James “Bubba” Stewart, uma figura polêmica, controversa e sincera

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Bubba costuma ser o centro das atenções por onde passa – Foto: Js7.com

O BRMX inaugura nesta terça-feira, 9, uma parceria com a revista OTOR – On track Off Road. A partir desta data vocês poderão ler em português conteúdos exclusivos da publicação original, que é feita em inglês. A revista original está disponível na homepage do BRMX, perto do rodapé, ao lado do calendário e das notícias da indústria.

Para começar com o pé direito, segue uma entrevista com James “Bubba” Stewart, esta figura tão controversa, amada e odiada, e às vezes incompreendida (?) do motocross internacional.

O bate-papo franco apresenta Bubba falando de assuntos como a sua nova marca, o quase-abandono da carreira, Yamaha, Suzuki, a possibilidade de correr na Europa entre outras coisas.

Em sua terceira marca de moto e na 12ª temporada profissional, Bubba já foi acusado de perder o foco, de ter falhando demais e aproveitando a vida fora das pistas além da conta, mas continua rápido e competitivo, como mostrou no último fim de semana, em RedBud.

Confira!


Como estão as coisas? Suzuki, Seven…
Bubba:
Não é nenhum segredo que eu sofri muito com a Yamaha nos anos que deveriam ter sido os melhores da minha carreira. Quando mudei para a Suzuki estava em uma encruzilhada: ou parava de correr ou tentava algo novo, porque eu estava acabado. Escolhi a mudança de moto e recomecei. Comecei a pensar em coisas para fazer depois de encerrar a carreira e sobre o que eu ainda almejava nas corridas. E estou “de cabeça” na moda (Seven). E o retorno tem sido positivo.

Você deve ter contribuído para marcas como Fox e Answer no passado, mas agora deve dar muito mais opiniões na Seven…
Bubba:
Estou muito mais envolvido. Desde o nome até a direção que queremos tomar. Com Fox e Answer era mais palpites nas cores. Eles chegavam e diziam: “este é o desenho, quais cores você quer?”. Era legal. Ver o quanto a Answer cresceu desde que assinei com eles em 2009 foi bom. Agora, ao invés de fazer isso para alguém, quero fazer pra mim mesmo. E o lado financeiro disso também é bom, então foi uma decisão fácil de se tomar.  

É interessante, porque você não teve muita sorte dentro da pista nos últimos anos, mas manteve parceiros fortes como Red Bull e Nike…
Bubba:
Penso que enquanto você tem chances, deve lutar. Empresas como a Nike, Red Bull e GoPro enxergam além das pistas. Ganhar é excelente, mas eles sabem que estou tentando. Não estou “vadiando” o dia todo. Não sou esse tipo de pessoa. Você vê pilotos ganhando e as pessoas odiando e vê pilotos lutando e as pessoas o apoiando. Quando você está batalhando, tendo dificuldades, é aí que você precisa deste suporte. Acho que as empresas que estão comigo pensam assim, e eu aprecio muito isso. Tem algumas que se você não for a uma corrida, elas o mandam embora.

Como você acha que as pessoas o enxergam? Você parece polêmico. As pessoas o amam ou o odeiam. Você acha que vai passar pelo mesmo que Chad Reed, que foi do cara mau para uma figura popular?
Bubba:
É diferente. Brincava noite passada que agora as pessoas gostam do Chad Reed porque a gente não anda junto. As pessoas realmente não sabem quem eu sou. Esta é a parte mais difícil. Acho que vai além de pilotar uma moto numa corrida. Tem a ver como ajo, com o meu visual. E acho que sou um pouco diferente por causa da maneira como cresci, sem dinheiro e tendo que fazer as coisas acontecerem. Sempre fui uma criança que me desviava das pessoas. Se eu não confio em você, então eu não vou falar com você. Algumas pessoas então acham que eu estou ignorando. Acho que isso está mudando um pouco. As pessoas enxergam que eu estou aqui, e estou lutando.

Quão distante está aquele piloto da temporada perfeita de 2008? Você agora tem mais experiência. Está sentindo a idade?
Bubba:
Aquele cara ainda está lá. Eu só preciso acordar ele. Acho que a técnica está ainda melhor, até mesmo se comparada ao tempo que eu disputava com Ricky (Carmichael). Mas a diferença é que agora tenho que ganhar de seis ou sete, e não apenas de um. E aqueles anos de Yamaha definitivamente não me fizeram bem, me machucaram. Caí muito e tudo mais. Agora estou superando isso na Suzuki.

A “Seven” faz parte de uma nova etapa e há pouco tempo você falava em carros. Você ainda pensa nas quatro rodas?
Bubba:
Estou focado nas corridas. Deixei muita grana para trás para seguir competindo, então esta é a prioridade número um. A segunda é criar uma companhia, uma empresa (Seven), mas eu tenho boas pessoas trabalhando comigo, então não preciso me preocupar muito. Ainda recebo ligações para correr de carro. Acho que chegará a hora certa. E, mesmo que eu possa correr ou não, tem um mercado para mim. Tem muita gente mais experiente que eu e mesmo assim continuo recebendo convites. Sei que se trata de publicidade e sobre o que eu posso causar ao patrocinadores e fãs. As pessoas me amam ou me odeiam, mas seguem falando de mim.

Você costuma comentar no Twitter e no Facebook que você é um grande fã de esportes, F1, golf, MotoGP…
Bubba:
Sim! Acompanho tudo. Infelizmente, F1 é um pouco mais difícil porque não consigo acordar tão cedo. Sou fã de qualquer pessoa que consegue fazer algo bem feito. Gosto do Lorezo, Rossi, Stoner. Gosto deles porque eles me surpreendem. Alguns dizem que corridas de MX são mais difíceis que MotoGP, mas eu olho para aquilo e penso: “eu não consigo fazer isso!”.

Recentemente Villopoto e Dean Wilson disseram que gostariam de fazer algumas corridas de Mundial de Motocross. Das suas experiências com MXoN e seu contato com aqueles fãs, você tem curiosidade em saber como seria competir na Europa?
Bubba:
Se fosse só por causa dos fãs, iria com o coração batendo forte. Adoro a Europa e coisas do tipo Bercy Supercross. Para mim, porém, seria uma mudança enorme e muito difícil de superar. Não gostaria de dizer só por dizer: “é isso aí! Em dois anos eu gostaria de estar lá”. Pra ser honesto, gosto de ir pra lá e apreciar as paisagens. Nos Nações pude perceber que aquelas pistas não são o meu tipo. E eu não gosto de frio!

E o MXoN com o time norte-americano?
Bubba:
O Nações é diferente. A única coisa que não gosto são os “cabideiros”, que vão apenas por um ingresso. Correr com os melhores… eu adoro isso. Tive sorte e azar nos Nações. É que você sempre quer vencer o melhor. Eu adoro os fãs nestas corridas. (Pausa). Muitos pilotos que dizem “eu estarei lá em alguns anos (para correr GPs)” estão mentindo. Não tem jeito. Se tivessem a chance, iriam agora. Nós realmente achamos que os melhores pilotos do mundo estão aqui (EUA). Mas eu gostaria que alguns daqueles fãs da Europa estivessem aqui. Eles são fãs dos pilotos. Mesmo em dias ruins, eles aparecem e torcem muito. Eu adoro isso nas corridas de GP. Eles realmente estão lá.

* Entrevista publicada na edição #51, de março de 2013, da OTOR. Tradução: Mau Haas