Dedo em recuperação, elogio, crítica e AMA MX

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Falaí, galera do BRMX!

Já faz um tempo que eu não passo por aqui, não é mesmo? Sabe como é vida de piloto: corre-corre daqui e dali, cabeça tá ora no treino, ora no treino físico, ora na corrida. E sentar para escrever às vezes fica difícil.

Mas como vocês sabem, estou de molho há alguns dias. Meu dedo vai melhorando bem e acho que no próximo fim de semana, lá pelo dia 15, vou poder voltar aos treinos com moto.

Estou fazendo um tratamento especial para acelerar a cicatrização. Apesar de não subir na moto tenho ficado por média de três horas dentro de uma câmara Hiperbárica. Meu médico chegou a pensar em fazer um enxerto, mas graças a Deus não foi necessário. Esse tratamento de medicina hiperbárica tem um custo alto, mas está ajudando. Isso é o que conta! Quero brigar por esse Brasileiro! E acho que a briga só tende a esquentar daqui pra frente.

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Isso doeu!

Olhando pelo lado positivo, essa pausa me deu o descanso que eu precisava. Lógico que eu não parei completamente. Continuo mantendo meu preparo físico, mas estava precisando dar uma respeitada no corpo. Tinha uma lesão no quadril, uma na panturrilha e uma costela machucada do tombo na largada do GP Brasil. O corpo, em geral, agradeceu o “pit-stop”.

 

Briga pelo título

Temos seis etapas, ou seja, 12 baterias pela frente. E se você fizer um exercício de memória, vai ver que depois da primeira bateria do campeonato, Campano era líder, e depois da segunda, Wellington Garcia era líder, e depois da terceira lá em Três Lagoas, eu era líder, e agora o Adam é o líder. Com certeza tá muito disputado.

Lamentei a queda em Três Lagoas. No intervalo entre uma bateria e outra cheguei a ser líder, e acredito ter feito o melhor que podia diante da situação.

Só me lembro que alguma coisa me arrancou de cima da moto. No alto do triplo a gente já se bateu (eu e o Pipo) e quando caiu foi um tombo só. A mão doeu na hora. Vi um monte de sangue e voltei pra corrida me concentrando pra não olhar pra mão. Me arrastei como pude, com a luva toda molhada de sangue. Sabia que se olhasse pra mão e visse o tamanho do estrago não conseguiria terminar a prova. Agradeço muito a Deus, pois foi um tombo muito feio e, apesar disso, eu e o Pipo tivemos lesões leves. Espero de coração ver o Pipo no gate na próxima corrida!

 

Um pequeno desabafo

Gostaria de deixar registrada uma crítica que espero poder evitar problemas e ajudar a construir um MX melhor no futuro.

Antes, vale registrar o elogio também. Tenho muito a elogiar a CBM, principalmente em se tratando da transmissão ao vivo pela ESPN! É disso que nosso esporte precisa. Sei que ainda é um canal por assinatura, porém foi dado um grande passo. Ao assistir os programas em casa fiquei surpreso com a qualidade das imagens e pela bela plástica do evento, em especial Carlos Barbosa. Parabéns também pela equipe técnica da quem tem melhorado a cada prova, seguindo os horários e nos passando confiança.
Agora, na minha opinião, a pista de Três Lagoas (vi que gerou uma certa discussão aqui no BRMX após uma análise e vários comentários) teve “pecados” em certos pontos que são inadmissíveis, apesar do tratamento de solo excelente, um dos melhores até aqui.

O triplo e mesa de chegada tinham uma entrada que jogava 30 metros pra cima e não foi feita manutenção na entrada desses saltos entre as baterias. Sou a favor de deixar a pista destruída, natural, mas entrada de salto de supercross deste tamanho PRECISA ser mexida, arrumada, se não acaba colocando em risco os pilotos. Toda bateria teve queda naquelas saltos. Nos AMA ou qualquer lugar que já corri, seja no SX ou no MX, salto grande assim tem manutenção a cada bateria.

Acredito que é preciso construir pistas que permitam ultrapassagens. E a curva de largada? Sempre caía alguém porque gradeavam só a parte de fora. Chegavam dez pilotos para entrar em uma canaleta. Curva de largada tem que ser um tapete.

Isso tudo acontece porque não se repete cidade-sede, cada ano é em um lugar diferente. Temos pistas muito boas no Brasil, por que não utilizar? E por que mudar o construtor das pistas em cada cidade. Em Carlos Barbosa era um, em Três Lagoas era outro. Em Sorriso será outro? Ainda falta conversa com os pilotos neste caso.

 

AMA MX

Como vocês sabem, eu também sou um fã do AMA Motocross. E neste fim de semana a prova será em um dos locais mais legais do campeonato. Já corri em High Point e é uma das pistas mais bacanas, mais naturais, com sobe e desce, um público maravilhoso que já chega na quinta-feira, acampa com seu motorhome (são de 5 a 10 mil motorhomes no fim de semana) e faz a maior festa.

E o campeonato está muito legal, as corridas estão muito bacanas. Não imaginava que Ryan Villopoto seria tão superior. Tenho tentado ver todos os vídeos dele para pegar detalhes. O conjunto moto-piloto está de assustar de tão perfeito. Ele tem domínio total da situação.

Estou querendo saber o que aconteceu com Bubba. Não é o mesmo que a gente conhece. Nem cair ele está caindo! (risos). Acho que joelho dele não está 100% (isso é uma ideia, não uma informação de bastidores), mas ele está com menos velocidade nas curvas, não entra do mesmo jeito que entrava antes, atacando.

Acredito que o Barcia – deve demorar mais uma ou duas etapas – vai superar o Dungey. Acho que se tem alguém que vai brigar com Villopoto pelas baterias, esse cara é o Barcia. Dungey é muito bom, mas anda na margem de segurança.

E na 250 me surpreendeu o Cooper Webb. Nunca tinha visto ele andar e acho que ainda vamos ouvir muito sobre esse garoto. Mas o título ficará entre Roczen e Tomac, com certeza. A não ser que aconteça algo muito imprevisto.

Talvez, e isso vai depender muito de como estarei no Brasileiro de MX, eu participe da etapa final do AMA MX, em Lake Elsinore, que é pertinho da minha casa na Califórnia. Ainda existe essa possibilidade.

Certo mesmo é que eu vou correr o GP Brasil de MX3, no Rio de Janeiro. Acho que lá os pilotos que correm no Brasil terão chances de brigar pela ponta com os europeus. O Walkner, que está liderando, é um piloto com quem já andei em outras oportunidades. Acho que vai ser uma corrida bem interessante.
Bom, é isso aí. Dedo machucado porém melhor a cada dia! Saudade da minha 450.

Até Sorriso!