Curiosidades dos contratos entre pilotos e equipes de fábrica nos Estados Unidos

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O que terá nas entrelinhas do contrato de Ken Roczen? – Crédito: HRC

 

Como será um contrato entre Roczen e Honda? Ou entre Villopoto e Kawasaki? Dungey e KTM? Se você acha que um piloto de fábrica nos Estados Unidos vai para o gate de largada com um simples aperto de mão entre ele e os patrocinadores, está enganado. A contratação moderna está cheia de cláusulas e determinações a serem cumpridas.

Confira abaixo os 10 principais itens de um contrato que nem todo mundo divulga.

 

1) Quando o piloto assina um contrato, ele concorda e permite que a equipe pode usar seu nome e sua imagem para qualquer fim: venda, distribuição, exibição ou licença para qualquer produto da equipe. Por outro lado, o piloto não deve assinar qualquer acordo sem a aprovação da equipe. Por exemplo, em hipótese alguma o piloto poderia assinar contrato com a Red Bull, se ele corre para uma equipe patrocinada pela Monster Energy ou Rockstar Energy.

2) Um piloto de fábrica não pode divulgar conteúdo ou informações de seu contrato para qualquer pessoa fora da equipe. Além disso, ele não pode revelar qualquer invenção milagrosa ou desenvolvimento/ajustes da moto – o que acontece geralmente quando o piloto troca de equipe.

3) De acordo com os termos, um piloto de fábrica deve correr para vencer, mas, se ele não está próximo de levar o campeonato, ele deve correr para beneficiar o outro membro da equipe que está mais próximo do objetivo. O que isso significa? Significa que o piloto deve dar o passe livre para seu companheiro, o que é ilegal nas regras da AMA, mas acontece o tempo todo. Em 1990, quando Jean-Michel Bayle se recusou a ajudar seu companheiro de equipe Mike Kiedrowski a ganhar o campeonato, a Honda colocou sua moto imediatamente na carreta e não deixou ele correr.

4) Um piloto de fábrica não responsabiliza sua equipe por qualquer dano, seja material, pessoal ou até em caso de morte que pode vir a ocorrer. Além disso, a equipe não oferece seguro médico e cuidados especiais na sala de emergência. Como pode uma fábrica não oferecer isso aos pilotos? Simples. Os pilotos não são considerados funcionários da equipe. São apenas um contrato externo.

5) O contrato pode ser interrompido com cinco dias de antecedência por algum tipo de violação – sem justa causa – ou por qualquer ato que tenha refletido algo negativo à equipe. Apenas Davi Millsaps teve o contrato interrompido, e até hoje ninguém sabe o motivo.


6) Em caso do piloto violar os termos do contrato, ele está sujeito a multas de até 25 mil dólares – quase 100 mil reais. Há rumores que Ron Lechien, piloto de fábrica da Kawasaki, foi multado mais do que qualquer outro piloto na história do motocross por não comparecer nos testes da equipe.

7) Um piloto de fábrica não possui a moto que corre e nunca deve emprestá-la para outro piloto. A equipe fornece a moto apenas para as corridas e, raramente e com autorização por escrito, para algum evento extra. No entanto, o piloto fica com a moto de treino.

8) Um piloto contratado deve estar à disposição da equipe para eventos promocionais até 35 dias por ano. Isso inclui sessões de autógrafos, shows e divulgação de novos produtos. Se um piloto perde muitas sessões de autógrafos, ele pode ser multado.

9) Um piloto de fábrica não pode divulgar direta ou indiretamente qualquer produto da concorrência. Isso inclui acessórios, motos, peças ou qualquer coisa que mostre outra marca. Em 1995, a Honda repreendeu Jeremy McGrath por andar com uma Yamaha.

10) O piloto pode ser notificado a fazer testes antidoping com apenas 48 horas de antecedência. O teste pode incluir amostras de sangue e urina, mas não se limita a isso. A AMA (Associação Americana de Motociclistas) costuma fazer testes, mas o número é limitado a duas vezes por campeonato – AMA Motocross e AMA Supercross.