PERFIL DO PRIVADO: Bruno Schmitz

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Bruno Schmitz
Gaúcho Bruno Schmitz inaugura a série de entrevistas PERFIL DO PRIVADO aqui no BRMX – Foto: Mau Haas

 

Quem acompanha o Brasileiro de Motocross mais de perto nos últimos anos com certeza já ouviu falar no piloto gaúcho Bruno Schmitz.

Apesar da pouca idade (17 anos), Bruno já conquistou títulos importantes em sua carreira e desponta como uma das principais promessas do motocross brasileiro na atualidade.

E mesmo com todas as dificuldades de ser um piloto privado, sua obsessão pelas vitórias falam mais alto e o motivam a não desistir do seu sonho no motocross.

Bruno inaugura aqui no BRMX a sessão “Perfil do Privado”, série de entrevistas com pilotos que não contam com a estrutura das grandes equipes, competindo no motocross com seu próprio investimento e patrocinadores.

 

Bruno, comece se apresentando para os leitores do BRMX e faça um breve resumo da sua carreira. Como você descobriu a paixão pelo motocross e como foi o seu início no esporte?

Primeiramente obrigado ao BRMX por estar me cedendo este espaço, é uma honra escrever aqui! Bom, sou Bruno Schmitz, atual Campeão Brasileiro de Motocross na categoria Junior.

Tudo começou por diversão, meu pai era “meio” piloto (risos) e sempre que ia para a pista ele tinha que me levar junto. Adorava andar de bicicleta.

Meu pai terminava o treino e eu botava o capacete dele e entrava na pista de bicicleta. Era um sonho, eu me imaginava no meio de uma corrida. E por fim, eu me imaginava no pódio, vencendo!

Aos quatro anos veio a primeira motinho e a partir daí foi onde o sonho começou. Era tudo por diversão. Até meus 12 anos eu era apenas um menino, sonhador como tantos outros.

Eu era gordinho e ninguém imaginava que eu seria piloto profissional. Em 2013 tudo mudou. Fiz um curso com o Chumbinho e comecei a pensar diferente. Vi que eu podia vencer, afinal, se eles podem eu também posso!

Em 2014 comecei a trabalhar com o Prika (Becker). Meu pai não tinha tempo de me levar treinar e a partir daí tudo mudou, o sonho já estava se tornando realidade!

 

Quais foram os principais títulos que você conquistou até o momento?

Hoje, aos 17 anos sou:

Campeão Brasileiro de Motocross

Pentacampeão Gaúcho de Motocross

Campeão Sul-Brasileiro de Motocross

 

Como foi a temporada 2017? Os resultados atingiram suas expectativas?

Com toda certeza os resultados atingiram minhas expectativas em 2017. Nunca treinei tanto como no ano passado, eu literalmente tomava café, almoçava, e jantava moto.

O título do Brasileiro de Motocross não saía da minha cabeça. Foi um ano perfeito, entrei na pista 16 vezes e, em 16 corridas, venci 15. Perdi apenas em Morrinhos, Goiás, onde cai três vezes e terminei na 4ª colocação! Foi um baita ano!

 

Além do Brasileiro de Motocross, quais campeonatos você está disputando neste ano e quais são suas metas e expectativas para a atual temporada?

Além do brasileiro estou disputando o Gaúcho de Motocross. Quero tentar ir em alguma etapa do Mineiro, o problema é que não tem nem uma a menos de 1.800 km, então fica difícil!

A meta é uma só: VENCER! Toda vez que entro na pista, entro para dar o meu melhor. E faço tudo o que for possível para sair no lugar mais alto do pódio!

 

Ainda falando em Brasileiro de Motocross, este ano você está disputando a categoria MX2 Junior e no fim de semana teve a terceira etapa do campeonato na cidade de Fama, em Minas Gerais. Conte-nos como foi a prova para você.

Foi difícil. Não me acertei com a pista e, depois de ter largado mal, não fiquei muito feliz. Perdi a liderança do campeonato, mas bola para frente.

 

O que você faz além do motocross? Ainda está estudando? Caso sim, como você faz para conciliar o esporte com os estudos?

Sim, ainda estou no Ensino Médio, acredito que sou um dos únicos que ainda estuda em minha categoria, então acaba atrapalhando um pouco meu desempenho. Tem dias que as 5 da manhã já estou de pé.

