Brasileiro MX em Tão, Tão Distante

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Alguns o chamam de Maxi, outros de Gonzo. Eu chamo de Gonzo, que acho mais divertido e combina mais com seu bom humor. O nome completo é Maximiliano Gonzalo Silva, a criatura que me acompanha na longa e interminável viagem até Sorriso, no Mato Grosso, onde acontece a terceira etapa do Brasileiro de Motocross 2013.

Gonzo é um cara pra cima, alegre, que pensa positivo. Gosta de motocross, mas gosta ainda mais de viajar. Talvez por isso ele seja o único cidadão de fora de Sorriso a curtir a ideia de ter uma cidade de tão difícil acesso como esta no calendário nacional.

“Assim conhecemos o Brasil, o Brasil mesmo. O Brasil que está sendo protestado nas ruas”, ele argumenta.

De fato. Até chegar em Sorriso, independente da região que você sai do Brasil, vocâ atravessa boa parte do país. Não é apenas longe. É difícil.

Veja o nosso caso (que em muito se parece com o caso de todas as equipes).

Saímos de casa às 7h45 para pegar um voo às 10h em Florianópolis, capital de Santa Catarina. Para entrar na CAPITAL DE SANTA CATARINA, enfrentamos um trânsito lento e sonolento. Engarrafamento. Mais de 30 minutos para fazer 7 ou 8 quilômetros. Pífio.

Pelo menos o voo saiu no horário programado e às 11h15 pousávamos em São Paulo. Após três horas esperando, pegamos o segundo voo do dia, este com destino a capital do Mato Grosso, Cuiabá.

Pousamos às 17h25, pegamos um carro emprestado e iniciamos a jornada final. Cerca de 400 quilômetros ainda nos separavam de Sorriso.

“Veja esse pôr do sol”, falava Gonzo empolgado com a bela paisagem do horizonte. “Isso é Brasil. Saímos com chuva, vestindo casacos e agora esse calor. Quase 30 graus!”, exclamava.

Eu eu ali, prestando atenção no trânsito. Cuiabá vai ser uma das 12 sedes da Copa do Mundo de Futebol que acontece ano que vem no Brasil. Com esta prerrogativa, está se construindo um trem de passageiros que vai ligar o centro de Cuiabá a Várzea Grande, cidade vizinha onde está localizado o pequeno aeroporto da capital.

“Essa sim é uma obra para a população, um legado verdadeiro (e raro, quase único) da Copa”, lembra Gonzo.

Achamos a saída da cidade pegando a Rodovia dos Imigrantes. Calculamos: 400km = cinco horas de viagem. Eram 18h30. Chegaríamos pelas 23h30. Tranquilo #sóquenão.

A estrada entre Cuiabá e Sorriso é horrível. Buracos que cabem o carro dentro e um trânsito de caminhões carregados de grãos que chega a assustar. Não há sinalização no asfalto, e as placas que existem, geralmente para indicar uma obra, estão cobertas de pó e são impossíveis de se enxergar à noite.

“É o Brasil”, me diz Gonzo, já desanimando. “Como pode ainda existir estradas deste jeito?”, pergunta, incrédulo no que vê.

A estrada foi acabando com nosso humor e com nossas forças. Ninguém mais cantava dentro do carro. Até que vimos uma daquelas carretas cheias de grãos tombadas à beira da estrada e chegamos a conclusão que era perigoso demais para seguir. Qualquer hotel seria mais seguro.

Neste sábado pela manhã retomamos o trajeto. Restam 160 quilômetros para chegar a terceira etapa do Brasileiro MX.

Neste fim de semana, fique de olho no BRMX, que trará todas as informações sobre a etapa mais distante e de difícil acesso do campeonato.

“Esta viagem NÃO será em vão”, destaca Gonzo.