Jeffrey Herlings, o fenômeno do Mundial de MX2, comenta a conquista e fala dos planos futuros

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Holandeses se deslocaram até a República Tcheca para torcer – Foto: Ray Archer / KTM images

Jeffrey Herlings é, sem dúvidas, um fenômeno. Acaba de faturar seu segundo título mundial na MX2 e ainda nem completou 19 anos de idade. Além disso, está a apenas três etapas de fazer algo inédito: ganhar todos os GPs em uma mesma temporada. Nem Stefan Everts ou Antonio Cairoli têm esta marca.

Depois da corrida em Loket, na República Tcheca, no último domingo, 4 de agosto, o holandês bateu um papo com Adam Wheeler, da revista OTOR Magazine, parceira do BRMX. O conteúdo da entrevista você confere abaixo, depois de ler algumas opiniões sobre o assunto que mais gerou discussões nos últimos meses pelo paddock do Mundial: \”deveria Herlings ir para a MX1 no próximo ano?\”.

Piloto e equipe já anunciaram que o #84 permanece na MX2 em 2014, mas a discussão é sadia. Confira!

Ir ou ficar?

Tommy
Searle, que disputou com Herlings o título da MX2 em 2012 e este ano está na MX1 –
“Neste ano e ano
que vem, todos brigarão pelo segundo lugar. Ele vai poder ganhar
uma boa grana, um bom bônus (por vitórias) e não terá que trabalhar
tanto assim.”

Jordi Tixier, colega de time e atual vice-líder da
MX2 –
“Ele é muito jovem, mais jovem que eu, e está ganhando todos os
finais de semana, e com isso ganhando um bom dinheiro por causa dos
bônus. Se ele continuar traçando metas individuais, não vejo problema em
ficar na MX2”.

Herlings, sobre o fato de ganhar mais dinheiro na
MX2 que na MX1 –
“Sinceramente, ficar na MX2 é melhor financeiramente para mim.
Mas, por outro lado, não sei se vou aprender e evoluir tanto quanto se
eu subisse. Devo ir para a MX1 em 2015, mas isso ainda não é certo. Fato é que se eu fosse para a MX1 agora já, teria muitos anos da minha carreira na mesma categoria, e isso também poderia se tornar um tanto chato”.

Stefan
Everts, decacampeão mundial e chefe de equipe de Herlings –
“Como fã do
esporte, eu gostaria de ver ele na MX1. Seria muito interessante ver
ele contra Tony (Cairoli) e os outros pilotos. Ele tem muita energia
sobre a moto, e isso traria um tempero extra para a categoria. Mas eu
entendo que ele é muito novo e se for para a MX1 agora terá muito tempo
naquela categoria, a não ser que pense em ir para os Estados Unidos por
um tempo. “

Giuseppe Luongo, diretor da Youthstream,
promotora do Mundial –
“Como promotor do campeonato, seria interessante
que ele fosse para a MX1, já que atualmente a briga na MX2 é pelo
segundo lugar. Se ele fosse para a MX1 haveria uma boa disputa, e a MX2
ficaria muito interessante.\”

Muitos outras pessoas, assim como Everts, pensam que Herlings devesse ir para os Estados Unidos fazer uma ou duas temporadas e então voltar para o Mundial de MX1. Mas o holandês parece decidido a empilhar vitórias em GPs e, quem sabe, chegar às 101 conquistas de Stefan Everts. E você, o que acha? Deixe seu comentário!

Ao lado de Everts, a maior lenda do Mundial de Motocross – Foto: Ray Archer / KTM Images

Entrevista com o bicampeão

Que fim de semana…
Parecia que eu estava na Holanda, com tantos amigos, familiares e imprensa presente. Havia muitos fãs holandeses e sem eles poderia ter sido meio solitário. Foi um fim de semana divertido.

Que comparação você faz com o primeiro título, em 2012?
É totalmente diferente. Ano passado tive que ralar muito para conquistar aquele campeonato. Tommy (Searle) estava muito bem e eu realmente tive que lutar. E tive muitos altos e baixos. Foi muito emocionante, e este ano foi mais fácil. Ganhar todos os GPs deixa claro que não foi muito difícil. Perdi somente duas baterias por causa de quedas nas largadas. Tem bons pilotos na MX2 também, mas trabalhei para estar melhor preparado. Este ano foi menos emocionante, mas eu dei meu melhor e estou muito feliz por ter ganhado novamente. Red Bull KTM tem me dado todo suporte e eu estou muito feliz.

Mesmo quando comparam você com Ken Roczen ou Pit Beirer, muitos dizem que você é ainda mais especial…
Ken Roczen… ele está em outro nível, mas acho que agora eu brigaria de igual para igual com ele. Dois anos atrás ele dominou o Mundial, mas não como eu fiz agora. Eu também ganhei cinco GPs naquele ano (2011). Agora estou no mesmo nível de qualquer um por aí. A competição na MX2 é dura, mas eu trabalhei muito nesse ano para ser o melhor.

E toda essa mídia da Holanda, como você encara?
É bom para o esporte, é  bom para mim e tudo mais. Vai ser muito legal chegar em casa amanhã com dois títulos mundiais. Mas antes vamos fazer uma boa festa hoje à noite e comemorar tudo aquilo que a gente conquistou.

O que ainda resta para 2013?
Quero ganhar os últimos três GPs de MX2. Isso nunca aconteceu na história do Mundial. Seria incrível. Ainda há um pouco de pressão. Ano passado quando ganhei o Mundial, eu fiquei duas semanas sem fazer quase nada. Fiquei só curtindo e comemorando. Agora ainda temos três etapas e eu quero continuar em boa forma e também pensar no Motocross das Nações. Teutschenthal é uma pista difícil para mim e ainda não decidimos que moto vou utilizar. Será legal competir contra os americanos e, claro, Tony (Cairoli).

E os planos para o futuro?
Ainda não penso muito longe no futuro. Tudo está acontecendo muito rápido. Há apenas quatro anos comecei a correr GPs ejá tenho 30 vitórias em GPs, tantos outros pódios e dois títulos mundiais. Talvez apenas quando eu for mais velho eu vou me dar conta de tudo que conquistei com essa idade.

Por que não subir?
Não foi uma decisão só minha, foi da KTM também. Eles agora tem o melhor na MX1 e o melhor na MX2, por que colocar um contra o outro? Acho que posso agregar mais experiência antes de ir para a MX1, mas admito que minha motivação pode ser menor na MX2 em 2014.

Bicampeão mundial aos 18 anos – Foto: Ray Archer / KTM Images