No motocross você precisa dar 100% todo santo dia. Um dia ou dois, não resolve. Tem que ser todo dia!

 

Com qual moto você competiu em 2017 e quais foram os seus patrocinadores?

Em 2017 andei pela equipe Dunas, competi com minhas CRF 150R e meus patrocinadores foram Dunas Team, Dirt Action, Circuit, 5inco e Ethen.

 

E com qual moto você está competindo neste ano e quem são os seus patrocinadores?

Estou competindo pela primeira vez com uma 250cc. Comecei o ano andando de Honda e depois surgiu a oportunidade de andar de KTM, o que fez com que eu ficasse um pouco perdido.

Em menos de três meses, tive três grandes mudanças. Mas agora estou mais tranquilo e pronto para brigar de igual para igual com os “caras”.

Este ano conto com apoio da Circuit Equipament do Brasil, Serginho Suspensões (que deixa sempre minha suspensão pronta para enfrentar qualquer tipo de terreno), da Tebaldi Gráficos (que deixa minha moto muito bonita) e dos meu pais, que tem me apoiado em tudo que preciso para brigar com unhas e dentes com pilotos de fábrica!

 

Como piloto privado, quais são as principais dificuldades que você enfrenta?

Acredito que os custos, o que eles (pilotos de equipes) ganham, tudo tenho que comprar. E a moto, a minha, é toda original, a de corrida tem só o escape, o que acaba prejudicando um pouco meu desempenho.

Hoje, no Brasileiro de Motocross, é muito difícil encontrar algum piloto com moto toda original. Mas é o que temos e nada vai me afetar de brigar com eles!

 

Descreva sua rotina de treinos (físico e com moto).

Não tenho uma rotina específica. Ainda estudo, então tento treinar quando posso.

Tem ocasiões que treino cinco vezes na semana, mas tem semanas que não consigo nem subir em cima da moto. Acordo muitas vezes as 5 da manhã para botar minhas coisas em dia, vou para aula as 7h e volto ao meio dia.

As 13h30 vou para a pista e volto às 18h. E na parte da noite faço o físico: corro a pé, pedalo e faço academia.

Todo dia é um dia de trabalho. Nos finais de semana sem corrida, gosto muito de fazer trilha e me divertir em cima da moto. É difícil, sofrido é muito desgastante, mas literalmente eu amo isso.

Não me imagino sem moto na minha vida (risos).

 

Na sua opinião, o que está faltando para que o motocross brasileiro um dia esteja no mesmo nível que se encontra na Europa e nos Estados Unidos?

Acho que o nível do motocross brasileiro está muito bom, falta patrocinadores que invistam, como acontece lá fora.

Aqui, são poucos os pilotos que conseguem viver do motocross.

Outra coisa que acho, é que falta mídia, vivemos no país do futebol, qualquer jogo que acontece, está passando na TV.

O país não vê que existem outros esportes além do futebol. Um piloto de motocross está arriscando a vida, enquanto que um jogador, se quebra um dedo, está em tudo que é canal, chega a ser ridículo.

Mas no geral, acho que o esporte está melhorando, as pistas estão cada vez melhores, as motos melhoraram muito nos últimos anos.

E o nível do motocross brasileiro, com a chegada dos estrangeiros, está muito alto!

 

Bruno, muito obrigado pela entrevista e para finalizar, o espaço é seu.

Putz, eu que agradeço ao BRMX, é uma honra escrever um pouco sobre mim aqui.

Para finalizar, quero agradecer a todos que sempre torcem por mim e aos patrocinadores que acreditaram em mim, mesmo sendo o meu primeiro ano na categoria.

Vou dar meu sangue para trazer esse título e mostrar que mesmo privado temos muita força juntos!

Obrigado pessoal, juntos somos mais forte!!!

Um abraço a todos, nos encontramos nas pistas!!!

 

Volta rápida com Bruno Schmitz

Nome completo: Bruno Fensterseifer Schmitz

Data de nascimento: 10/02/2001

Cidade natal: Três Passos, Rio Grande do Sul

Cidade atual: Três Passos, Rio Grande do Sul

Ídolo nacional: Milton “Chumbinho” Becker

Ídolo internacional: Ken Roczen

Comida favorita: Pizza

Bebida favorita: Suco

Lazer favorito: Fazer trilha e me divertir em cima da moto nas horas vagas de treino

Filme favorito: Rush