Entrevista: Paulo Alegria, diretor da KTM Brasil

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paulo alegria
Paulo Alegria, diretor da KTM Brasil- Foto: arquivo pessoal

 

Paulo Alegria é diretor da KTM Brasil, que em parceria com a Dafra voltou a operar em solo tupiniquim em 2014. Alegria é sempre muito atencioso, e desta vez concedeu entrevista ao BRMX por e-mail, respondendo perguntas referentes ao mercado off-road.

Atuante forte no enduro nacional, a KTM ainda está um pouco distante do motocross brasileiro. A ação mais incisiva aconteceu em 2015, quando trouxe Antonio Cairoli para uma participação na etapa catarinense do Brasileiro de Motocross.

Em 2017, a marca completa três anos deste retorno ao mercado brasileiro. O que será que está nos planos? Confira abaixo!

 

BRMX: A KTM voltou a operar no Brasil em 2014. Como você avalia este retorno em termos de crescimento e desenvolvimento no mercado? Está dentro do que foi planejado?
Paulo Alegria: O retorno da KTM ao Brasil tem que ser avaliado como um caso de sucesso, veja que em dois anos lançamos 5 modelos de motos montadas em Manaus e as vendas têm crescido desde então, com especial foco nos modelos de Enduro, as EXC’s, já temos uma rede de concessionários muito motivados e comprometidos. No entanto estamos também, como todos, a sofrer com a atual situação econômica do Brasil, o que não é segredo para ninguém, portanto se me pergunta se está a decorrer como planejado em 2013, é claro que não, tivemos que fazer vários ajustes nas nossas expectativas e estratégias.

BRMX: Qual a intenção da KTM com o mercado brasileiro para os próximos 5 anos?
Paulo Alegria: Temos um grande foco em consolidar a nossa marca no mercado brasileiro, tanto no segmento Off-Road como no Street. Para isso temos um vasto plano que continuamos a implementar. Se a economia ajudar um pouco, estaremos em condições de aumentar substancialmente a nossa presença no mercado.

BRMX: Em termos de competições, quais são os investimentos da marca no Brasil?
Paulo Alegria: A KTM é uma marca com um fortíssimo envolvimento no Racing em termos globais, como sabe estamos envolvidos ao mais alto nível no Mundial de Motocross, Mundial de Enduro FIM, Mundial Extreme Enduro, Rally, Mundial de Moto 3, Mundial de Moto 2 e Mundial de Moto GP, estas duas últimas categorias pela primeira vez este ano, sendo a KTM a única montadora a estar presente em todas as categorias do Mundial de Motovelocidade, AMA SX, etc, colecionando já mais de 270 títulos mundiais nas várias disciplinas.

No Brasil temos três equipes de Enduro apoiadas, a Orange BH de Belo Horizonte, a Sacramento de Curitiba e Itupeva e a Adventure Motorsport de Vitória, esta última inicia este ano, que nos representam nos campeonatos nacionais de Enduro FIM e de Regularidade, além de outras provas de relevância nacional, e que têm feito um trabalho excelente, equipes e pilotos, tão bom que durante 2015 e 2016 ganhamos 16 títulos nacionais FIM e Regularidade, demonstrando uma hegemonia muito grande, e com um atrativo extra, todos os pilotos usam motos montadas no Brasil, portanto, nacionais.

BRMX: Por que a KTM ainda não tem uma equipe de motocross no Brasil?
Paulo Alegria: Para nós a opção não tem meio termo, quero dizer, ou estamos seriamente envolvidos e com ambição de ganhar, ou não estamos. Para estar presente ao nosso nível, os investimentos são altos, logo têm que fazer sentido com a estratégia comercial que temos atualmente definida. Como não montamos modelos MX/SX em Manaus, as unidades que chegam ao Brasil são reduzidas, logo não faz muito sentido estar presentes diretamente no MX/SX agora.

 

Cairoli correu no Brasil em 2015 – Fotógrafo: Renato Durães

 

BRMX: Em 2015, você trouxe Tony Cairoli para correr aqui. O quão válida foi esta experiência para a marca? Pode acontecer algo parecido novamente?
Paulo Alegria: Essa foi uma experiência muito interessante para nós, mas não só, recebemos agradecimentos generalizados de quase toda a indústria de motocicletas brasileira, pois foi reconhecida a importância de contar com a presença destes pilotos de renome mundial, que com certeza trazem para o nosso desporto a atenção de eventuais patrocinadores, que hoje não estão sensibilizados para importância de divulgar as suas marcas e produtos através do motociclismo, mas também dos jovens praticantes e não praticantes que se podem entusiasmar e ganhar vontade de participar nas competições, o que no longo prazo ajudará a desenvolver o motociclismo desportivo brasileiro, no caso o Motocross. Quero aqui lembrar que estamos também envolvidos, somos patrocinadores, no Red Bull Minas Riders onde com certeza irão estar presentes alguns dos nossos pilotos de fábrica, como aconteceu o ano passado. Portanto se me pergunta se pode vir a acontecer algo semelhante, sim, sem dúvida pode.

BRMX: Como você vê o campeonato brasileiro de motocross? Comercialmente, a KTM tem interesse em participar?
Paulo Alegria: Como disse anteriormente, no momento é cedo para nós nos envolvermos diretamente. E digo isto até com uma pequena mágoa, pois tenho um especial carinho pelo Motocross. Comercialmente é muito interessante, tem transmissão em direto na TV e é um local de promoção da marca, pois as provas que presenciei aqui no Brasil contam com um número de espectadores muito relevante e muito entusiastas.

BRMX: Já ouvimos comentários sobre dificuldades para se comprar motos de 50cc e 65cc. Isso procede? Por que seria difícil encontrá-las por aqui?
Paulo Alegria: É verdade e lamento, mas na modalidade que utilizamos para trazer essas motos, CBU = Importadas, temos limitações de quantidades.

BRMX: Espaço livre para você inserir qualquer comentário que considere pertinente.
Paulo Alegria: Aproveito a oportunidade para desejar a todos os pilotos de todas modalidades, que a época desportiva que está prestes a começar lhes corra da melhor forma possível, sem lesões e que se divirtam bastante competindo, com determinação e lealdade.