara e as pessoas que viveram comigo esse tempo todo que nunca deixaram me faltar nada, sempre tiveram do meu lado pra tudo. O carinho de todas as pessoas que torcem e torceram na minha carreira, todas as amizades realizadas, experiências adquiridas e em especial a toda a alegria que passamos por isso.

Obrigado ao meu fiel treinador/mecânico Cristiano Griovanela (Arrame) que nunca me deixou na mão, tanto ele, como minha moto, não mediam esforços para trabalhar, para treinar, ao Milton Becker (Chumbinho) pela total atenção desde o início da minha carreira, agradecer também todas as equipes que passei por seis anos, patrocinadores que apostaram e confiaram sempre no meu trabalho. Obrigado Deus pela oportunidade de ter vivido essa experiência. Obrigado, obrigado e obrigado…”

 

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Piloto descobriu lesão na participação no GP Brasil do Mundial MX 2012, em Penha, SC – Foto: Elton Souza / BRMX

 

O que é pubalgia?
* Com informações do site pubalgia.com.br

A pubalgia se caracteriza pela presença de dor na região baixa do abdome e na virilha. Descrita pela primeira vez em um atleta de Esgrima, se popularizou em 1983, quando Willey descreveu o primeiro caso em atleta de futebol. Desde então vem ganhando muito apelo no mundo esportivo, e é cada vez mais frequente em atletas recreacionais e profissionais, sendo uma doença causada basicamente por sobrecarga de exercícios.

É considerada uma doença progressiva, crônica, causando inflamação óssea, cartilagem, ligamentos, tendões ao redor da Sínfise Púbica. De causa multifatorial, não é possível atribuir uma causa única. Geralmente está associado a sobrecarga de exercícios, desequilíbrios musculares, encurtamento muscular, redução de mobilidade das articulações coxo-femoral e sacro-ilíaca, micro-lesão no adutor, enfraquecimento da parede abdominal entre outros.

Muito comum em jogadores de futebol, o padrão e característica da dor também são informações importantes. Dor em queimação, irradiada para a região medial das coxas, que piora após a atividade e por vezes contínua. Além da dor, que geralmente tem caráter progressivo, a incapacidade para a prática esportiva é uma característica marcante da doença.